Casa do leão mais conhecido do Carnaval de Vitória, endereço de uma das maiores fábricas de chocolate do Brasil. A Glória, em Vila Velha, Grande Vitória, reúne características de dar orgulho a qualquer morador. E, além de todos esses atrativos, o bairro conta com um dos polos de confecção mais tradicionais do Espírito Santo, em uma história que tem ligação até com Minas Gerais.
Engana-se quem pensa que os mineiros e o solo capixaba são conectados apenas pela relação Guarapari, férias e verão. Isso porque o Polo de Moda da Glória surgiu, justamente, com moradores de Minas vindos para o Espírito Santo em 1975, como explica o escritor e pesquisador Manoel Goes Neto.
A história do tradicional polo começou com a família de Helvécio Quintão, hoje com 77 anos. O proprietário da Tecidos São Geraldo é do interior de Minas Gerais e trabalhava em uma companhia de estradas, atuando na divisa do Estado mineiro com o Espírito Santo. A mudança para o segmento de confecções veio a partir de um convite do sogro.
"Meu sogro era de Manhumirim, em Minas, um dos maiores polos de confecção da região. Ele insistia para eu largar a companhia e ficar na confecção com ele. Eu ganhava bem, mas chegou uma hora que pensei 'eu não tenho nada a perder, se amanhã ou depois eu quiser voltar ao meu trabalho, sou muito bem aceito', então eu resolvi ajudá-lo", conta.
"Nessa época eu já estava Espírito Santo, por causa do meu trabalho nas estradas, estava em Colatina, trabalhando em trechos da ferrovia. Resolvi sair da empresa e enfrentar, vir para a Glória, onde conseguimos um cômodo, foi dando certo", lembra.
Quem se encantou e passou a se debruçar sobre a história do polo é a advogada e mestranda Jacqueline de Andrade S. Frederico, Em seu trabalho, ela busca estudar o impacto da pandemia nas pequeno e micro empresas da Glória. "A contextualização que fiz foi interessante para mostrar por que esse polo tem essa representatividade econômica e social para o município e o Estado", afirma.
"A empresa do Helvécio Quintão estava instalada na casa do sogro dele. Eles saíram dessa casa e foram para o bairro da Glória. Ali na Glória os terrenos estavam com um valor muito acessível. Então eles acabaram mudando para lá por conta do preço dos imóveis, que estava bem atrativo", explica Jacqueline.
A partir da escolha pela Glória, outros irmãos de Helvécio também começaram a abrir lojas no bairro e a família passou a incentivar que outras pessoas se instalassem na região também. "Uns produziam jeans, outros malhas, isso foi dando certo e chamando a atenção, daí surgiu a Glória. Foi criado o sindicato, a associação...", recorda o empresário.
O pesquisador Manoel Goes Neto explica que, a partir de 1980, houve uma grande evolução nos negócios da Glória e, em 1983, o polo foi instituído. De 80 empresas de confecção, a região passou a contar com mais de 400, incluindo outros segmentos e transformando inúmeras residências em polos comerciais.
Dados do Polo de Moda da Glória mostram que, atualmente, são cerca de 1,2 mil estabelecimentos entre lojas, restaurantes, bancos, farmácias e supermercados.
“Sempre é bom lembrar que a vocação da Glória sempre foi para o empreendedorismo, haja vista a instalação nos anos 1930 da Fábrica de Balas Garoto, hoje Nestlé”, ressalta Goes.
Com tantas e variadas lojas, o Polo da Glória é o ponto certo para compras, principalmente em datas festivas, como Natal e ano-novo. Para 2021, a expectativa da Uniglória é que o movimento no comércio oscile entre 15 mil pessoas por dia, podendo chegar a 20 mil por dia no fim de semana.
Na avaliação da presidente da Uniglória, Glenda Úrsula Puziol Amaral, o polo é muito importante para Vila Velha e o Estado. "Muitos empreendedores iniciaram suas atividades econômicas aqui, é um polo de moda, vestuário e hoje também já contém móveis, colchões, grandes bancos, farmácias", evidencia.
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