A Terceira Ponte, que faz parte do dia a dia do capixaba que circula entre Vila Velha e Vitória, é uma das construções de grande importância para o Espírito Santo. A inauguração aconteceu em 1989 e mudou completamente a vida de quem precisa transitar entre os municípios. Mas será que o local, algum dia, já chegou a ser completamente fechado por adversidades meteorológicas?
Em 31 de agosto de 2021, em meio ao alerta de vendaval emitido pela Marinha, o anemômetro da ponte — instrumento que mede a velocidade dos ventos — marcou ventos de 87,68 km/h e os capixabas se questionaram se a ponte seria fechada, mas o tráfego não precisou ser interrompido. Na ocasião, em entrevista à CBN Vitória, Geraldo Dadalto, diretor-presidente da Rodosol — concessionária que administra a via — contou que informações são registradas, em tempo real, sobre as condições do vento na Terceira Ponte e esclareceu que a via foi interditada apenas uma vez durante esses mais de 30 anos.
Quem já passou pela Terceira Ponte em dia de temporal já deve ter se deparado com os avisos luminosos nos painéis de mensagem instalados na estrutura, reforçando a importância da redução da velocidade. Em toda sua história, a Terceira Ponte só foi fechada em novembro de 2010 devido a ventos fortes e, mesmo assim, de forma preventiva, sem haver real comprometimento da segurança dos usuários.
Na ocasião, os ventos atingiram velocidade superior a 119 km/h na ponte e causaram uma série de danos na Grande Vitória. Por isso, houve a opção pela interrupção do tráfego na via, mesmo tecnicamente não havendo risco. Para que a Terceira Ponte seja fechada, vários fatores são considerados, como velocidade e direção dos ventos, chuvas e visibilidade nas pistas.
A única vez em que a Terceira Ponte precisou ser completamente interditada ocorreu em um dia caracterizado por Geraldo Dadalto como catastrófico: 19 de novembro de 2010. "Foi um caos na Grande Vitória, com quedas de árvores, destelhamento de casas, equipamentos caindo. Na ponte, com chuva, também foi caótico", descreveu.
O diretor-presidente da Rodosol explicou que, nos dias em que os ventos estão acima do normal e que a chuva atrapalha a visibilidade do motorista, não é aconselhável que os condutores parem os veículos em cima da ponte. Ele diz, ainda, que a concessionária avalia fechar a ponte somente quando os ventos ultrapassam certa velocidade.
"De toda forma, colocamos mensagens no painel alertando aos motoristas dos ventos fortes. Acima dos 80 quilômetros, orientamos a redução da velocidade. Acima dos 90, não recomendamos que motociclistas atravessem a ponte. Em 110 km/h, motos são proibidas na ponte, mas os carros podem passar. 120 km/h é um limite que temos de fechamento total da ponte", detalhou.
Segundo Geraldo Dadalto, ainda que o risco de arraste seja baixo, o que leva a Rodosol a tomar essas decisões é o motorista estar em um momento de desconforto grande, já que, com as adversidades meteorológicas, o condutor pode entrar em pânico em cima da Terceira Ponte.
"O anemômetro da ponte mede a velocidade dos ventos a cada dois minutos, então monitoramos esses ventos praticamente em tempo real. Mas o que fazer se estiver no meio da ponte e algo do tipo acontecer? Reduza a velocidade e siga devagar até passar toda a ponte", instruiu Dadalto.
Ele afirmou ainda que, mesmo que esteja chovendo, o ideal é que os motoristas sigam viagem para evitar qualquer risco de colisão em cima da ponte. "Sigam as orientações do painel e façam a travessia em segurança", concluiu.
Além de causar o fechamento da ponte, o vendaval de 19 de novembro de 2010 causou vários outros estragos pela Grande Vitória. Arquivos do jornal impresso de A Gazeta mostram que a destruição foi grande e que, em alguns municípios da Grande Vitória, choveu até granizo — em Vila Velha, Cariacica e Viana.
A ventania derrubou guidantes do Porto de Praia Mole, árvores e parte da estrutura montada para a tradicional Feira do Verde, na Praça do Papa, em Vitória, caiu. Três pessoas ficaram feridas. No Hospital Infantil, em Vitória, chegou a faltar energia por mais de duas horas. Além disso, o pronto-socorro ficou totalmente alagado. Na UTI, uma criança precisou de ventilação manual.
A Terceira Ponte ficou fechada por 30 minutos, o que gerou um enorme engarrafamento na cidade. Este foi o primeiro fechamento na ponte desde o início da atuação da Rodosol, que passou a concessionar a via em 1998. Ainda no Porto de Praia Mole, dois guindastes caíram. Outdoors e árvores também foram ao chão.
Em Vila Velha, vidraças de apartamentos na orla foram quebradas pela força dos ventos. Já em Vitória, cerca de 50 semáforos pararam de funcionar. O Aeroporto de Vitória funcionou por equipamentos. Cerca de meia hora depois do fim da chuva, ainda havia pontos de alagamentos.
Com a tempestade, a mineradora Vale tomou um grande prejuízo: dois descarregadores de navio, tipo guindaste, caíram no Píer de Carvão da companhia, sendo um no mar e outro na terra. A estimativa é de que cada um custava R$ 7 milhões na época. Os equipamentos retiravam carvão do navio para uma esteira que fica em terra. Na hora, não havia navio atracado no porto.
À época, fontes da empresa contaram à reportagem de A Gazeta que, quando começou a ventania, os funcionários desceram dos guindastes e tentaram amarrar os equipamentos, mas o vento ficou ainda mais forte e eles correram para dentro das salas. Em outra área da Vale também teve mais prejuízo, onde outro equipamento que descarregava grãos também foi danificado. Não houve vítimas.
A edição do dia 19 de novembro de 2010 do jornal Notícia Agora explica que, o que causou o temporal foi a influência de uma Zona de Convergência de Umidade entre a Região Amazônica e o Sudeste do Brasil, que deixou o tempo instável no Espírito Santo.
"A umidade associada ao forte calor causou uma subida repentina de uma massa de ar, e esse deslocamento é responsável pelos fortes ventos que chegaram a 119 km/h na Terceira Ponte", apurou o jornal.
Capixapédia é uma seção do portal A Gazeta que tem como objetivo divulgar curiosidades, fatos históricos, desvendar enigmas e tratar de assuntos diretamente relacionados ao Espírito Santo. Tem alguma curiosidade? Conhece algo incomum sobre o Estado e quer compartilhar com a gente? Mande um e-mail para [email protected]
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta