O volume de chuva que assola o Espírito Santo há mais de uma semana impressiona e já até bateu recordes pluviométricos para o período. Alguns fatores influenciam na manutenção dos aguaceiros, entre eles o fato de a frente fria estar estacionada sobre o Estado que, combinada com a zona de convergência do Atlântico Sul, favorece a formação de nuvens carregadas na região.
Mas não é só isso. Outro fator que faz com que a chuva não dê trégua é a temperatura mais elevada da água na superfície do mar na costa do litoral capixaba. Segundo as medições da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, a temperatura atual está em 27°C, quando o normal para a região é de 25°C.
Esses dois graus a mais funcionam como um combustível e aceleram a formação das áreas de instabilidade, fazendo com que a probabilidade de precipitação aumente, explica a meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Existe a interação entre mar e ar. A situação da água mais aquecida faz com que o ar mais próximo também fique, e aí a condição para a formação de nuvens é favorável. Um exemplo pequeno, igual quando falamos do fenômeno "El Niño", no mar do Peru em especial. Quando ele ocorre, a superfície da água fica mais quente, provocando mais umidade, aquecimento do ar entre outros fatores. O que acontece no mar do Espírito Santo é algo semelhante. Dois graus a mais de temperatura no oceano é bastante coisa para favorecer na formação dessas nuvens carregadas", salientou.
Segundo o meteorologista Hugo Ramos, as chuvas em novembro, dezembro e janeiro são normais na região Sudeste em decorrência da zona de Convergência do Atlântico Sul (umidade que vem da Amazônia por meio de ventos vindos da Bolívia). No entanto, ele também reforça que o aumento da temperatura no mar contribui para tornar essas chuvas mais fortes.
"Há um aumento da disponibilidade da umidade que, consequentemente, aumenta o potencial das chuvas. A elevação da temperatura da água também vai elevar a quantidade de água suspensa, devido à maior disponibilidade de calor. São dias mais longos e a a água do mar vai absorver mais calor, aquecendo gradativamente e provocando a umidade", explica Ramos, do Instituto de Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).
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