A pandemia da Covid-19 parece estar longe do seu fim. Pelo menos essa é a opinião do enviado especial da Organização Mundial da Saúde (OMS), David Nabarro. Segundo ele, em entrevista a um jornal suíço, a Europa provavelmente enfrentará uma terceira onda letal antes que os efeitos da vacina alcancem seus resultados.
A segunda onda do vírus varreu praticamente toda a Europa. Estamos vivendo no momento o ponto mais crítico, sem controle efetivo da propagação do vírus. Segundo Nabarro, “as reações europeias foram incompletas e tardias. Eles deixaram de montar a infraestrutura necessária nos meses de verão, depois de ter posto sob controle a primeira onda”. Na visão dele, se isso se repetir, antecipa-se uma terceira onda “já no começo do próximo ano”.
Também segundo Nabarro, a Europa teria muito a aprender com os países asiáticos: “é preciso reagir enquanto o vírus se propaga no início, se propagando lentamente em diversas comunidades”. Com a reação tardia, como está demonstrado nos números apresentados diariamente nos países do continente europeu, o problema ficará muito maior e o esforço necessitará ser redobrado. No verão europeu, se vivenciou uma breve queda das taxas de contágio e de letalidade. Portugal, por exemplo, chegou a ter dias sem nenhuma morte declarada por Covid-19. Entretanto, essa tendência agora se reverteu.
Para efeitos comparativos, a Alemanha tem uma população de 83 milhões e, na semana passada, teve pouco mais 14 mil novos casos em apenas 24 horas. Já Portugal, com uma população de 10 milhões, teve na segunda onda 4.093 caso por dia. Em contrapartida, o Japão, com uma população de 126 milhões, apresentou 2.596 casos em um dia. E a Coreia do Sul, com uma população estimada em 51 milhões de habitantes, com apenas 386 casos num dia, chegando ao total de 30.700 infectados, isso desde o início da pandemia.
Na Ásia, os números são relativamente mais baixos porque “as pessoas estão totalmente engajadas, adotam comportamentos que dificultam o avanço do vírus”, afirma Nabarro. O distanciamento social e a utilização de máscaras em todos os ambientes são considerados as principais ferramentas no combate à pandemia. Isso sem falar no aspecto cultural dessas populações, que quando estão doentes, naturalmente se isolam, cortando a cadeia de propagação do vírus, além de adotarem medidas de higiene mais rigorosas.
A Ásia não relaxou as restrições prematuramente, acrescenta Nabarro: “quando os números de casos foram reduzidos, com a ajuda de uma reação forte das pessoas, não se relaxam as medidas, espera-se até que os números estejam baixos e permaneçam baixos”. Outro aspecto ressaltado é a comunicação clara e direta com a população, sem falsos argumentos ou subterfúgios.
Se queremos uma economia forte e manter nossas liberdades, precisamos respeitar as regras básicas durante esse período. Para o enviado especial da OMS, deve sempre haver equilíbrio entre as diversas prioridades. “Para que a economia funcione bem, é preciso fazermos a saúde funcionar”. Enquanto isso, os países do continente europeu correm tentando recuperar o tempo perdido, com medidas restritivas de circulação à espera da vacina em janeiro.
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