Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 07:42
Que a folia começa na Capital capixaba, muita gente já sabe. E foi nesta sexta-feira (14), segundo dia do Carnaval de Vitória, que ocorreram os desfiles das agremiações do Grupo A, no Sambão do Povo. Apesar de as arquibancadas não estarem cheias, muita gente foi ao sambódromo assistir as sete escolas, que almejam subir para o grupo especial. Os camarotes com muita música e lotados de foliões eram os locais mais animados.
A disputa pelo desfile mais bonito, emocionante e organizado começou por volta das 22h40 com a Pega no Samba, que em 2019 deixou a elite da festa de momo após alguns problemas na harmonia durante o desfile.
Neste ano, a escola do bairro Consolação, em Vitória, apresentou o enredo que defende "intolerância jamais". Com 1,2 mil componentes e três carros alegóricos, a agremiação pediu paz dentro da avenida.
A escola excedeu o tempo na avenida em pouco mais de um minuto, mas a diretoria garante que não foi erro da agremiação.
"Quando a gente está dentro do desfile, não consegue ter muita noção. Mas acredito que a gente tenha feito um bom desfile, apesar de a Família Real ainda estar se apresentando quando entramos na avenida. Se não fosse isso, a gente não atrasaria. Mas, mesmo assim, o desfile foi muito bacana", disse o diretor da escola, Marcelo Ferreira Mendes.
Depois, foi a vez da Chega Mais, escola das comunidades do Quadro e Santa Teresa, também na Capital. No desfile de 2020, a agremiação completa 40 anos de fundação celebrando a cachoeirense Dora Vivacqua, mais conhecida pelo nome artístico da dançarina Luz Del Fuego.
"A expectativa é a melhor possível, o desfile foi lindo, emocionante. A gente veio para brigar e mostrar que a nossa escola é muito grande e tem muita força. Nossa comunidade merece, pois há muito tempo luta por esse trabalho", afirmou, confiante, Leonardo Reis, intérprete da escola.
O desfile foi composto por 1,2 mil integrantes distribuídos em 17 alas. Em um de seus carros alegóricos, naturistas de diversas cidades do país representaram a atividade que a dançarina ajudou a difundir no Brasil.
A terceira escola a desfilar nesta sexta-feira foi a Andaraí. Criada em 1946, a escola exaltou na avenida, neste ano, um dos símbolos da cultura brasileira: a cachaça. A agremiação foi ao Sambão com 1,3 mil componentes em 22 alas e três carros alegóricos.
A escola atrasou cerca de cinco minutos para sair da avenida. Mas para o presidente da escola, Tiago Bandeira, os pontos positivos foram maiores. Ele acredita que Andaraí vai disputar o título e voltar ao Grupo Especial.
"Não queremos ficar na sexta-feira, queremos subir. A gente sempre pediu a união da comunidade e nesse desfile nós reunimos todas as gerações, com organização. Andaraí é grande, a entidade carnavalesca mais antiga, que deve ser respeitada", disse.
A serrana Rosas de Ouro, única agremiação de fora de Vitória a desfilar no Grupo A, levou ao Sambão um enredo que celebra o congo, falando também do povo negro e suas lutas.
Parte de uma das estruturas do carro chegou a cair na avenida bem no momento em que passava na frente dos jurados. Ninguém ficou ferido. Na passarela da folia, 1,1 mil componentes em 16 alas e mais dois carros alegóricos seguiram contando a história da África ao município da Serra.
A escola foi fundada em 1984 e obteve o seu mais importante resultado em 2006, quando conquistou o vice-campeonato no grupo especial.
A diretora da escola, Sandra Gomes, afirmou que a apresentação foi simples, mas com um trabalho organizado e com muita dedicação. O presidente da agremiação, Reginaldo da Silva, afirmou que a Rosas de Ouro veio para vencer.
"A gente trabalhou para ganhar. As pessoas nos camarotes nos elogiaram muito, mas o que vale são os jurados. Nosso tema fala do congo na sua essência, desde a África até o Espírito Santo", explicou.
A quinta a entrar na avenida foi a Chegou o que Faltava, que apostou na sorte ao colocar patuás, figas e trevos no samba. Logo na entrada, uma pequena parte da estrutura de um dos carros caiu sob um sambista, mas ninguém ficou ferido.
Mesmo assim, a escola de Goiabeiras contagiou o público com o tema irreverente, com 1 mil componentes divididos em 18 alas, mais três alegorias incluindo o abre-alas.
"A energia na avenida estava incrível. Acredito que escola fez um ótimo desfile, estou confiante que iremos subir para o grupo especial neste ano. O enredo era bem diferente do tradicional, acho que isso pode nos ajudar", opinou Tais Martins Gouveia, segunda porta-bandeira.
A Unidos de Barreiros levou ao Sambão a Magia do Tempo. Esse foi o enredo da escola de São Cristóvão, que teve primeiro desfile oficial em 1936. A agremiação fez um rápido resgate na história, com a esperança de voltar ao grupo especial.
E falando sobre o tempo, a escola foi a que mais atrasou para sair da avenida, excedendo o tempo máximo de cerca de dez minutos.
Muito emocionada e chorando durante a entrevista, Katrina Persi, diretora musical e intérprete, disse que o desfile foi um dos momentos mais bonitos que já viveu. "A gente conseguiu conquistar esse espaço e fazer um trabalho bonito. Não viemos só para desfilar, estamos com muita garra e amor envolvido. Estou em estado de graça", afirmou.
E foi a Mocidade da Praia que finalizou a festa, por volta das 5h30. A escola campeã do Grupo B, em 2019, foi fundada na Praia do Canto, em 1947. A agremiação cantou "um mundo azul", abordando a diversidade do universo das pessoas com autismo.
O cronômetro oficial da escola, Rafael Fernandes, contou que o desfile que ocorre pela manhã é mais difícil por conta da claridade, mas mesmo assim ele acredita que terá um bom resultado.
"O desfile foi uma superação, tivemos muita dificuldades no início com alguns carros parados pela Guarda Municipal. Mas, mesmo assim, conseguimos um bom desempenho, com a escola inteira no Sambão."
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