A Defesa Civil do Rio Grande do Sul afirmou na manhã deste domingo (12) que municípios do estado voltaram a registrar volumes significativos de chuva. Segundo o órgão, o quadro foi verificado no centro gaúcho, na região metropolitana de Porto Alegre e na Serra.
Com a situação, o governo estadual e prefeituras alertam para a possibilidade de novas cheias e orientam a população a buscar ou permanecer em locais seguros.
O estado convive com os impactos das enxurradas que deixaram um rastro de mortes e destruição nas últimas semanas. O cenário ganha contornos ainda mais dramáticos com a queda das temperaturas, que aumenta os desafios da população em abrigos.
A Defesa Civil alertou neste domingo que o nível do lago Guaíba, que inundou Porto Alegre, pode voltar a ultrapassar os cinco metros. As fortes chuvas e a vazão de rios de outras regiões podem levar a um novo repique no lago.
O nível de água no Guaíba seguia em queda desde quinta-feira (9), mas voltou a subir neste sábado (11). Segundo monitoramento divulgado pelo governo gaúcho, o patamar estava em 4,65 metros às 13h deste domingo.
O número é considerado alto. Quando o lago atinge 2,5 metros, é emitido um alerta. Quando chega a três metros, é registrada inundação.
Porto Alegre vive a pior enchente de sua história. Ruas e avenidas ficaram alagadas, e o aeroporto Salgado Filho está fechado devido ao acúmulo de água na pista e em áreas internas. O Guaíba chegou a 5,33 metros neste início de mês.
"O Guaíba voltou a apresentar elevação dos níveis, com expectativa de se elevar para valores acima dos 5 metros, conforme a chegada da vazão pelos rios contribuintes e a atuação dos ventos", afirmou a Defesa Civil neste domingo.
"Em função dessa chuva volumosa, praticamente todos os grandes rios do estado apresentam tendência de elevação, com elevações rápidas em cotas de inundação nas bacias dos rios Caí e Taquari, e posteriormente no Jacuí, sendo que as cidades no delta das respectivas bacias ainda estão em cotas de alerta ou inundação", acrescentou o órgão.
Em Lajeado (a cerca de 120 km de Porto Alegre), no Vale do Taquari, o prefeito Marcelo Caumo disse nesta manhã que o domingo de Dia das Mães será de "muito trabalho". Ele indicou que a projeção é de uma nova cheia na cidade.
Lajeado é o município onde uma loja da rede Havan ficou tomada pela água. A imagem da cena ganhou ampla repercussão nos últimos dias.
"O rio já ultrapassou a cota de 22 metros. Vamos ter mais uma grande cheia. A chuva se avolumou nas cabeceiras durante a noite e deve superar a cota de 28 metros", afirmou Caumo.
Conforme a Prefeitura de Lajeado, as primeiras residências são atingidas quando o Taquari alcança o patamar de 19,8 metros. A orientação é para que a população fique em locais seguros.
Também há alerta em outros municípios do Vale do Taquari. Em Muçum (a cerca de 150 km de Porto Alegre), o prefeito Mateus Trojan pediu nesta manhã que as pessoas em áreas de inundação se retirem de casa.
"Já estamos nos aproximando da cota de inundação. Vamos chegar, certamente, a pelo menos 20 metros. A tendência é de que tenhamos elevação maior", disse.
"Ainda não parou de chover em algumas regiões mais altas. Tem muita água para vir das nossas cabeceiras. As vazões das barragens apresentam elevação muito significativa."
A região do Vale do Caí é outra em alerta. A Prefeitura de São Sebastião do Caí (a cerca de 60 km da capital) afirmou que o rio continua em elevação no município vizinho de Feliz e disse que o nível vai ultrapassar os 16 metros.
A orientação local também é para que pessoas deixem suas casas. Segundo a prefeitura, o entulho levado pelas inundações para as ruas dificulta o acesso de barcos que realizam salvamentos.
O governador Eduardo Leite (PSDB) fez um alerta nas redes sociais para o risco de novas inundações no estado com a elevação dos rios. Leite ressaltou que a situação ainda é de emergência.
"Nos rios Gravataí e Sinos, continua o represamento das águas na confluência dos rios no delta do Jacuí com o Guaíba, com a manutenção dos níveis ainda elevados e retorno da elevação. No baixo rio Uruguai, já se observa uma estabilidade e declínio a partir de São Borja", afirmou a Defesa Civil.
As novas chuvas deste fim de semana causaram temores de novos desastres. "Muita gente vê a chuva e está traumatizada. A gente nota o susto das pessoas. A gente sabe que quando chove acaba aumentando mais a água", disse à agência AFP Enio Posti, bombeiro de Porto Alegre.
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