Era prática antiga que animais exóticos fossem adquiridos por pessoas com alto poder aquisitivo, como forma de ostentar poder. Não se sabe com qual intenção, mas uma figura importante de Itapemirim, município no Sul do Espírito Santo, adquiriu um urso panda: Joaquim Marcelino da Silva Lima, que ficou conhecido como o Barão de Itapemirim.
Pouco se sabe sobre o bem curioso do político e rico fazendeiro, mas o bicho existiu e consta na lista nominal da população da Vila de Itapemirim em 1833, disponível nos registros do Arquivo Público do Espírito Santo, como uma das propriedades de Joaquim. É o que relata a historiadora e membro do Instituto Geo-Histórico de Itapemirim e Marataízes, Laryssa Machado.
Laryssa ainda lembra que o Barão de Itapemirim era um negociante importante do Espírito Santo. Suas fazendas produziam cana-de-açúcar, mas o comércio se estendia a outros produtos. “A vila possuía uma loja de adereços chineses que pertencia a Francisco Dias Carneiro (comerciante local, cujo nome consta no Aquivo Público). Infelizmente, o documento não descreve o que se vendia nessa loja”, revela.
Da fazenda onde o urso panda teria vivido, sobraram apenas ruínas do grande casarão do Barão. Após a morte de Joaquim Marcelino da Silva Lima, as terras foram vendidas.
Os ursos pandas são animais que vivem em florestas de bambu e são originários do Sul e Leste da China. Segundo a historiadora Laryssa Machado, esses imigrantes do maior país da Ásia Oriental viveram em Itapemirim e em Rio Novo do Sul, onde houve tentativa de colonização de chineses em 1850. Também moravam na Vila, conforme o Arquivo Público, os chineses Antônio Cláudio, natural de Macau, e Pedro Chin, de Sincapoa.
De acordo com pesquisas de Laryssa Machado, o Barão de Itapemirim teve carreira política e econômica nas terras capixabas. Ele era paulista e se mudou para o Espírito Santo, onde alcançou prestígio político, além de riqueza — ao ponto de ser o maior fazendeiro do Vale do Itapemirim e receber o título nobre de barão.
O barão tinha uma relação bem próxima com a família real. “Em 1855, houve uma epidemia de varíola que matou muitas pessoas. Ele enviou uma carta a D. Pedro II relatando que não havia comida na vila e o imperador respondeu com envio de alimento de sua dispensa”, conta a historiadora.
Apesar de ser uma figura importante, o barão — que mantinha 304 escravos na Fazenda Muqui — também se envolveu em denúncias de tráfico ilegal de pessoas após 1850 (ano em que foi proibida a entrada de africanos escravos no Brasil). Um registro feito pelo fotógrafo francês Victor Frond, em 1860, revela que a senzala da fazenda era dividida em diversas pequenas casas.
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