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"Eu pagava R$ 50 mil a um árbitro", diz empresário na CPI das Apostas

"Eu pagava R$ 50 mil a um árbitro", diz empresário na CPI das Apostas

William Rogatto na CPI das apostas e manipulações no Senado Federal trouxe declarações muito sérias e caiu como uma bomba nos bastidores do futebol brasileiro

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 15:03

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Jefferson Rudy/Agência Senado  Fonte: Agência Senado
Em depoimento por videoconferência, William Rogatto (no telão) disse aos senadores que tem provas do esquema Jefferson Rudy/Agência Senado Fonte: Agência Senado. (Jefferson Rudy/Agência Senado )

O depoimento do empresário William Rogatto na CPI das apostas e manipulações no Senado Federal trouxe declarações muito sérias e caiu como uma bomba nos bastidores do futebol brasileiro. Ele afirmou, entre muitas coisas, que já operou com árbitros do quadro da Fifa na manipulação de resultados. Segundo ele, é fácil chegar em um profissional que ganha R$ 7 mil para apitar um jogo importante do campeonato brasileiro e oferecer R$ 50 mil para ele entrar no esquema.

“Tinha árbitros também, dos dois. Um árbitro hoje oficial ganha em torno de R$ 7 mil por jogo, eu pagava R$ 50 mil para ele, o árbitro ganha pouco, o gatilho do futebol está na máfia, que é a confederação, é a CBF, que tem recursos e não passa. É tão simples, é uma matemática tão perfeita, não vê quem não quer. Está tão feio que, como não acontece nada, o sistema não faz nada, você vem e oferece um dinheiro fácil. Isso é um gatilho da corrupção que temos no Brasil. Eu sou uma máquina que estou oferecendo para o atleta dinheiro fácil e dando dignidade para ele oferecer comida ao filho dele”, respondeu Willian ao senador Carlos Portinho (PL-RJ) sobre a participação de árbitros de confederações e da Fifa no esquema de manipulações que comandava.

O empresário citou também o VAR, dizendo que todo mundo assiste na televisão quando os árbitros mudam a interpretação dos lances quando vão consultar o VAR e isso já é a outra parte do esquema quando o operador do VAR estaria envolvido.

O empresário do mundo das apostas falou, mas não apresentou nenhuma prova do que disse, aliás, a comunidade esportiva espera essas provas a algum tempo desde que o dono da SAF do Botafogo, John Textor, fez afirmação parecida. Contudo, isso traz uma reflexão ao afirmar que os árbitros ganham muito mal diante da enorme responsabilidade que têm e que as federações e a própria CBF têm recursos mas não valorizam esses profissionais.

A verdade é que o futebol brasileiro entrou de cabeça no mundo das bets. O principal patrocinador do Campeonato Brasileiro e de vários clubes são operadoras de apostas, o que, diante de tantas acusações e desconfianças, leva a questionamentos e acusações - sem provas - acerca das decisões da arbitragem dentro de campo, o que afeta seriamente a credibilidade não só da arbitragem, mas também de toda a estrutura do futebol brasileiro. 

Nem em jogo festivo dão folga à arbitragem

O jogo da esperança com craques de futebol e artistas foi uma festa de solidariedade e brincadeiras, como deve ser eventos voltados para crianças. Artistas e atletas se divertiram e contribuíram muito para a iniciativa que já mudou a vida de muitas pessoas pelo Brasil afora.

Uma pequena contradição me chamou a atenção em relação a arbitragem do jogo festivo. Ex-atletas, que estavam jogando com microfones, faziam exatamente a mesma coisa que criticam quando estão comentando os jogos. Pode parecer uma brincadeira, mas pressionar e reclamar da arbitragem é algo que está na cultura do jogador brasileiro e não é de hoje.

A árbitra Fifa Edina Alves sorria quase sem graça e tentava parecer não estar incomodada quando era questionada quase o tempo todo em suas marcações. Ah, mas era uma brincadeira. Brincadeira que muitas vezes retrata a realidade. Exatamente igual ao que acontece nos jogos oficiais, a árbitra teve dificuldade para chegar até a cabine do VAR quando precisou ir até lá.

Na brincadeira, foi pressionada, questionada e teve até que mostrar cartão amarelo para um dos jogadores. O Jogo da Esperança também poderia ter sido o jogo do exemplo em algumas situações, mas prevaleceu a brincadeira do faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.

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