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Túmulo de criança afogada em 1923 enche de água até hoje em Santa Leopoldina

Túmulo de criança afogada em 1923 enche de água até hoje em Santa Leopoldina

Várias caravanas já foram até a cidade acreditando que a água é milagrosa. Nenhum estudo aprofundado foi feito na sepultura

Publicado em 10 de março de 2017 às 01:08

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Dentro do cemitério municipal de Santa Leopoldina um fato curioso chama atenção até hoje e atrai enfermos em busca de cura: o túmulo de Maria Gilda, que enche de água há mais de 90 anos. A história passada entre as gerações conta que a menina morreu afogada em uma bacia quando tinha menos de 5 meses de idade. 

O surpreendente da história é que mesmo em períodos longos de estiagem, a água continua na sepultura da criança. O mistério em volta do túmulo atrai turistas e ajudou a manter ativo o Circuito de Cemitérios até 2011, uma rota que visava valorizar personalidades no Estado enterradas em Santa Leopoldina. Assista ao vídeo e conheça essa história*: 

Maria Gilda nasceu em 04 de setembro de 1922 e morreu menos de 5 meses depois, no dia 19 de janeiro de 1923. A avó, Maria Zelinda Avancini, ao buscar uma toalha, teria deixado a criança sozinha em uma bacia e quando voltou Maria Gilda já estava morta.

Jefferson Rodrigues, guia de turismo da região, conta que não foi feito um estudo aprofundado sobre a água na sepultura de Maria Gilda. “É curioso porque, se observarmos, o túmulo fica acima da terra em uma barra de concreto. E como tem água? Muita gente fala que é o coveiro, mas seria uma tradição de muito tempo se fosse verdade”, acrescenta.

Maria Gilda fazia parte de uma das famílias mais tradicionais da cidade, os Reinsen. A avó, Dona Maria, era a mulher mais caridosa que o município já teve, segundo o livro “O Município de Santa Leopoldina”, do escritor Francisco Schwarz. “O sepultamento (ao lado de Maria Gilda), foi o mais concorrido dos já realizados na cidade”, relata. 

Veja fotos abaixo

Caravanas

A história da água permanente na parte oca do túmulo de Maria Gilda chamou a atenção de muitas pessoas, que consideravam o fato um milagre. Por muitos anos, caravanas foram feitas até Santa Leopoldina com pessoas doentes em busca de cura.

Segundo o antigo coveiro do cemitério municipal, o aposentado Luciano Lichtenheld, de 70 anos, várias pessoas visitavam o município em busca da “água milagrosa”. “Veio uma senhora de Vitória e disse que o marido dela foi curado de câncer. Alguma coisa tem naquela água”, lembra.

Jefferson explica, porém, que atualmente não é recomendado que as pessoas bebam a água do túmulo de Maria Gilda. “A Secretaria de Saúde joga um produto para evitar a proliferação do mosquito da dengue. Já pensaram até em perfurar o túmulo para a água sair. Mas isso é tradição e a gente precisa preservar o que é da cultura”, acrescenta.

Personalidades importantes foram enterradas em Santa Leopoldina

A ideia do Circuito de Cemitérios em 2009 partiu do guia de turismo Jefferson Rodrigues, quando era secretário de Turismo, e tinha objetivo de valorizar a história das pessoas que fizeram parte da história da cidade e do Estado. Por falta de investimento, a rota acabou em 2011. 

“No mundo inteiro existem rotas de cemitérios, como na Argentina, na Europa e até no Rio de Janeiro. Mesmo não tendo o circuito em si, as pessoas vão visitar e eu percebi que o cemitério de Santa Leopoldina também era visitado. A pessoas vinham conhecer o túmulo da Maria Gilda, da família Reisen e outras que fizeram história não só na cidade”, explica Jefferson.

Além de Maria Gilda também é encontrado no município o túmulo do ex-jogador da seleção brasileira, Vasco e Cruzeiro, José Fontana, o primeiro capixaba a participar e único a ganhar uma Copa do Mundo, em 1970. Fontana morreu de um ataque cardíaco em 1980, quando tinha apenas 39 anos de idade. O atleta, que também atuou no Rio Branco e no Santo Antônio, era de Santa Teresa, mas tinha o desejo de ser enterrado com os avós em Santa Leopoldina. 

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* Essa reportagem foi publicada originalmente no Gazeta Online no ano de 2015. Você tem alguma curiosidade sobre o Espírito Santo? Envie email para [email protected]

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