"Filho de peixe, peixinho é". A expressão popular simboliza bem a relação estabelecida entre o o empresário Raphael Amorim, de 29 anos, e o pai, Paulo Roberto Almeida Amorim. Unidos pela paixão pela pesca esportiva, a família ostenta um título mundial estabelecido ainda em 1992 e que dificilmente será quebrado: o de maior Marlim Azul (Makaira nigricans) já fisgado no mundo. O feito ocorreu em águas capixabas no dia 29 de fevereiro daquele ano e o animal fisgado pesava incríveis 636 quilos, media 4,62 metros de comprimento, além de 2,48 metros de diâmetro.
Raphael tinha cerca de 3 anos quando o pai capturou o exemplar da espécie, que anos mais tarde (2015) viria a ser declarado peixe-símbolo do Espírito Santo, visto a forte incidência da espécie em águas capixabas. A perda precoce do ainda detentor do recorde mundial em um acidente de carro em 2006 só aumenta o orgulho da família pela proeza alcançada.
Raphael recorda-se com carinho da epopeia que tantas vezes ouvia o pai lhe dizer e também contar para quem se interessava. "Naquela época, tínhamos uma casa em Guarapari e meu pai saía para pescar em direção à cidade. No meio do caminho, o Marlim bateu na linha dele. A altura ao certo é difícil precisar onde foi, mas nos registros oficiais constam como Vitória. Depois que ele conseguiu domar o animal, ele teve de rebocar o peixe até o Iate Clube. Ele teve de voltar para a Capital", explicou o empresário, que segue apaixonado pela pescaria esportiva.
Por conta do tamanho e do peso, o peixe teve de ser rebocado, tendo apenas o bico apoiado na embarcação batizada de "Duda Mares". Após mais de quatro horas de navegação lenta, Paulo Roberto atracou no píer e precisou contar com ajuda de 28 homens para retirar o animal da água. O feito, além de eternizado no livro dos recordes, também está presente no Iate Clube, onde há uma réplica em tamanho real.
Impactados com a imponência do peixe, as pessoas que lá estavam no dia da captura trataram de agilizar a documentação para validar o recorde. A aferição foi realizada por Otacílio Coser Filho, na época o representante da IGFA em Vitória. Após ter as barbatanas, bico a cauda enviadas para os Estados Unidos, onde foi confeccionada uma réplica, outras partes do animal foram doadas para entidades filantrópicas de Vitória.
Dificilmente o feito de Paulo Roberto Amorim será batido muito por conta da diminuição da quantidade de marlins existentes, como explica o pescador. "Felizmente, hoje o Marlim está protegido e a captura dessa espécie está proibida em todo a costa do território brasileiro. Com o passar das gerações, percebeu-se que não havia a necessidade de tirar a vida do animal, mas naquela época não existia essa consciência coletiva. Ainda assim, mantenho a esperança de quem sabe um dia superar meu pai, mas sei que é algo quase impossível", disse o empresário do ramo logístico.
Raphael agora vive a expectativa de manter viva a tradição da pesca da família Amorim, já que a esposa está grávida do primeiro filho do casal.
"Minha mulher está grávida de quatro meses. No que depender de mim ele também será pescador, mas só se for da vontade dele, evidentemente. Mas ele vai saber desde cedo que o avô é detentor de um recorde mundial do maior marlim já pescado no mundo", finalizou o pescador.
Não é por acaso que o Espírito Santo é conhecido como a "capital mundial" dos peixes da espécie. O Estado também é detentor do maior exemplar já fisgado de Marlim Branco, com um animal de 82,5 quilos, pescado em dezembro de 1979.
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