Após bater cabeça no MDB, o prefeito de Linhares, Guerino Zanon, articula-se no PSD, onde vai disputar espaço, amigavelmente (em tese), com o ex-vice-governador Cesar Colnago, egresso do ninho tucano e recém-filiado ao partido. Os dois são pré-candidatos ao governo do Espírito Santo. Essa corrida começa, mais acirradamente, a partir desta sexta-feira (1). Nesta quinta (31), Guerino anunciou a renúncia ao cargo de prefeito, cadeira que ocupou por cinco mandatos. Por imposição da legislação, ele teria que fazer isso até o próximo dia 2 para poder concorrer ao Palácio Anchieta.
Como a coluna mostrou, desde setembro ele tem ido além dos limites de Linhares pavimentando o caminho para a corrida eleitoral.
Nesta quinta, pela manhã, o ainda prefeito inaugurou uma unidade de saúde, no bairro Aviso, cercado de aliados e de líderes comunitários. Não deixou de cumprimentar também "o palhaço Risadinha", que estava na plateia. À noite, em tom mais formal, foi à Câmara Municipal e despediu-se da cidade sem dizer exatamente o motivo da partida, "por força da legislação eleitoral".
No discurso, burocrático, falou da própria trajetória, lembrou que passou 17 anos e 3 meses à frente da prefeitura e que, na eleição de 2006, para deputado estadual, conquistou "65.704 votos, marca ainda não batida até os dias atuais".
O desafio de Guerino, além de obter votos e, antes, intenções de votos relevantes, é garantir chapas para eleger deputados federais pelo PSD, algo crucial para qualquer partido. Ele já tem se movimentado nesse sentido, com o auxílio do ex-deputado federal Lelo Coimbra.
À frente do PSD está José Carlos da Fonseca Júnior, o Zé Carlinhos, responsável por guiar a legenda em meio às turbulências da primeira eleição sem coligações entre partidos para a eleição de deputados. Neucimar Fraga, ele mesmo deputado federal e então presidente estadual do partido, debandou, foi para o PP, por uma questão de sobrevivência, ou seja, aumentar as chances de reeleição.
Foi um feito de Zé Carlinhos a atração de César Colnago ao PSD, mas isso também passou por Guerino, segundo o próprio Colnago. Ficou combinado que, mais à frente, quem tiver melhores condições, for mais competitivo, assume a cabeça de chapa, por escolha dos integrantes do PSD. Quem for preterido apoia o outro. O plano B de Colnago é o Senado.
Se der Guerino, Colnago seria um bom puxador de votos para ele na Grande Vitória, uma vez que o veterano político de Linhares é mais conhecido pelas bandas do Norte. Se der Colnago, Guerino pode agir como articulador em prol do ex-tucano e também ser um cabo eleitoral no Norte.
No MDB, comandado pela senadora Rose de Freitas no Espírito Santo, o ex-prefeito não teria vez. Ela leva o partido a apoiar a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) e, como contrapartida, quer apoio do socialista à própria reeleição. O MDB local, de qualquer forma, está esfacelado, não teria envergadura para bancar uma candidatura ao Executivo estadual.
Curiosamente, o motivo que levou Colnago ao PSD também foi, indiretamente, o governador Casagrande. O PSDB já sinalizou que vai subir no palanque dele, logo, não emplacaria um concorrente ao Palácio Anchieta.
Além de Colnago, que é uma espécie de amigo e rival, Guerino também vinha se articulando com o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, outro pré-candidato ao governo. Erick é do Republicanos, mesmo partido do vice de Guerino, Bruno Marianelli, agora prefeito de Linhares até o final de 2024.
O ex-prefeito tem que se mostrar competitivo e imprimir marcas, para além do famoso bigode, se quiser mostrar que, aos 65 anos e com 26 anos de vida na política, pode significar mudança, renovação.
Inicialmente a coluna informou que Bruno Marianelli ficaria à frente da Prefeitura de Linhares até o final de 2023. Na verdade, é até o final de 2024. A informação foi corrigida.
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