Era madrugada do dia 11 de outubro de 1952 quando um estrondo ensurdecedor ocorreu na Capital do Espírito Santo. A terra tremeu. Em várias ruas de Vitória, moradores ocupavam as janelas, curiosos e apavorados com o que havia acontecido. Uma confusão se formou rapidamente por falta de informações.
Posteriormente, verificou-se que tinha acontecido um incêndio violento que resultou em uma explosão em um depósito de combustíveis e inflamáveis do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), que, na época, era situado no antigo armazém do SNC, em Caratoíra. No depósito estava armazenada incorretamente uma grande carga de dinamite.
Após a gigante explosão foram tomadas as providências julgadas necessárias todos os veículos da "rádio patrulha", ambulância, viaturas da polícia e do Corpo de Bombeiros foram acionados para realizar a interdição total da área. Os moradores de Caratoíra precisaram evacuar o bairro por conta do risco de uma nova explosão.
Imediatamente, a reportagem do jornal A Gazeta foi até o local e encontrou muitos curiosos querendo saber detalhes do que tinha acontecido. Portas destruídas e vidraças estilhaçadas pela violência do deslocamento do ar deixaram claro que dezenas de casas sofreram com o impacto da explosão; os tetos das residências desabaram não apenas na Volta de Caratoíra, mas em Vila Rubim e Ilha do Príncipe. O estrondo pode ser ouvido em Vila Velha.
Segundo informações preliminares da Rádio Patrulha da época, havia um número elevado de feridos principalmente idosas e crianças. Muitas delas estavam em estado de choque. Um dos patrulheiros, que residia no bairro, teve sua casa parcialmente destruída com a queda de uma parede e soterramento de um irmão que, felizmente, sofreu apenas escoriações.
Um funcionário da Rede Gazeta, o próprio gráfico que montou a folha da reportagem sobre o ocorrido na época, teve sua casa danificada. Ele teria perdido a maioria dos pertences. A esposa e a filha de Arnaldo da Vitória escaparam milagrosamente de um ferimento mais grave.
Várias outras famílias também sofreram danos materiais e ficaram feridas. Até o momento em que a reportagem de A Gazeta ficou no local, o Corpo de Bombeiros ainda não tinha começado diretamente a extinção do incêndio pela dificuldade de água no bairro.
> Veja outras publicações da Capixapédia
Uma carga de dois mil quilos de dinamite teria gerado a grande explosão. O diretor-geral do DER da época, Luiz Serafim Derenzi, relatou ao jornal A Gazeta que foi acordado ainda naquela madrugada com a notícia e que estranhou a ocorrência. Ele declarou que no armazém em que estava o conteúdo inflamável não havia um depósito apropriado para a carga de dinamite. O estabelecimento que costumava abrigar o material ficava em Aribiri, em Vila Velha.
O governador do Estado na época, Jones dos Santos Neves, teve conhecimento da ocorrência pelo vice-governador Cel. Athayde.
UM MILHÃO DE CRUZEIROS
O crédito de um milhão de cruzeiros foi cedido pelo governo do ES para atender os danos causados pelo desastre. Os prejuízos foram avaliados em dois milhões de cruzeiros.
A Legião Brasileira de Assistência, órgão assistencial fundado em 28 de agosto de 1942 e extinto em janeiro de 1995, amparou as vítimas em consequência da explosão que foram alojadas no grupo escolar Maria Ericina.
PREJUDICADOS COM A EXPLOSÃO
Cerca de 34 pessoas ficaram feridas. Um médico humanitário, Américo de Oliveira, teve a iniciativa de uma subscrição popular para socorrer as vítimas. Outros donativos também foram doados por deputados da Grande Vitória.
Moradores da Vila Rubim, no Centro de Vitória, pediram diretamente pelo intermédio da imprensa e pela visita imediata de engenheiros da prefeitura ou da Secretaria de Viação e Obras Públicas. Eles diziam que prédios estavam sem segurança e abalados com a explosão.
PREFEITURA DE VITÓRIA
Na época, a Prefeitura Municipal de Vitória (PMV) divulgou uma nota lamentando a ocorrência e o incêndio em Caratoíra e declarou que prestou imediata assistência às vítimas. "Todos os prejuízos verificados empregando nesse trabalho todo o seu pessoal de Obras e Assistência Social Municipal, parte da limpeza pública", diz parte da nota.
O prefeito recebeu o seguinte telegrama do Senador Carlos Lindenberg: "Acabo de saber por leitura de jornais do grave acidente ocorrido no depósito do DER com numerosas vítimas. Lamento profundamente e ponho meus préstimos. Abraços Carlos Lindenberg".
PARTICIPE!
Você tem alguma curiosidade sobre o Espírito Santo? Envie para [email protected]
Colaboração de Anelize Roriz Nunes | Cedoc da Rede Gazeta
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta