Quando a terceira idade industrial despencou sobre o mundo, o mundo nunca mais foi o mesmo. Desde o final do século XX, somos criaturas movidas por tecnologias digitais, mergulhadas em um universo de coisas cada vez mais corriqueiras, tais como inteligência artificial, chatbots, computação em nuvens e outras tantas. Mas nada disso é novidade. Vocês sabem que é difícil encontrar alguém que viva sem um smartphone, sem conexão com uma rede social, sem assistir a filmes ou séries da Netflix e quejandos.
Não tem jeito. Não é mais passado. A era digital está entre nós. Crianças, jovens, adultos e velhos convivem com ela, dia a dia. Não tem como pisar no breque e voltar a um comportamento analógico, embora a contragosto de alguns recalcitrantes que insistem em permanecer em modos antigos de se comunicar. Aliás as próprias palavrinhas “pisar no breque” remontam a um tempo que ficou para trás. Já existem até mesmo automóveis que param sozinhos, controlados pelo computador.
Ninguém ignora que a era digital revolucionou a comunicação. Não se fazem mais modelos de mídias comunicadoras como antigamente Por exemplo, se alguém quiser ler as notícias do dia, não precisa abrir o jornal, basta usar a ponta dos dedos, clicar em um site e imediatamente o desfile de acontecimentos estará lá, ao alcance dos olhos, sedutor e prontinho para ser selecionado, degustado e comentado “na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê”, como canta o Kid Abelha (só para citar, que citar faz muito bem à insuficiência que a gente tem de dizer tudo que quer).
Sem falar que o ato de comprar pelos sites de venda virou uma mania, para alegria de quem não gosta de ir a shoppings e tormenta na hora de pagar o cartão de crédito. É a tentação dos dias de hoje. Você acessa uma rede social, talvez com a singela disposição de contactar amigas e amigos, e logo um rol de propagandas perturbadoras pula diante de sua vontade, enfraquecida por aquelas tantas doces promessas de fazer voltar a juventude, de promover a elegância, de facilitar o conforto do lar, de trazer a felicidade aos viventes.
A primeira etapa da esparrela é acionar o quadradinho do “saiba mais”. Logo acontece um desfile de embromações tentadoras, cada uma jogando para a próxima e a próxima e a próxima. Ao final de muito navegar em busca da pedra de toque central, ou você desanima e abandona a empreitada ou persiste e encontra a indefectível oferta de “leve três pague um”. A esta altura, o cansaço já embaralhou o seu cérebro, o produto já deu de dez a zero no jogo, você caiu como um patinho e já clicou no “comprar”.
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