Em maio de 2003, o traficante José Antônio Marin, o Toninho Pavão, fugiu pelo portão da frente de um presídio em Viana, vestido de uma mulher. Ele estava acompanhando do, também presidiário, Paulo Donizete Siqueira de Souza - assaltante de bancos. Eles estavam presos no presídio de Segurança Máxima Mosesp II desde dezembro de 2002.
A fuga aconteceu entre os dias 24 ou 25 de maio e ambos atravessaram oito portões que deveriam estar trancados com cadeados. Nenhum dos portões foi arrombado pelos fugitivos. Segundo Donizete, recapturado no dia 16 de junho de 2003, não houve suborno a nenhum funcionário da época e que passaram pelos portões sem serem notados.
“Um táxi estava parado ‘de bobeira’ em frente ao presídio e nós entramos nele. Fomos até um posto de combustíveis, em Viana, e de lá cada um seguiu seu caminho”, afirmou Donizete em depoimento na época da prisão.
As investigações apontaram, no entanto, que ambos fugiram em um avião roubado do Aeroclube do Espírito Santo, que ficava na Barra do Jucu, em Vila Velha. A aeronave foi roubada na madrugada de 26 de maio e vista pela última vez pousando em uma plantação de soja no município de Pitanga, no Paraná.
Segundo publicação do Notícia Agora, testemunhas disseram à Polícia Civil paranaense que as características físicas dos dois ocupantes do avião seriam semelhantes ao perfil dos fugitivos do presídio de segurança máxima.
Sobre o roubo, ambos negaram envolvimento.
Na época da fuga, Toninho Pavão era suspeito de mais de 100 assaltos, na região Sudeste e também na Bahia. Em alguns deles, a quadrilha teria amarrado bombas ao corpo das vítimas, geralmente bancários.
A fuga aconteceu em um domingo, dia de visitas aos detentos. Dezenove supervisores de segurança do Mosesp II, em Viana, foram exonerados das respectivas funções pela Secretaria de Justiça, após a fuga da dupla. Além disso, a superintendente-geral dos Estabelecimentos Prisionais do Estado na época do caso, Quésia Cunha Pereira, também foi exonerada.
O secretário de Justiça, Luiz Moulin, disse na época que a saída de Quésia não seria uma retaliação a fuga dos detentos.
Conforme noticiado pelo Notícia Agora, na época do caso, as fugas custaram R$ 300 mil, pois cada um dos oito portões atravessados pelos criminosos teria custado R$ 37,5 mil.
Toninho Pavão e Paulo Donizete ocupavam celas distintas, na Galeria 1 da Ala D.
Segundo o subsecretário de Justiça para Assuntos Penitenciários da época, coronel Ênio Chaves dos Reis, Toninho Pavão teria colocado um boneco em sua cama, na cela que ocupava, para simular que estivesse dormindo ao fim das visitas. "O boneco foi feito com material de uso diário no presídio, como roupas e lençóis. Foi uma coisa bastante improvisada", afirmou, na época.
Ainda segundo noticiado no Notícia Agora de 3 de junho de 2003, o corregedor da Polícia Militar, Coronel Paulo César Batista, havia fortes indícios da participação direta de policiais militares na fuga de Toninho Povão e Paulo Donizete.
Toninho Povão foi recapturado em dezembro de 2004, em Belo Horizonte, Minas Gerais.
O avião Sêneca III, prefixo PT-VOO, foi roubado na madrugada do dia 26 de maio de 2003, logo após a fuga de Toninho Pavão e Paulo Donizete, por uma quadrilha composta por cerca de 20 homens fortemente armados. Eles invadiram o Aeroclube do Espírito Santo, na Barra do Jucu, Vila Velha, e renderam o vigilante.
A aeronave foi vista por uma testemunha horas depois, pousando e reabastecendo numa plantação de soja na cidade de Pitanga, no Paraná. A testemunha teria reconhecido, posteriormente, Donizete e Toninho Pavão como os dois homens que estavam no avião.
Paulo Donizete foi preso em 16 de junho de 2003, em Campos, no Rio de Janeiro, por policiais federais. Ele estaria planejando a fuga de outros dois criminosos, que estavam presos na Casa de Custódia daquela cidade.
Já Toninho Pavão chegou a ser transferido para um presídio federal após a recaptura, mas voltou para o Espírito Santo. Ele conseguiu a progressão de regime em agosto de 2022, podendo cumprir o restante da pena em liberdade, mas foi detido, novamente, no dia 10 de outubro deste ano, suspeito de negociar drogas para o Primeiro Comando da Capital (PCC), no Estado.
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