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Toninho Pavão é preso no ES por suposta venda de drogas para o PCC

A prisão foi realizada pela Polícia Federal; celular de outro integrante da facção criminosa revelou as negociações que incriminaram Pavão

Vitória
Publicado em 15/10/2024 às 03h30
Toninho Pavão
Crédito: Arte A Gazeta

Um conhecido criminoso do Espírito Santo foi detido no último dia 10 em uma operação da Polícia Federal. Ele é suspeito de negociar drogas para o Primeiro Comando da Capital, o PCC, no Espírito Santo. José Antonio Marim Nogueira, mais conhecido como Toninho Pavão, volta ao presídio dois anos após ter deixado a unidade para cumprir o restante de sua pena em liberdade.

Pavão foi condenado a 64 anos em regime fechado por crimes variados. Cumpriu cerca de 20 anos de sua pena quando progrediu para o regime aberto em agosto de 2022. Foi detido na última quinta-feira (10), no hospital, quando fazia exames e se preparava para realizar uma cirurgia.

As investigações da Polícia Federal, que resultaram na Operação Ghosts, revelaram que os envolvidos movimentavam drogas, armas e veículos, buscando o fortalecimento e uma possível parceria da estrutura do PCC paulista com a organização instalada no Estado.

Por nota a Polícia Federal informou ainda que diversos investigados possuem várias passagens anteriores por crimes graves, como homicídio, roubo, tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo, além de figurarem como membros de facções criminosas.

Pavão foi levado para a Penitenciária de Segurança Máxima 2, no Complexo de Viana. Além dele foram detidas outras sete pessoas e cumpridos 12 mandados de busca e apreensão. Um trabalho realizado por 60 policiais federais, em cidades da Grande Vitória e em Anchieta, Sul do Espírito Santo.

Informações por celular

Foi o celular de uma outra liderança do PCC presa que levou a identificação da participação de Pavão nas negociações criminosas. No equipamento apreendido foram encontradas informações que o apontam como possível fornecedor de drogas para a facção.

A troca de informações envolvia Charle Pinheiro Januário, 47 anos, apontado como integrante do PCC atuando no Espírito Santo. Ele foi preso em maio deste ano, em uma operação da Polícia Civil na zona rural de São Mateus.

Charle era foragido do sistema prisional e suas ações na facção o levaram para a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, por dois anos. Contra ele, havia um mandado de prisão por condenação com pena de 30 anos e 8 meses, além de outro mandado pelos seguintes crimes: homicídio, roubo a banco, extorsão mediante sequestro, tráfico de drogas e associação para o tráfico.

Histórico na criminalidade

Há três dias Pavão recebeu a concordância do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para que pudesse passar o natal com o pai, em Aimorés, em Minas Gerais. Mas foi preso antes de receber a autorização da Justiça estadual. 

Ao longo das últimas duas décadas,  ele protagonizou inúmeras ações na criminalidade e chegou a ser apontado na lista dos mais perigosos do Estado. Confira o histórico:

  • Prisão - Em 2000 ele foi preso suspeito de liderar uma quadrilha de tráfico de drogas que tinha ligações fora do Estado e do país. O bando trazia as substâncias de Rondônia e fabricava as drogas em grande quantidade em um laboratório em Putiri, na Serra.
  • Fuga cinematográfica - Em 2003, ele fugiu do presídio de segurança máxima de Viana pela porta da frente, vestido de mulher, atravessando oito portões fechados com cadeados e não arrombou nenhum deles. Toninho saiu do Estado em um avião roubado. Dezenove supervisores que trabalhavam no presídio no dia da fuga foram exonerados.
  • Recaptura - Ele foi recapturado em dezembro de 2004, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Investigações da Polícia Federal mostraram que Pavão e a quadrilha dele assaltaram cerca de 100 bancos no Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. À época, foi estimado que movimentavam,  mensalmente, cerca de 1,5 tonelada de maconha, comprada na fronteira do Paraguai.
  • Ordem para matar por telefone - Em 2006, segundo a Justiça, Toninho deu a ordem de execução de um casal de dentro do presídio de Segurança Máxima de Viana. Era uma cobrança de dívida de R$ 70 mil. 
  • Presídio federal - Após a morte do casal, ele foi transferido, junto com outros presos de alta periculosidade, para o Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná. Depois, foi para a unidade em Rondônia, onde ficou até voltar para o Espírito Santo.
  • Saidinha - Ele foi para o regime de prisão semiaberto em 2018 e, três anos depois, foi contemplado com a saidinha. Retornou ao presídio uma semana depois. 
  • Liberdade - Em agosto de 2022 ele conseguiu a progressão de regime, podendo cumprir o restante de sua pena em liberdade. Foi detido no último dia 10.

A defesa de Pavão

Pavão é representado pelo advogado Wanderson Omar Simon. ele afirma que a prisão foi uma surpresa.

“Meu cliente estava morando na Serra, trabalhando, estava fichado em uma empresa e cumpria com regularidade as suas obrigações com a Justiça estadual, se apresentando a cada dois meses. Foi preso no hospital quando se preparava para fazer uma cirurgia”, relata.

Segundo Simon, a prisão de Pavão é temporária, por 30 dias. “Está sendo investigado em um processo que tramita sob sigilo. Houve busca e apreensão em sua casa, mas não foram encontradas armas ou drogas, nada ilícito foi encontrado. Espero que o andamento das investigações esclareçam os fatos”.

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