Quem passa pela Rua Porto Belo, nas imediações do acesso ao Museu da Vale, em Vila Velha, já deve ter notado a presença de uma torre em forma de espiral, de cor amarela e já integrada à paisagem local. Atualmente em desuso, a estrutura outrora teve papel importante para a mineração capixaba e já recebeu até mesmo a visita de um presidente do Brasil.
O ano era 1957 e a Companhia Vale do Rio Doce, a atual Vale, construiu uma base, a Torre de Porto Velho, com o objetivo de dinamizar a comunicação com o pátio de manobras, por meio da utilização de rádios nas locomotivas e composições. Do alto da torre, onde se tem uma visão ampla e em 360 graus, os operadores utilizavam binóculos para monitorar o vai e vem dos trens nas linhas férreas.
Quatro anos mais tarde, em 1961, o então presidente do Brasil, Jânio Quadros, antes de renunciar à presidência da República no dia 25 agosto, também teve a oportunidade de observar o ir e vir das máquinas sobre os trilhos do alto da Torre de Porto Velho. Acompanhado do presidente da corporação na época, o executivo Eliezer Batista, e também por políticos capixabas, a comitiva presidencial esteve no Estado para conhecer o trabalho desenvolvido no complexo pertencente à mineradora.
Mais de meio século depois da visita presidencial, talvez o momento mais marcante desde que foi inaugurada, a Torre de Porto Velho há anos não lembra em nada o período em que a logística do transporte de minério de ferro também dependia dela. Este continua sendo realizado diariamente no complexo de São Torquato, mas já sem a necessidade da observação humana do alto da estrutura.
Não que a torre tenha sido abandonada, mas ocorreu uma modernização natural assim como toda a cadeia da mineração. Se as locomotivas evoluíram, o controle das mesmas também. Atualmente, o Centro de Controle de Pátios (CCP), localizado na Unidade Tubarão, gerencia em tempo real a movimentação de cargas no pátio e no Terminal de Porto Velho, em Vila Velha. O CCP também monitora outros terminais em Vitória, Serra e João Neiva, totalizando 360 quilômetros de linha férrea, segundo informado pela Vale.
O local é equipado com monitores e conectado a 26 câmeras com imagens digitais. Entre as tecnologias utilizadas está um sistema que avalia as condições da linha e emite informações através de fibra, em tempo real, que também pode ser acessado por celulares.
Sem ser utilizada, a Torre de Porto Velho resiste à ação do tempo. Prestes a completar 63 anos neste 2021, a estrutura mantém, ainda que já degastada pela ferrugem, a placa de identificação de patrimônio da extinta CVRD. Já os cômodos existentes no interior da base de observação estão mais avariados. Este espaço servia de apoio para os trabalhadores na época.
Mesmo sendo um bem privado, há sinais de que pessoas ocuparam o espaço ao longo dos anos. Como forma de coibir este tipo de ação e preservar o próprio patrimônio histórico e material, a Vale salientou que reforçará ações para evitar o acesso de terceiros ao local e que também mantém rondas constantes na região.
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