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Já foi a Pau Gigante? A polêmica história de uma cidade no ES

Já foi a Pau Gigante? A polêmica história de uma cidade no ES

O nome causava constrangimento aos moradores do município, que foi então rebatizado depois de 51 anos

Publicado em 24 de julho de 2018 às 20:55

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Quem é capixaba da gema certamente já visitou ou passou por Pau Gigante. Mas, calma, antes de pensar bobagem, é preciso explicar que estamos falando de Ibiraçu, município do Norte capixaba que carregou essa nomenclatura por muitos anos. Aliás, "Ibiraçu" significa “pau gigante” em tupi-guarani.

Durante 51 anos, Pau Gigante era o nome oficial da cidade, o que já causou muito constrangimento aos moradores. O termo, que muitos maliciavam, na verdade era uma referência a uma frondosa árvore jequitibá que existia na região.

Fundada em 11 de setembro de 1891 com o nome de Guaraná, já no ano seguinte, em 1º de março de 1892, a localidade para Pau Gigante foi rebatizada por um decreto estadual, segundo dados da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE).

Vista geral de Ibiraçu. (Prefeitura de Ibiraçu)

Essa árvore, que existia entre os hoje municípios de Ibiraçu e João Neiva, era exuberante e tinha cerca de 60 metros, de acordo com informações históricas dos portais da prefeitura e da Câmara local. Outros registros dão conta de que a árvore era tão grande que foram necessários quatro homens de braços abertos para envolvê-la.

Apesar dos constrangimentos, os moradores entendiam a árvore como uma marca da cidade. Tanto é que, em 31 de dezembro de 1943, Pau Gigante teve o nome alterado pelo Decreto Estadual nº 15.177, passando a se chamar Ibiraçu, que nada mais é que praticamente a mesma expressão escrita em tupi-guarani de forma aportuguesada.

Isso porque, no tupi-guarani, árvore significa “ybyrá”, e grande, “assu”. Para ficar mais fácil de escrever, foram feitas a junção e a adaptação: Ibiraçu.

Fachada da Prefeitura de Ibiraçu. (Arquivo | A Gazeta)

A FUNDAÇÃO

A região onde hoje se localiza Ibiraçu pertencia anteriormente ao município de Aracruz. Na segunda metade do século XIX, imigrantes italianos se instalaram na região, criando um povoado e iniciaram o cultivo agrícola de cana-de-açúcar.

A povoação recebeu vários nomes, de acordo com o IBGE, entre eles Núcleo Colonial de Santa Cruz, Núcleo Colonial Conde D’Eu, Núcleo Colonial Bocaiúva e Vila de Guaraná. A primeira nomenclatura oficial só veio mesmo em 1891, quando, em razão do desenvolvimento do povoado, o governo do Estado transformou-o em cidade.

O nome foi Guaraná, em homenagem ao engenheiro Aristides Armínio Guaraná, veterano da Guerra do Paraguai que ajudou na instalação dos italianos no Espírito Santo. A mudança para Pau Gigante, um ano depois, foi articulada por políticos republicanos que eram contrários aos imigrantes.  Para não ter que homenagear o "herói" dos imigrantes, que os estimulou a se instalar na região, os políticos capixabas preferiram fazer alusão à vistosa árvore.

Desde a fundação com forte ligação com a agricultura, o campo foi o setor que fez o município crescer no século XX. Já consolidado, em 1943 passou a se chamar Ibiraçu, e já nos anos seguintes possuía três distritos: Acioli, João Neiva e Pendanga. Os dois primeiros separaram-se para formar o município de João Neiva em 1988.

 A economia de Ibiraçu, que com os anos deixou o cultura da cana-de-açúcar, passou a ser baseada principalmente no cultivo do café e no eucalipto, assim como é atualmente.

 Hoje com uma população estimada em 12.581 habitantes pelo IBGE, para além do curioso nome, vale conhecer também a própria cidade de Ibiraçu, que conta com festas típicas da cultura italiana e centros religiosos procurados por turistas, como o Santuário Nossa Senhora da Saúde e Mosteiro Zen Morro da Vargem, ambos incluídos no roteiro turístico-religioso “Caminhos da Sabedoria”.

Construção do Buda na entrada do Mosteiro Zen Budista, em Ibiraçu
Buda gigante em Ibiraçu: no “Caminhos da Sabedoria”, é possível conhecer paisagens naturais, cultivos tradicionais e monumentos religiosos em um roteiro turístico de 110 km de peregrinação. (Ricardo Medeiros)

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