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Conflito em Israel: a história do capixaba que já lutou na Faixa de Gaza

Conflito em Israel: a história do capixaba que já lutou na Faixa de Gaza

Conflito que perdura há décadas já recebeu tropas enviadas pela ONU com atuação de um soldado do Espírito Santo

Publicado em 10 de outubro de 2023 às 10:31

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Dvid Faldini, 83 anos, ex-militar que passou quase dois anos em Israel
Dvid Faldini, 83 anos, ex-militar que passou quase dois anos em Israel. (Carlos Alberto Silva)
Felipe Sena
Repórter / [email protected]

O capítulo mais recente dos conflitos que acontecem na Faixa de Gaza começou no sábado (7), após ataque que teve a autoria reivindicada pelo grupo Hamas. A disputa por territórios na região, no entanto, se estende por décadas, desde a proclamação do Estado de Israel, em 1948. Militar aposentado, o capixaba David Faldini, 83, esteve a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU), na Faixa de Gaza, na década de 1960 e contou como foi viver por lá naquele período. 

Faldini, que é morador de Bento Ferreira, em Vitória, carrega com ele registros do tempo em que passou no Oriente Médio. São fotos reveladas e impressas, além de uma boina com a identificação de "Força de Emergência das Nações Unidas", que recebeu logo que chegou à região de conflito, em maio de 1960. 

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Eu pegava o binóculo, dava um giro de 360°, e só via deserto. Nada, a não ser areia e movimento de tropas. Mais afastado, do lado israelense, dava para ver o kibutz (comunidade)

David Faldini
Ex-militar que serviu na Faixa de Gaza
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Um kibutz é uma forma de comunidade israelita que foi muito importante para a consolidação do Estado judeu. Durante os 16 meses que serviu às Nações Unidas na zona de conflito, Faldini conheceu alguns, onde civis e militares conviviam. "Era um tipo de minivila. Havia militares a partir de 13 anos, mas não eram apenas militares. Tinha escolas, crianças e idosos também. Os guerrilheiros árabes tentavam adentrar essas fronteiras."

O Batalhão Suez 

De acordo com ele, eram aproximadamente 6 mil homens a serviço da ONU, atuando na Faixa de Gaza, Líbano e Jordânia. Faldini foi um dos soldados brasileiros no Batalhão Suez, que atuou na região entre os anos 1957 e 1967. Num primeiro momento, a força contava com 10 países: Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, Índia, Indonésia, Iugoslávia (depois de 2003, Sérvia e Montenegro), Noruega e Suécia. Contudo, ainda no primeiro ano, tropas da Colômbia, Finlândia e Indonésia deixaram a missão e retornaram aos seus países. 

David Faldini durante o tempo em que atuou na Faixa de Gaza, em 1960
Integrantes do Batalhão Suez em frente ao aeroporto de Jerusalém, em 1960. (Arquivo pessoal)
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Descemos numa guerra sem ter nada a ver com aquela guerra. O conflito é entre judeus e árabes

David Faldini
Ex-militar que serviu na Faixa de Gaza
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"Certa vez, tive que relatar à ONU uma ação onde uma aeronave decolou de um campo de aviação judeu e derrubou três aviões egípcios", conta Faldini. Outra vez, enquanto ficava na retaguarda e os colegas avançavam, ele foi alertado que estava com uma mina terrestre entre as pernas, embaixo dos pés. "Estava, ali, a morte. Mas, antes que ela explodisse, conseguimos fazer um buraco, jogar uma granada e detonar a mina, sem feridos. Lá, o terreno é todo minado", lembra. 

Os fedayins

David Faldini durante o tempo em que atuou na Faixa de Gaza, em 1960
Acampamento árabe na Faixa de Gaza. (Arquivo pessoal)

No início dos anos 60, o ex-militar capixaba não lutou contra os grupos Hamas, que assumiu a autoria dos ataques recentes, e Hezbollah, que se juntou ao combate. "Na época, o que existia eram os fedayins, guerrilheiros altamente treinados", disse ele. Fedayin é um termo genérico usado por ocidentais para descrever pessoas ou grupos árabes, em diversos momentos da história. 

O conflito

Depois de um ataque surpresa no sábado (7), de autoria assumida pelo grupo Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está em guerra e ordenou uma ofensiva. "Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples", disse o premier israelense. Por uma mensagem em vídeo, Netanyahu disse que o grupo extremista islâmico que controla a Faixa de Gaza pagará "um preço sem precedentes."

No domingo (8), outro grupo, o Hezbollah, se juntou ao Hamas e assumiu a autoria de ataques a três localidades em Israel. Por outro lado, palestinos acusam Israel de realizar operações militares violentas contra civis para tomada de território. 

David Faldini durante o tempo em que atuou na Faixa de Gaza, em 1960(Arquivo pessoal)

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