Em meio às praças e ruas parecidas de Jardim da Penha, em Vitória, encontra-se a lendária Associação Praiana 106. Por trás do clube localizado na Avenida Francisco Generoso da Fonseca, que hoje serve de palco para muitos eventos, há uma história que foi construída junto a do bairro, que se tornou um dos mais boêmios da capital capixaba.
Ainda era a década de de 70 e, sem opções de lazer nos finais de semana, os poucos moradores se uniram e tiveram a ideia de dar início à Associação Praiana 106. O aposentado Devair Brito Martins, 81 anos, acompanhou de perto essa mobilização.
Foi em 1969 que o aposentado mudou com a família para o bairro recém-criado, o que na época era tarefa para desbravadores. Até então, o acesso a Jardim da Penha era bem difícil. Devair conta que a Ponte de Camburi estava com problemas na estrutura e só se chegava ao bairro pela Ponte da Passagem.
"No bairro só havia algumas casas geminadas, o resto era mato. Não tinham opções de lazer. Éramos as 106 primeiras famílias a habitar a região. Quem vê o que Jardim da Penha se tornou hoje, nem imagina como era. Para ter uma ideia, as ruas não tinham nem nomes. O bairro era dividido em quadras de A a J", lembra Devair.
Com os eventos e bares concentrados no Centro de Vitória, os moradores de Jardim da Penha resolveram "arregaçar as mangas". "As famílias se uniram e deram início à Associação Praiana 106, que inclusive o nome ficou em homenagem às 106 primeiras famílias do bairro", conta o aposentado.
Foi em 1º de janeiro de 1970 que a Associação Praiana 106 foi fundada e se tornou um patrimônio social e cultural de Jardim da Penha. O clube se tornou a única opção de lazer do bairro e ficou conhecida pelos bailes de domingo à tarde.
"Eu fui um dos primeiros sócios-fundadores. No início era essencialmente um clube dançante. As famílias se reuniam no fim das tardes de domingo para ouvir música e dançar. Somente depois é que passaram a ter bailes noturnos e com música ao vivo. Foi uma época muito bonita", lembra o aposentado.
"SEGURA O COPO!"
O clube era referência até no carnaval. O empresário Rômulo Raggi, 42 anos, filho do Seu Devair, lembra que o 106 era onde se concentrava o bloco de carnaval "Segura o Copo", um dos primeiros de Vitória, ainda na década de 1970.
"Eu era criança, mas lembro bem que foi em frente ao 106 que tudo começou. Todos os anos o bloco se reunia ali e saía pelas ruas do bairro em direção à orla da Praia de Camburi. Era muito animado e divertido", conta Rômulo.
Nos embalos da letra "Segura o copo / Não deixe o copo cair / Que esse bloco vai direto pra Praia de Camburi", os moradores curtiam o carnaval no bairro, que mais tarde seria um dos mais boêmios da Capital capixaba.
A família de Rômulo ainda mora na mesma casa. "Meus pais não saíram de Jardim da Penha. Ainda tenho muitos amigos dessa época. Foi um tempo maravilhoso, tive uma infância muito bonita", lembra.
ATUALMENTE
Com o crescimento do bairro, o clube teve que se adaptar: passou por reformas, ganhou revestimento acústico e ampliou sua atuação, atraindo ainda mais pessoas e eventos de diversos gêneros. Nas sextas-feira o forró é garantido no clube e atrai um público de diversas idades.
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