> >
Quem foi Expedito Garcia, que dá nome à principal avenida de Cariacica

Quem foi Expedito Garcia, que dá nome à principal avenida de Cariacica

Natural do Rio de Janeiro, empresário decidiu morar no Espírito Santo onde fundou três empresas, mas teve morte precoce em um acidente aéreo

Publicado em 4 de agosto de 2024 às 08:31

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Expedito Garcia entrou para história ao ajudar no progresso do bairro Campo Grande
À frente, o Expedito Garcia. Ao fundo, imagens da principal avenida de Cariacica que leva o nome dele. (Arte A Gazeta)
Nayra Loureiro
Estagiária / [email protected]

Uma decisão que mudou a história do bairro Campo Grande, em Cariacica, na Região Metropolitana de Vitória. Expedito Cordeiro Garcia, um simples vendedor do Estado do Rio de Janeiro, decidiu deixar a terra de origem em busca de novos ares em território capixaba. Mas o que ele fez de tão relevante para dar nome a uma importante avenida?

A saga

Deu trabalho encontrar! Nem mesmo a Prefeitura de Cariacica tinha informações sobre Expedito Garcia. Também procuramos a Biblioteca Pública e o Arquivo Público do Espírito Santo, mas sem sucesso. Não desistimos e conhecemos o pesquisador e economista José Eugênio Vieira. Diretor superintendente do Sebrae-ES, ele nos convidou para uma conversa que permitiu contar a vocês, leitores, essa história. 

Há mais de uma década, José Eugênio Vieira também estava atrás de saber quem foi Expedito Garcia. E conseguiu encontrar uma das filhas dele, que contou detalhes sobre a vida do pai. Filho de José da Rosa Garcia e Adalgisa Cordeiro Garcia, Expedito era de família humilde que morava em Barra do Piraí, no Rio de Janeiro. E foi em um baile no clube do Flamengo que ele conheceu quem seria a futura esposa: Lilia Nuro Garcia.

Mudança de rota

Foi no período da Segunda Guerra Mundial — entre 1939 a 1945 — que Expedito, que já era um vendedor, escolheu o Espírito Santo como destino para se aventurar em novos projetos. E as apostas foram feitas em Cariacica, onde abriu três empresas:  a Companhia Comercial de Couros, Industriais Bovinos Capixaba e a Imobiliária Itacibá.

O pesquisador que conversou com a reportagem contou que a imobiliária impulsionou o processo de urbanização da cidade. Foram criadas ruas e praças, estimulando o crescimento bairro Campo Grande, onde está localizada a atual Avenida Expedito Garcia. A estrada que ligava o bairro Itacibá às BRs 101 e 262, por exemplo, era perigosa e atravessava o bairro Itaquari. Para permitir que o trecho fosse melhorado, Expedito doou terras da imobiliária ao antigo Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER).

Expedito Garcia no dia do casamento
Expedito Garcia no dia do casamento. (Imagem cedida pelo pesquisador José Eugênio Vieira)

A contribuição foi essencial para que Campo Grande se tornasse o bairro que é hoje. Além de empresário, Expedito era membro da maçonaria e participava de iniciativas sociais. Foi sócio-fundador do Siribeira Clube, em Guarapari, e do Santo Antônio Futebol Clube, em Vitória. Também ajudou a fundar em terras capixabas dois clubes internacionais de serviço voluntários: o Lions e o Rotary.

Trajetória interrompida

O jornal A Gazeta noticiava no dia 24 de setembro de 1959 um trágico acidente aéreo, ocorrido no dia anterior, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com um avião da Vasp. Entre os mortos estavam Expedito Garcia, com 45 anos, e uma das filhas, a Maria Lúcia Garcia, de 17 anos. 

Jornal A Gazeta do dia 24 de setembro de 1959
Jornal A Gazeta do dia 24 de setembro de 1959. (Cedoc | Jornal A Gazeta)

O acidente aconteceu às 18h49 do dia 23 de setembro de 1959 e repercutiu em todo o país. O jornal O Globo informou que, logo após decolar, a aeronave com destino ao Rio de Janeiro e a cerca de três quilômetros da pista explodiu no ar, matando quatro tripulantes e 16 passageiros que transportava.

Registro do acidente aéreo em 1959 que matou 20 pessoas em São Paulo
Registro do acidente aéreo em 1959 em São Paulo. (Acervo digital | Jornal O Globo)

Segundo a publicação, a explosão ocorreu após falha em um dos motores e o estrondo foi ouvido a quilômetros de distância. A aeronave se desintegrou no alto de um morro e os destroços foram lançados a centenas de metros do local do desastre. Os corpos foram quase todos mutilados e carbonizados, o que dificultou a identificação das vítimas.

Registro do acidente aéreo em 1959 que matou 20 pessoas em São Paulo
Uma das imagens do local do acidente aéreo. (Acervo digital | Jornal O Globo)

Ainda segundo o Jornal O Globo, um filho de Expedito, o Gilberto Garcia, ouviu pelo rádio a notícia do acidente enquanto jantava. Sabendo que o pai e a irmã tinham viajado para São Paulo a negócios, ele buscou mais informações sobre a tragédia e descobriu que os familiares estavam entre as vítimas. Os corpos de Expedito e Maria Lúcia foram trazidos de volta ao Espírito Santo, onde foram sepultados.

Se não fosse o trágico acidente, seria natural imaginar que Expedito Garcia continuaria contribuindo para o progresso do bairro Campo Grande. A passagem dele pelo Espírito Santo — consideravelmente curta —  foi marcada por grandes realizações. A estrada de terra, que antes era um obstáculo, virou uma das avenidas mais movimentadas no Estado, conhecida até como "maior shopping a céu aberto" devido ao intenso comércio na região. E carrega o nome de quem lá atrás ajudou a transformá-la. Uma homenagem para que o tempo não apague a memória.

O que é Capixapédia e como participar!

Capixapédia é uma seção do portal A Gazeta que divulga curiosidades, fatos históricos e trata de assuntos diretamente relacionados ao Espírito Santo. Tem alguma dúvida? Conhece algo incomum sobre o Estado e quer compartilhar? Sugira conteúdos no e-mail [email protected]

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais