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Carnaval de Vitória: confira os melhores momentos do 1° dia de desfiles

Carnaval de Vitória: confira os melhores momentos do 1º dia de desfiles

Sete escolas desfilaram na avenida do Sambão do Povo entre a noite desta sexta (10) e madrugada de sábado (11) em busca do acesso à elite em 2024; veja como foi

Publicado em 10 de fevereiro de 2023 às 21:51

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Carnaval de Vitória
Na concentração, os foliões aguardavam ansiosos pelo início do Carnaval de Vitória. (Ricardo Medeiros)

O sol já estava alto e o relógio já passava das 7h da manhã deste sábado (11) quando o último integrante da Unidos de Barreiros fechou o desfile da escola e também o Grupo A. A agremiação do bairro São Cristóvão, na Capital capixaba, foi a sétima a pisar na Avenida do Sambão do Povo. As apresentações começaram ainda na noite de sexta (10), quando a Imperatriz do Forte recebeu o primeiro sinal verde para desfilar no Carnaval de Vitória.

Até chegar a vez da Barreiros, outras seis escolas passaram pela avenida, foram elas: Imperatriz do Forte, Império de Fátima, Pega no Samba, Independentes de São Torquato, Chega Mais e Mocidade da Praia, todas sonhando com o acesso à elite em 2024.

Com poucos pequenos atrasos e "abusando" das cores, sons, culturas e histórias as escolas cantaram e levantaram o público que, permaneceu até o último componente deixar a avenida.

O Carnaval Capixaba prossegue neste sábado, o dia mais aguardado, quando as agremiações do Grupo Especial prometem desfiles carregados de brilho e alegria.

Carnaval
O Rei Momo abriu oficialmente o Carnaval de Vitória de 2023. (Ricardo Medeiros)

IMPERATRIZ DO FORTE

A primeira escola a pisar na avenida é a Imperatriz do Forte. A escola foi fundada em 15 de dezembro de 1972. Seu nome foi decidido da seguinte forma: os fundadores gostariam de homenagear uma grande escola de samba do Rio de Janeiro, dessa forma, colocaram em dois sacos os nomes das escolas do Rio. Sacudiram e, os papéis sorteados definiriam os nomes e as cores. Imperatriz Leopoldinense saiu em um e Mangueira em outro. Assim nasceu a Imperatriz verde e rosa do Espírito Santo.

Carnaval
A Imperatriz do Forte foi a primeira escola a entrar na Avenida. (Ricardo Medeiros)

O enredo escolhido pela Imperatriz do Forte para o carnaval de 2023 tem o título “Mas será o Benedito?” e conta a história de Benedito Meia-Légua, lendário quilombola da região do Sapê do Norte. O território, que engloba os atuais municípios de São Mateus, Conceição da Barra e Itaúnas, tem sua história construída e marcada pelo período escravista e, consequentemente, pela existência de quilombos e líderes na luta da liberdade do povo negro.

O desfile vem com uma média de 40 a 50 componentes por ala, tirando baianas de bateria. Outro detalhe interessante de se observar é que os carnavalescos decidiram não fazer uma ou duas alas da comunidade, como é comum. Eles resolveram espalhar a comunidade pelas alas do desfile, para assim manter toda a escola cantando.

Na avenida

Seguindo a tendência do samba enredo escolhido, a Imperatriz do Forte colocou pessoas negras e moradores da comunidade em destaque no chão e no primeiro carro, com 15 metros de largura. As cores verde e rosa ficaram marcadas logo nos primeiros minutos do desfile, sempre com referências à coroa, o principal símbolo da escola.

Imperatriz do Forte(Ricardo Medeiros)

O segundo carro da escola, chamado de Quilombo Forte, trouxe fotos de pessoas da comunidade e da escola. Se a ideia foi homenagear e eternizar, a escola teve sucesso ao colocar pessoas comuns para destacar a história de Benedito Meia-Légua.

“A sensação de abrir o Carnaval de Vitória esse ano é demais. O que tenho a dizer é que a Imperatriz mostrou que ela é uma escola de grupo especial, e fez de tudo para voltar ao grupo especial. Tenho certeza que na quarta iremos comemorar o nosso título. Só tenho a agradecer a liga, ao governo e principalmente minha comunidade”, disse o presidente Artur Kadratz.

Com um desfile cronometrado, a escola encerrou o desfile com 53ms50. O tempo máximo é de 55 minutos

IMPÉRIO DE FÁTIMA

Carnaval
Com cores vibrantes, o casal de mestre-sala e porta-bandeira ebcantaram na avenida. (Ricardo Medeiros)

A Império de Fátima foi a segunda escola a entrar na avenida ainda noite desta sexta-feira. Enquanto a Imperatriz do Forte conseguiu desfilar dentro do tempo e não apresentou problemas graves, a "Caçulinha da Serra", teve complicações logo com o abre-alas, que emperrou logo no início do desfile.

Com apenas nove anos de criação, nasceu do sonho de amigos que queriam criar uma escola com a cara da comunidade, cheia de garra e disposta a enfrentar obstáculos.

Império de Fátima(Ricardo Medeiros)

Em 2020, a escola levou parte da sua estrutura para galpões em Novo Horizonte, por causa do espaço e por serem locais que “caberiam” no orçamento. Acabou que a comunidade abraçou a escola, e começou uma relação muito positiva.

Além do afeto, o desfile deste ano gerou 14 postos de trabalho no bairro, de jovens que foram capacitados e viraram aderecistas, ajudantes, soldadores, entre outros. Sem contar que todo o material possível foi comprado no comércio local, desde produtos em lojas de material de construção, armarinhos, até o almoço e o pão na padaria ou no barzinho. A agremiação foi campeão do Grupo B nos anos de 2018 e 2020.

PEGA NO SAMBA

Pega no samba
Pega no Samba mostrou tudo o que há de bom na favela na avenida do Sambão do Povo. (Rodrigo Gavini)

O movimento que começou como um bloco de carnaval na década de 1970 virou um grito importante defendendo que a favela é cultura. O Pega no Samba foi a 3ª escola a desfilar no Sambão do Povo no grupo A do Carnaval de Vitória em 2023. Apesar das belezas do samba-enredo, com referências a Elza Soares e Emicida, a agremiação extrapolou o tempo permitido para desfile: foram 57 minutos e 37 segundos, pouco mais de dois minutos além do intervalo previsto em regra.

O samba-enredo do Pega no Samba estava na ponta da língua dos componentes. A letra falava em fé e orgulho do "crias".

O primeiro carro do Pega no Samba trouxe exemplos de histórias da comunidade. Segundo a escola, tudo é favela e é samba. Inclusive o trabalho formal, como o da jornalista Dani Abreu, da TV Gazeta, que estava no carro. Outros profissionais também foram homenageados. Em outro carro estava a ativista Deborah Sabará, que levantou a faixa "vidas negras importam".

Pega no samba
A apresentadora Daniela Abreu, da TV Gazeta, brilhou no desfile da escola . (Alberto Borem)

Quase "cinquentona"

O Grêmio Recreativo Escola Pega no Samba tem 47 anos, foi fundado por Genésio Mendes, Maira Mendes e seu filho Mário Mendes. Começou como um bloco de carnaval e em 1982 passou a ser escola de samba, já com a denominação atual. No seu primeiro desfile, conquistou o título de campeã do 2º grupo, com o enredo “Sonho Infantil”.

O Pega no Samba traz para o sambão a cultura, o trabalho e a criatividade que as periferias produzem. Querem mostrar que favela é cultura e que todo mundo consome um pouco dela. Quem mora na periferia é responsável por construir quase tudo, desde as bases da construção civil às bases da educação, do sincretismo religioso à mistura cultural que vivemos, tudo passa pelo filtro da economia criativa das favelas.

Pega no Samba(Rodrigo Gavini)

A ideia partiu do entendimento de que existe uma necessidade de a Escola homenagear seu próprio chão e prestigiar com isso as pessoas que recebem pouco reconhecimento de tudo que produzem. O chão de uma Escola de Samba é um local sagrado de pertencimento, não só de pertencimento cultural, mas funciona como um aquilombamento. “Chão” é comunidade! O movimento periférico não segue a ordem da individualidade, segue a ordem do movimento de união, o movimento periférico é coletivo, a periferia é o povo.

E a passarela que é do samba, vai ser também do funk, do brega funk, do axé, do hip hop, do passinho, do riscado, do Carnaval. Todas as alas, tirando as de quesito, vem com uma média de 40 pessoas.

SÃO TORQUATO

Independentes de São Torquato leva cultura capixaba para o Sambão do Povo
Independentes de São Torquato leva cultura capixaba para o Sambão do Povo. (Rodrigo Gavini)

O enredo “Madalena - Muito mais que um bem-querer”, da Independentes de São Torquato, abriu caminho para homenagear a maior parte da população do Espírito Santo: as mulheres.

A 4ª escola a entrar no Sambão do Povo no desfile do Grupo A trouxe referências culturais capixabas, sobretudo símbolos de Vila Velha, para o primeiro dia do Carnaval de Vitória de 2023. Apesar da força do samba-enredo, a escola excedeu o tempo permitido para o desfile. Foram 57 minutos e 7 segundos, mais de dois minutos acima do limite.

