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Ferrovia: documento que governo do ES vai entregar à ANTT baterá firme na captação de carga

Governo e entidades ligadas ao setor produtivo capixaba estão concluindo a elaboração de um documento com quase 100 páginas que será entregue à agência reguladora

Publicado em 18/10/2024 às 03h50
Vports
Vports revitaliza estrutura ferroviária e de galpões no complexo portuário . Crédito: Carlos Alberto Silva

O prazo dado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para a apresentação de sugestões ao processo de renovação antecipada da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), responsável por ligar os portos do Espírito Santo ao Brasil Central, acaba no dia 29 de outubro. Governo do Espírito Santo e entidades ligadas ao setor produtivo capixaba estão concluindo a elaboração de um documento com quase 100 páginas que será entregue à agência reguladora. A VLI Logística, atual concessionária, apresentou proposta para um novo contrato de 30 anos. É justamente ele que está em debate.

O material fará uma defesa firme da construção da variante da Serra do Tigre, em Minas Gerais, solicitará investimentos como a ligação ferroviária entre Unaí (MG) e Pirapora (MG), proporá mais terminais intermodais de captação cargas ao longo da ferrovia e a ampliação da capacidade do ramal de Piraqueaçu (entre João Neiva e Barra do Riacho, já na Ferrovia Vitória-Minas). O objetivo é fortalecer o Corredor Centro-Leste como alternativa para escoar as mercadorias principalmente do Triângulo Mineiro e do Noroeste de Minas. 

A intenção é ter uma conexão direta e robusta com o Brasil Central e mostrar que faz sentido, economicamente, para o Brasil escoar produção pelos terminais portuários instalados, em instalação e ainda a serem instalados ao longo da costa capixaba. A redução dos custos logísticos com as melhorias propostas na FCA (incluindo aí Serra do Tigre) chegariam aos R$ 2 bilhões por ano já em 2025. O dado é da Federação das Indústrias do Espírito Santo. 

Além disso, aí já observando o lado político e social, governo e empresariado capixaba ponderam que, caso o Corredor Centro Leste fique para trás, o Estado corre sério risco de ficar isolado logisticamente, dependendo quase que exclusivamente do movimento de minério. "A realização de investimentos adequados nessa renovação tem o potencial de movimentar todo o desenvolvimento econômico e social capixaba", destaca o documento. Importante frisar que a expansão do eixo logístico é uma das chaves para manter uma atividade econômica robusta no Estado depois do fim dos benefícios fiscais. Sustentáculo do Produto Interno Bruto capixaba nos últimos 50 anos, os incentivos acabam em 2032, conforme a reforma tributária aprovada pelo Congresso Nacional no final do ano passado.

"Até pouco tempo, diziam que o Espírito Santo não tinha porto, portanto, não havia motivo para investimentos tão robustos em ferrovias. Entretanto, o fato, hoje, é que são vários os empreendimentos portuários em expansão, em obras e projetados ao longo de toda a costa. Um volume enorme de investimento privado, com todas as condições de escoar parte relevante da produção brasileira. O documento que iremos apresentar aponta todos esses fatos e sugere investimentos ao longo da ferrovia para captar mais carga e aumentar a eficiência da estrutura. A proposta atual de renovação não prestigia os investimentos que estão sendo feitos no Estado", disse o vice-governador do Espírito Santo, Ricardo Ferraço.

"Dos quase R$ 10 bilhões de investimento propostos pela VLI para o Corredor Centro Leste, mais de 90% são em vagões e locomotivas. Menos de 10% vão para a estrutura da malha. Além disso, o maior volume de investimentos só começa depois do décimo segundo ano de concessão. É inaceitável, estamos apontando tudo isso no documento. A ANTT precisa fazer uma revisão, afinal, a ferrovia precisa de carga e o país precisa de um transporte mais eficiente. Hoje, trazer milho de caminhão de Goiás para o Espírito Santo fica 30% mais barato do que trazer de trem".

Na audiência pública realizada terça-feira (15), o CEO da VLI, Fabio Marchiori, garantiu que a proporção dos aportes não será esta. "Faremos um investimento equilibrado entre material rodante e malha".

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