O capítulo mais recente dos conflitos que acontecem na Faixa de Gaza começou no sábado (7), após ataque que teve a autoria reivindicada pelo grupo Hamas. A disputa por territórios na região, no entanto, se estende por décadas, desde a proclamação do Estado de Israel, em 1948. Militar aposentado, o capixaba David Faldini, 83, esteve a serviço da Organização das Nações Unidas (ONU), na Faixa de Gaza, na década de 1960 e contou como foi viver por lá naquele período.
Faldini, que é morador de Bento Ferreira, em Vitória, carrega com ele registros do tempo em que passou no Oriente Médio. São fotos reveladas e impressas, além de uma boina com a identificação de "Força de Emergência das Nações Unidas", que recebeu logo que chegou à região de conflito, em maio de 1960.
Um kibutz é uma forma de comunidade israelita que foi muito importante para a consolidação do Estado judeu. Durante os 16 meses que serviu às Nações Unidas na zona de conflito, Faldini conheceu alguns, onde civis e militares conviviam. "Era um tipo de minivila. Havia militares a partir de 13 anos, mas não eram apenas militares. Tinha escolas, crianças e idosos também. Os guerrilheiros árabes tentavam adentrar essas fronteiras."
De acordo com ele, eram aproximadamente 6 mil homens a serviço da ONU, atuando na Faixa de Gaza, Líbano e Jordânia. Faldini foi um dos soldados brasileiros no Batalhão Suez, que atuou na região entre os anos 1957 e 1967. Num primeiro momento, a força contava com 10 países: Brasil, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, Índia, Indonésia, Iugoslávia (depois de 2003, Sérvia e Montenegro), Noruega e Suécia. Contudo, ainda no primeiro ano, tropas da Colômbia, Finlândia e Indonésia deixaram a missão e retornaram aos seus países.
"Certa vez, tive que relatar à ONU uma ação onde uma aeronave decolou de um campo de aviação judeu e derrubou três aviões egípcios", conta Faldini. Outra vez, enquanto ficava na retaguarda e os colegas avançavam, ele foi alertado que estava com uma mina terrestre entre as pernas, embaixo dos pés. "Estava, ali, a morte. Mas, antes que ela explodisse, conseguimos fazer um buraco, jogar uma granada e detonar a mina, sem feridos. Lá, o terreno é todo minado", lembra.
No início dos anos 60, o ex-militar capixaba não lutou contra os grupos Hamas, que assumiu a autoria dos ataques recentes, e Hezbollah, que se juntou ao combate. "Na época, o que existia eram os fedayins, guerrilheiros altamente treinados", disse ele. Fedayin é um termo genérico usado por ocidentais para descrever pessoas ou grupos árabes, em diversos momentos da história.
Depois de um ataque surpresa no sábado (7), de autoria assumida pelo grupo Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que o país está em guerra e ordenou uma ofensiva. "Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples", disse o premier israelense. Por uma mensagem em vídeo, Netanyahu disse que o grupo extremista islâmico que controla a Faixa de Gaza pagará "um preço sem precedentes."
No domingo (8), outro grupo, o Hezbollah, se juntou ao Hamas e assumiu a autoria de ataques a três localidades em Israel. Por outro lado, palestinos acusam Israel de realizar operações militares violentas contra civis para tomada de território.
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