Independentes de São Torquato leva cultura capixaba para o Sambão do Povo
Desfile da São Torquato enalteceu a força das "Madalenas". (Rodrigo Gavini)

A exuberância das fantasias com materiais que lembravam plumas e penas chamou atenção no Sambão do Povo. As cores tomaram conta da avenida. "São Torquato minha vida, sempre vai te amar", cantavam. A escola tem cinco títulos de campeã do Grupo Especial, mas precisa conquistar o troféu do Grupo A antes de pensar no hexacampeonato na elite.

A intenção da escola foi valorizar o congo, cultura popular de Vila Velha. A Barra do Jucu foi colocada como destaque no Sambão do Povo.

Muita tradição

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Independentes de São Torquato é uma escola de samba de Vila Velha, sediada no bairro de São Torquato. A agremiação tem sua origem no antigo bloco Caveira, fundado no início dos anos da década de 1950. Mas como escola de samba, foi criada no ano de 1974 após ter sido campeã dos concursos oficiais de blocos de Vitória e Vila Velha.

A escola desenvolveu durante sua trajetória enredos diversos, desde homenagens a ícones do carnaval como em 2012 à carnavalesca carioca Rosa Magalhães, obtendo o quarto lugar, e a valorização das riquezas capixabas como em 2014 falando da região do Caparaó.

Independentes de São Torquato leva cultura capixaba para o Sambão do Povo(Rodrigo Gavini)

Possui 5 títulos de campeã no grupo especial, esses sendo em 1981, 1982, 1983, 1991 e 1992. Retornou ao grupo especial em 2019 com o enredo “O bar e o sonho. Terra de todas as gentes. Deixa quem quiser falar, a Independentes vai cantar!” de autoria do Carnavalesco Edmilson Galdino.

CHEGA MAIS

Chega Mais
Casal de mestre-sala e porta-bandeira da Chega Mais. (Rodrigo Gavini)

A bateria formada por crianças, mulheres e uma pessoa com deficiência deu diversidade ao que a escola classificou como "Uma explosão de talentos" - o nome escolhido para fantasia.

Um carro-chefe da “Chega Mais” foi a presença do César MC, artista da comunidade que faz sucesso em todo o Brasil. Apesar de ter nascido no bairro, foi a primeira vez de César desfilando no Sambão do Povo.

Com o enredo "No alto do Morro, no topo do mundo. Dai ao Quadro o que é da Arte", a escola dos bairros do Quadro, Cabral e Santa Tereza valorizou artistas, projetos sociais e a própria escola de samba.

Chega Mais(Rodrigo Gavini)

Em um desfile animado, o 5º da noite no Grupo A do Carnaval de Vitória, a comunidade dançante fez bonito e cantou o samba-enredo chamando atenção para o amor pelo local onde vivem, contrastando com a “cultura de morte”. A agremiação encerrou o desfile com 53 minutos e 14 segundos, portanto, dentro do permitido.

As centenas de pessoas que vestiram as fantasias da “Chega Mais” no desfile no Sambão do Povo pareciam ter um mesmo objetivo: mostrar o Morro do Quadro como uma comunidade recheada de samba e arte.

MOCIDADE DA PRAIA

Mocidade da Praia
Mesmo com o sol dando "bom dia" a bateria da Mocidade da Praia não perdeu o pique na avenida. (Rodrigo Gavini)

A história de amor do pescador Dondon com a indígena benzedeira Dona Neném virou enredo de Carnaval em 2023, cantado pela Mocidade da Praia, escola de samba da Praia do Canto.

E o desenvolvimento do bairro, com o surgimento do Iate Clube e o Triângulo das Bermudas não foge da história de amor do casal que viu a região se tornar ponto importante da capital do Espírito Santo. A escola cantou no clarear do dia e fechou o desfile 11 segundos antes do limite de tempo: 54 minutos e 49 segundos.

A história do casal acompanha as mudanças na região, e os fatos foram divididos em capítulos. Na linguagem do Carnaval, em alas. Cada uma delas detalhou um momento importante, seja da história do casal, do bairro ou da escola de samba criada como um grupo de batucada em 1947. A escola de 75 anos levou para avenida a cultura da pesca e do bairro.

Mocidade da Praia(Rodrigo Gavini)

Ganharam destaque, por exemplo, Iemanjá, jogos praianos, o músico Maurício de Oliveira, o tradicional Colégio Sacré-Coeur de Marie e a padroeira do bairro Praia do Canto, Santa Rita de Cássia.

Ao fim do desfile, o presidente da Mocidade da Praia, Luciano de Paula Azevedo, afirmou estar satisfeito com o desemprenho da escola.

"Trabalhamos muito por isso. Uma das ideias foi contar a história da comunidade, aproximar mais a comunidade ao público. Há muita coisa importante envolvida. Saímos com o sentimento de dever cumprido", afirmou o presidente.

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