Um relatório divulgado pelo observatório europeu Copernicus (C3S) mostra que março de 2024 foi o mais quente já registrado no planeta. Mas será que essa tendência se repete no Espírito Santo? Dados levantados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a pedido de A Gazeta, mostram que o mês registrou temperaturas superiores à média em diversas cidades, sendo que Vitória bateu recorde e teve a maior temperatura em 48 anos, desde quando as medições começaram.
Em quase todas as cidades analisadas pelo Incaper, a temperatura em março de 2024 superou a média climatológica (1976 a 2024). Apenas em Alfredo Chaves, no Sul do Espírito Santo, não houve aumento. Já Vitória, na Região Metropolitana, e Linhares, no Norte, tiveram a maior diferença em relação à média: 1,4 °C.
Os dados do Incaper mostram que houve recorde de calor em março deste ano apenas na Capital, onde a média ficou em 28,4 °C. Nas outras cidades os recordes ocorreram principalmente na década de 90. Confira na tabela abaixo.
“Com exceção de Alfredo Chaves, que ficou com 0,1°C abaixo da média, outras partes do Estado, como: Venda Nova do Imigrante, São Mateus, Linhares, Marilândia, Presidente Kennedy, superaram a média de temperatura para o mês de março no período (1976 a 2024), porém, março de 2024 não foi o mais quente da história”, ressalta o meteorologista Ivaniel Fôro Maia, do Incaper.
Em março também foi registrada a maior temperatura do Estado neste ano. No dia 17, durante uma onda de calor, os termômetros chegaram a 40,3ºC em Cachoeiro de Itapemirim e os cachoeirenses enfrentaram uma sensação térmica de 48ºC. Nesse dia, outras cidades capixabas também atingiram suas maiores temperaturas do ano.
Em algumas cidades, como Vitória, o recorde de calor do ano foi atingido no dia 28 de fevereiro. Na Capital, a máxima ficou em 36,2ºC.
O meteorologista Ivaniel Fôro Maia explica que esse fenômeno de picos de calor em 2024 já era esperado, devido ao El Niño, que provoca no Espírito Santo e, em boa parte do Sudeste, temperaturas acima da média.
“Já aguardávamos, porque o El Niño chegou ao seu máximo entre o final e o início do ano, agora ele esta saindo de cena, se desconfigurando, entre abril e maio, e vai abrindo espaço para águas mais frias no Oceano Pacífico, que vai gerar o La Nina, vamos sair de um extremo de temperaturas elevadas para uma fase de temperaturas mais frias”, pontua.
Ele ressalta que apesar de ter provocado alta nas temperaturas em 2024, o El Niño desta vez não foi o mais forte da história. “Veio em um patamar forte, mas não foi o mais intenso. Na década de 90, a gente teve um mais forte, por exemplo. Esse não foi extremo”, contextualiza. Por isso, na maioria das cidades capixabas, os recordes de março foram registrados entre 1990 e 1998.
Ivaniel diz ainda que o calor intenso provocado pelo El Niño está diretamente ligado às chuvas intensas que destruíram Mimoso do Sul e demais cidades da região.
“Esse calor de forma mais local acaba favorecendo essas pancadas de chuva muito volumosas, principalmente na Região Sul. Quando mais calor você tem, mais energia disponível para a formação de nuvens de tempestade como aquelas que atingiram Apiacá, Mimoso”, destaca.
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