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El Niño reduz chuva no ES e Vitória tem novembro mais seco em 99 anos

El Niño reduz chuva no ES e Vitória tem novembro mais seco em 99 anos

Levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a pedido de A Gazeta mostra que em outras cidades capixabas quase não choveu

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 07:05

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Vitória teve o novembro menos chuvoso desde 1924, ano em que as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começaram, sendo o menor quantitativo de chuva para o mês na história. Os dados foram levantados pelo órgão a pedido de A Gazeta. Como explicado por meteorologistas, a diminuição das precipitações é resultado dos impactos do El Niño no Espírito Santo

Na Capital, choveu apenas 23,1 milímetros (mm), valor 89,7% menor que a média de novembro (225,9 mm). Até então, o menor volume no mês era de 35,3 mm, registrado em 2003. Os anos de 2014 (68,7 mm) e 2015 (61,2 mm) também tiveram novembros muito secos.

"Esse foi o menor acumulado para o mês da história em Vitória, desde que começaram as medições em 1924", ressalta o meteorologista Thiago Sousa, do Inmet. "Um dos principais motivos é a atuação do El Niño que para a Região Sudeste do Brasil influência na inibição de chuva e aumento das temperaturas", explica. 

Nível Santa Maria da Vitória perto da situação crítica em novembro de 2023
Nível Santa Maria da Vitória perto da situação crítica em novembro de 2023. (Roberto Pratti)

Pouca chuva em todo o ES

Os dados do Inmet mostram que não foi só Vitória que registrou pouca chuva em novembro. Em todas as estações do instituto, as precipitações ficaram abaixo da média. "No restante do Estado, praticamente não houve registro de chuva em novembro de 2023", ressalta o meteorologista.

Das cidades com estações do Inmet a que mais choveu foi Alegre, mas não foi o suficiente para atingir a média do mês (229,7 mm). "Alegre ficou 'apenas' 23,5% abaixo do esperado", destaca Thiago Sousa.

Confira no infográfico abaixo quanto choveu nas cidades capixabas em novembro deste ano. 

Volume dos rios 

A pouca chuva de novembro reduziu a vazão dos principais rios que abastecem a Grande Vitória. O último boletim da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) divulgado nesta quarta-feira (20) mostra que o nível chegou próximo da situação crítica em novembro e só começou a melhorar no início de dezembro.

No Rio Jucu, a vazão na terça-feira (19) era de 14,3 mil litros por segundo, acima do nível considerado crítico de 6,2 mil l/s, mas muito abaixo da média para o mês (38,9 mil l/s). No Santa Maria da Vitória, a vazão está em 5,3 mil l/s, acima do nível crítico de 2,8 mil e  bastante abaixo do esperado para o mês (22,7 mil l/s). 

Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh)
Volume dos rios que abastecem a Grande Vitória no dia 19 de dezembro de 2023. (Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh))

Impacto do El Niño no ES

Uma nota técnica do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) destaca que as expectativas de chuvas entre outubro e novembro foram frustradas e a situação não deve mudar. Por conta disso, o instituto ressalta a importância da adoção de medidas a fim de promover um uso mais sustentável da água, evitando escassez hídrica.

Consonante a essa orientação, o governo do Estado, por meio da Agerh decretou estado de alerta. Com a nova determinação, ações reconhecidas como promotoras de desperdício de água ficam passíveis de proibição e penalização pelas prefeituras.

O que é o El Niño

Os fenômenos climáticos El Niño e a La Niña ocorrem no oceano Pacífico Equatorial. Enquanto o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal dessa região, a La Niña é marcada por temperaturas mais frias. Essas mudanças afetam globalmente os padrões atmosféricos, transporte de umidade, temperatura e precipitação. 

O aquecimento provocado pelo El Niño causa mudanças no comportamento dos ventos e no regime de chuvas em algumas áreas do planeta. Como consequência, ocorre uma diminuição das águas mais frias que afloram próximo à Costa Oeste da América do Sul. 

No Brasil, a evidência mais conhecida é a modificação do regime de chuvas na parte norte da Região Nordeste e a Região Amazônica, onde a seca se agrava, e a Região Sul, onde as precipitações se intensificam. 

O Incaper explica que ao longo do tempo muitas pesquisas tentam buscar respostas cientificas sobre os impactos do El Niño no Espírito Santo. No entanto, ainda não há uma descrição relativa do regime de chuva sob a influência deste fenômeno no Estado. 

Por outro lado, alguns estudos descritivos mostram que a média das temperaturas no Sudeste do Brasil ficam acima da média climatológica.

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