Conversando com minha filha, Emanuelly Valente, sobre o lamentável episódio de agressão à árbitra assistente Marcielly Netto, tentei entender primeiro o difícil acesso das mulheres no futebol, para depois opinar.
Esse problema se apresenta nesses acontecimentos que vêm a público, apesar de acontecerem muitos outros casos que as pessoas não ficam sabendo. O assunto é espinhoso, cabe uma análise bem clara e realista da situação, uma vez que causa surpresa para muitas pessoas que não conhecem o ambiente e os bastidores do futebol.
Frequento estádios de futebol há 45 anos e sempre foi o mesmo. É um ambiente pesado, cheio de rivalidades, provocações e disputas. Pelo fato de ser majoritariamente frequentado por homens, onde muitos deles alimentam essas práticas, a inserção das mulheres nesse lugar não é tarefa fácil e provavelmente é um ambiente que não se tornará menos competitivo e agressivo por causa da presença delas. Essa é, infelizmente, a realidade.
Profissionalmente, as mulheres têm totais condições de destaque. Jornalistas, torcedoras, árbitras, dirigentes e tudo mais que elas quiserem; aliás, trabalhei com algumas assistentes, quando fui árbitro, e elas estão entre as melhores profissionais com quem já estive quando o assunto era precisão nas intervenções, até porque comprometimento profissional e estudo jamais foram uma questão de gênero. Mas, afinal, será que o futebol tem que mudar só porque agora existe uma maior participação feminina? É claro que sim!
Aqui vai um fato: o futebol sempre teve que mudar. Mas, agora, com a representatividade feminina e casos como o desta semana, esse e outros debates entram em pauta. O grito de respeito das diversas 'marciellys", dentro e fora de campo, finalmente mudará o rumo de todo o histórico agressivo desse esporte.
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