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A lenda da serpente que assombra cemitério de Águia Branca, no ES

A lenda da serpente que assombra cemitério de Águia Branca, no ES

Segundo mito, jovem que batia na mãe se transformou em serpente depois de morta. Barulho das correntes, gritos e movimentos estranhos cercam o túmulo de mistério no cemitério de imigrantes poloneses

Publicado em 27 de outubro de 2020 às 19:23- Atualizado há um ano

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Reza a lenda que o município de Águia Branca, localizado na região Noroeste do Espírito Santo, abriga uma serpente que circula pelo cemitério dos imigrantes poloneses, emitindo sons arrepiantes e movimentos inexplicáveis pela noite, assombrando crianças e adultos menos corajosos. De acordo com moradores da cidade, a serpente teria se formado no túmulo que guardava os restos mortais de uma jovem que batia na mãe.

De acordo com o descendente de poloneses e professor de Filosofia aposentado Luiz Carlos Cuerci Fedeszen, há no cemitério um monumento com uma cruz, que é cercado por correntes. "Desde que nasci escuto a história. A lenda conta que uma filha batia muito na mãe e, quando ela morreu, teria então virado uma serpente. Isso pôs medo na criançada e nos adultos. Por um tempo, ninguém passava lá perto, hoje existe um bairro residencial. Há quem diga que ouve uivos à noite. Tem também gente que atribui as rachaduras no piso e nas correntes que envolvem o monumento à serpente", disse.

Para a professora de ensino fundamental Ludmilla Massucatti Souza Oliveira, a duração da lenda até os tempos atuais fortalece a cultura regional. "Todo ano trabalhamos com as crianças o folclore do município, inclusive temos o dia do folclore polonês. A história conta que foi feito um monumento com uma grande cruz e que a serpente circulava em algumas correntes. A lenda dizia que havia uma mulher com uma única filha, que batia muito nela. A senhora então lhe dizia: 'No dia que você morrer, vai virar uma serpente'. A jovem então morreu, foi sepultada e, com o passar dos anos, os moradores falavam que ouviam gemidos no cemitério", afirmou.

Cemitério dos poloneses de Águia Branca guarda a lenda de uma serpente
De acordo com moradores da cidade, a serpente teria se formado no túmulo que guardava os restos mortais de uma jovem que batia na mãe. (Luiz Carlos Cuerci Fedeszen)

Segundo Oliveira, as pessoas tomavam as rachaduras no túmulo, além de barulhos nas correntes e sons de choro como evidências. "As pessoas na época falavam que consertaram as rachaduras, mas o túmulo rachava de novo. Ouviam uivos, sentiam medo. Com o tempo, fizeram a cruz no local do túmulo da menina, além das correntes. As pessoas falavam que as correntes à noite viravam a serpente. O pessoal tinha medo dela, dizendo que ela assombrava e iria matar as pessoas", narrou.

Para Elizabeth Kordas, filha de poloneses e moradora da região, também professora de ensino fundamental, uma das razões para a manutenção da lenda era fazer medo nas crianças para que não desobedecessem os pais. "Por volta de 1932, meus pais chegaram da Polônia e aqui era pura mata, eles então colonizaram o local. Desde criança escuto a história da serpente, meus pais contavam até que o túmulo começava a se mexer e por isso foi acorrentado, não queriam que a cobra saísse de lá", concluiu.

Na versão oficial, pesquisada pelo professor aposentado Luiz Carlos Cuerci Fedeszen, a lenda surgiu da falta de muro e cerca no cemitério. "Um polonês antigo, aproveitando a rachadura, criou a lenda para afugentar os vândalos e isso se tornou uma verdade em Águia Branca. A imigração na cidade começou em 1929, então foi nessa época. Eu sempre senti vontade de me aprofundar, mas tinha gente que não gostava de falar sobre o assunto. Hoje é tema de pesquisas entre os alunos, para manter viva a nossa cultura", contou.

(Reportagem originalmente publicada em 2020, pela jornalista Isabella Arruda)

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