Os senadores aprovaram nesta segunda-feira (25) a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para prestar explicações a respeito das declarações feitas por ele durante reunião ministerial do dia 22 de abril. Por ser convocação, o ministro não poderá faltar.
Na reunião, que foi tornada pública, o ministro afirmou que, se dependesse dele, colocaria "esses vagabundos todos na cadeia", começando no STF (Supremo Tribunal Federal).
O vídeo do encontro foi divulgado na sexta-feira (22), por determinação do ministro Celso de Mello, do STF.
O requerimento de convocação, de autoria da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), foi aprovado em votação simbólica.
Weintraub irá participar da sessão virtual do Senado, em data a ser definida pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou requerimento de convocação de Weintraub , mas pelo de Freitas ter sido protocolado antes, recebeu prioridade na votação.
"Quero perguntar [ao ministro] quem são os vagabundos que deveriam ser presos", disse a autora do requerimento.
"Palavras não podem ser em vão. Hoje é isso e amanhã será outra coisa. Agora não é hora de sangrar, é hora de cobrar posturas. Pelo menos nesta Casa ele [ministro] terá de sentar, diante de todos nós, e explicar o que ele quis dizer neste dia", afirmou Rose.
Ainda não foi marcada a data para a audiência.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), pediu que os líderes votassem em conjunto pela convocação.
"Nós, sabendo nos portar como sabemos, vamos dar um gesto de unidade em favor da educação do Brasil."
Diante da iminente convocação, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), pediu que os colegas senadores votassem sem paixões.
No último (24), em entrevista à Globonews, Bezerra defendeu a demissão do ministro. Questionado sobre se demitiria Weintraub, ele respondeu que sim.
"Com certeza. Acho que a fala foi excessiva. A fala representou uma agressão gratuita, desnecessária, a uma das instituições da República, que é o Supremo Tribunal Federal."
Aos colegas senadores, Bezerra Coelho disse que a fala do ministro é resultado do que o Brasil está passando.
"É preciso que possamos deliberar com responsabilidade, e sem paixões políticas. É muito importante destacar que era uma reunião fechada. Tudo que ouvimos na reunião traz uma preocupação com o que o Brasil está passando."
Bezerra Coelho ainda afirmou que conversou com o presidente Jair Bolsonaro e avisou que dificilmente conseguiria evitar uma convocação no Senado.
Durante a votação, o líder do governo leu uma nota do presidente da República, divulgada nesta segunda, em que Bolsonaro afirma que nunca interferiu nos trabalhos da Polícia Federal.
Segundo o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o presidente fez pressões por mudanças na corporação.
"Mesmo numa reunião privada, não se pode cruzar esses limites. Eu falei ao presidente [Bolsonaro] que haveria uma manifestação forte sobre isso."
O líder do MDB, Eduardo Braga (AM), defendeu que o posicionamento do Senado precisa ir além da convocação do ministro, mas ser um recado ao governo.
"Precisamos colocar um freio. Não é cabível continuarmos nesta posição galopante de ataques à democracia. É hora de o Senado convocar esses ministros e dar um recado claro ao Executivo de que é preciso haver limites."
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