Vitória
Explorar o futuro no dia a dia e permitir que todos tenham acesso a essa possibilidade é uma urgência que abrange toda a sociedade - de corporações a escolas, passando por grandes centros, interior e favelas. Esse é um dos propósitos do ecossistema "O Futuro das Coisas", que entre outras atribuições busca despertar novas reflexões sobre o futuro do trabalho, inovação e educação. É também tema do 1º Fórum IOB Tech, que acontece nesta quarta-feira (20) em Vila Velha, para discutir temas como cenários de futuro, diversidade no mercado tecnológico e o impacto da inteligência artificial no mercado.
O CCO de "O Futuro das Coisas", Rodolfo Bonifácio, é um dos palestrantes do evento, que acontece até as 17 horas na Universidade Vila Velha (UVV). A Gazeta bateu um papo com o especialista, que destaca que o principal desafio das organizações é a relação das pessoas. Bonifácio fala também sobre o que considera importante para que organizações e funcionários caminhem rumo a transformações necessárias. Confira:
A que o ecossistema "O Futuro das Coisas" se propõe, dentro desse contexto em que tanto se fala em inovar e transformar o mercado?
Oferecer para organizações conteúdo falando sobre o futuro do trabalho, do desenvolvimento dos profissionais no mercado com uma lente muito voltada para o desenvolvimento humano e para o fortalecimento do indivíduo dentro da força de trabalho. Nessa caminhada de oito anos da empresa, atuando em todo o Brasil, é uma alegria oferecer reports e conteúdos para que cada vez mais os profissionais possam se sentir capacitados para construir lentes para o futuro.
O que você considera como maior desafio nas organizações?
O principal desafio de qualquer empresa, seja de grande ou pequeno porte, é o desafio das relações. Não é o desafio do Chat GPT ou da inteligência artificial, apesar de tudo isso ser também. O maior desafio das empresas é o das relações, como nós estamos nos relacionando, enquanto indivíduos, enquanto liderança, com as pessoas que fazem parte da nossa equipe. Porque nos últimos anos, décadas, nós não conseguimos construir uma cultura de colaboração, a cultura de competição sempre foi fomentada e ela tem o seu valor, mas a de colaboração abre espaço para construção de lentes sobre o futuro que a gente precisa construir. Estamos vendo que a sociedade não consegue se manter mais do jeito que está; vemos grandes rupturas sociais, ambientais e consigo mesmo. A pesquisa realizada pela Gallup em 2022, aponta que o estado geral da força geral do trabalho é de tristeza, preocupação e estresse. No mundo, 60% das pessoas se sentem desconectadas do trabalho e 79% estão infelizes, são dados muito alarmantes.
O que fazer para mudar essa realidade?
Com consciência, estratégia, dados, com uma construção de afetividade e colaboração, é possível construir futuros que sejam regenerativos, sustentáveis, que as relações de trabalho sejam pautadas no que existe do bem, do bom e do belo, parece utópico, mas eu e os futuristas gostamos de dizer é que absolutamente nada é inimaginável. Os avanços tecnológicos nos proporcionam a criação de futuros incríveis, que a gente nem consegue imaginar só que para construir esse futuro precisamos ajudar as pessoas a imaginar ele e mostrar que ele é possível. Para isso, precisamos que jovens negros estejam nessa pauta, indígenas, pessoas LGBTQIAP+ estejam nessa pauta, que a diversidade esteja na base para construir esse futuro. Precisamos olhar para o racismo estrutural que assola a construção do nosso país há muito tempo, todas as coisas que são dores e que precisam ser combatidas e assim vamos conseguir fortalecer as pessoas, as relações e assim construir ambientes mais saudáveis, empresas melhores que não só visem o lucro, mas também a colaboração e o desenvolvimento dos indivíduos.
Como seriam os primeiros passos para as empresas, principalmente as grandes organizações, que queiram caminhar para essas transformações?
As grandes organizações são como transatlânticos, onde há muitas pessoas envolvidas e complexidades de relações já construídas. O movimento de um transatlântico é diferente de um barquinho, então essas coisas começam lentamente e gradualmente vão ganhando espaço para construir um futuro que a gente quer.
Eu pontuaria seis coisas fundamentais: primeiro, compreender a geração em que nós estamos entendendo o que está acontecendo no mundo, e para isso é preciso abrir espaço para o novo, o que é desafiador. Não desvalorizando o que foi construindo, pois o nosso futuro é ancestral, mas a nossa próxima revolução é a da sensibilidade. Criar comitês, grupos de trabalho e ações contínuas e por aí vai.
A segunda é estar conectada com a tecnologia e transformação digital, que veio como um marco de transformação grande em nossas vidas. Em seguinda, flexibilidade e mobilidade para o trabalho. Pós-pandemia percebemos que a nossa força de trabalho é flexível, graças à tecnologia. Essa ideia de comando e controle e que o funcionário precisa estar presente no escritório para ser produtivo, faz parte de um entendimento que ainda está preso em um passado. Em quarto lugar, destaco diversidade e inclusão não só para atender uma expectativa de mercado, mas como uma construção estratégica e perceber que trabalhar com inclusão e diversidade é algo formidável, fazer isso porque temos compreensão do país em que estamos atuando.
Pra fechar, temos o tema da sustentabilidade para que a gente tenha empresas responsáveis e que se preocupam com questões ambientais e que abrem espaços para realmente construir esse futuro que a gente quer e, por último, o desenvolvimento das metabilidades, que são as atividades que são fundamentalmente humanas, que nos colocam acima da curva do robô, que são: empatia, vulnerabilidade e uma das principais habilidades do profissional do futuro, a intuição.
Quais as principais habilidades que o profissional precisa desenvolver para transcender as ideias convencionais?
Aprendizado contínuo, pensamento crítico, resolução de problemas, trabalho em equipe e a gestão do tempo. Todas essas habilidades humanas nos dão habilidade intuitiva de processar as informações e fazer uma percepção de construção de mundo que a máquina, provavelmente, não vai superar.
Sobre a sua participação no IOB Tech, quais serão os assuntos abordados?
Tivemos conhecimento do Instituto Oportunidade Brasil e do trabalho que eles desenvolvem principalmente com a capacitação dos jovens para o mercado de trabalho, para que eles consigam dentro da construção dos avanços tecnológicos estarem preparados para esse universo tão desafiador. A minha discussão vai ser pautada justamente nisso, como a gente consegue espaço para conseguir construir cada vez mais força como essa que o IOB está executando, capacitar as pessoas para o futuro e como fazer esses enfrentamentos tão desafiadores. Sem dúvida nenhuma tendo cada vez mais pessoas com essas lentes a gente vai conseguir de uma maneira mais organizada abrir espaço. E a gente consegue fazer com discussão sobre diversidade, sobre tecnologia, os desafios enquanto pessoas dentro e organizações, do olhar para a diversidade.
1º FÓRUM IOB TECH
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