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Freitas: 'Minha entrada na chapa de Erick foi ato espontâneo. Não foi orientação do governo'

Freitas: "Minha entrada na chapa de Erick foi ato espontâneo. Não foi orientação do governo"

Recém-empossado como novo líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa, o deputado Eustáquio de Freitas, do partido do governador, tem versão diferente da expressada pelo ex-líder Enivaldo dos Anjos

Publicado em 2 de dezembro de 2019 às 17:59

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Deputado Freitas (PSB) é o novo líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa do Estado. (Tati Beling/Ales)

Recém-empossado como novo líder do governo Casagrande na Assembleia Legislativa, em substituição a Enivaldo dos Anjos (PSD), o deputado Eustáquio de Freitas, em entrevista exclusiva à coluna, tem uma versão diferente daquela expressada por Enivaldo sobre os acontecimentos que marcaram a sessão da última quarta-feira (a da reeleição relâmpago de Erick Musso para a presidência da Casa) e que resultaram na troca do líder.

Durante o rápido processo eleitoral, que pegou de surpresa governo e deputados governistas, Freitas acabou fazendo um acordo na hora com Erick Musso e foi absorvido pela chapa eleita para comandar a Assembleia no biênio 2021-2023, no posto de 2º secretário. Durante o processo de votação da chapa, Enivaldo não recomendou aos deputados da base que votassem contra a chapa liderada por Erick. Teria descumprido uma ordem direta e expressa do próprio governador.

Conforme Enivaldo relatou à coluna, ele entendeu que o ingresso de Freitas na chapa foi uma senha dada pelo próprio Palácio Anchieta de que havia aceitado a reeleição de Erick, visto que Freitas é tido como o deputado mais fiel a Casagrande em plenário, por isso não faria sentido ele dar à base uma orientação em contrário.

Freitas, no entanto, garante: sua composição com Erick, que resultou em seu ingresso na chapa, foi um "ato espontâneo" dele mesmo; uma decisão tomada por ele, "na hora", "no momento". Ou seja: ele não entrou na chapa de Erick por orientação do governo.

Por outro lado, completa Freitas, assim que assinou a chapa de Erick, ele telefonou para o secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz, para comunicar o acordo que ele havia costurado com Erick. "Não houve resistência."

Evitando jogar mais lenha na fogueira, Freitas não afirma que Enivaldo se omitiu no cumprimento do dever como líder, mas deixa escapar que o ex-líder estaria adotando uma interpretação dos fatos conveniente para ele mesmo.

"É melhor eu não fazer esse juízo de valor. É melhor eu imaginar que a interpretação de Enivaldo esteja correta, porque ele tem todo o direito de interpretar do jeito que for bom para ele", avalia o novo líder. Confira a entrevista de Freitas:

O seu ingresso na chapa do Erick foi espontâneo ou não foi?

  • Meu ingresso na chapa foi uma decisão de momento. Eu chego no plenário, identifico a eleição acontecendo, porque já tinham aberto o tempo para registro das chapas. E eu fiquei sabendo naquela manhã. Vindo para a Assembleia, recebi o comunicado de que ia acontecer a eleição da Mesa Diretora. Eu havia assinado a PEC permitindo a antecipação da eleição, mas esse documento não trazia escrito data, chapa, nada disso. Eu jamais imaginava uma antecipação com esse tamanho. Quando chego na quarta-feira pela manhã, surpreendido com a eleição naquele dia, e já tinha se aberto um prazo de cinco minutos para registro das chapas, não tinha muito tempo para poder trabalhar. E aí me veio na cabeça que precisava… Eu sou governista por opção e por identificar que o governo faz uma excelente gestão para o Estado do Espírito Santo. E, automaticamente, imaginei de que forma contemplar o governo naquela eleição. E aí, imediatamente, também fui convidado pelo atual presidente e candidato à presidência, Erick Musso. Quando adentrei o plenário, ele me disse: "Você podia compor comigo". E aí eu falei: "Você me dá um tempo". Ele me deu um tempo. E eu fui buscar quem poderia compor para melhor estar representando o governo. Aí eu sugeri que a chapa tivesse eu e o Coronel Quintino nas duas secretarias. Isso foi sugestão naquele momento, de repente. Me veio naquele momento um nome que representava bem o governo. Então o presidente estava com a chapa e colocaria eu e o Quintino [este último acabou não entrando na 1ª secretaria, que ficou com Adilson Espíndola].

Então, resumidamente, a sua composição com o Erick ali na hora, com seu ingresso na chapa do Erick, foi um ato espontâneo do senhor?

  • Sim, eu considero um ato espontâneo. O Erick ainda insistiu algumas vezes. E aí eu decidi estar ali representando o governo naquela chapa.

Então o governo, na pessoa do próprio governador, do secretário Davi Diniz ou de qualquer outro emissário, não orientou o senhor a fazer isso na hora?

  • Não. Depois disso, eu liguei para o Davi,e não houve resistência. Depois disso, liguei para o Davi e disse: "Achei que era o melhor caminho, para que o governo estivesse representado".

Enivaldo me disse que, ali na hora da sessão, com tudo acontecendo muito rápido, não só ele como outros deputados governistas leram o ingresso do senhor na chapa do Erick como um sinal do próprio Palácio Anchieta de que o governo havia aceitado a chapa do Erick a partir da absorção do seu nome na chapa. Segundo Enivaldo, foi por isso que ele não orientou a base a votar contra a chapa. O senhor concorda com isso?

  • Eu vou compreender a interpretação do Enivaldo. Mas o Enivaldo assistiu a toda a manifestação ali. Os poucos movimentos que tive tempo hábil para fazer foram acompanhados por ele como líder do governo. Ele acompanhou a minha movimentação querendo colocar a representatividade do governo na chapa. E a minha sugestão inicial era com o meu nome e com o nome do Coronel Quintino.

O senhor acha que o deputado Enivaldo se omitiu e deixou de cumprir a orientação do governo?

  • Não. É melhor eu não fazer esse juízo de valor. É melhor eu imaginar que a interpretação dele esteja correta, porque ele tem todo o direito de interpretar do jeito que for bom para ele.

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