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Como usar o ChatGPT para estudar para concursos públicos

Como usar o ChatGPT para estudar para concursos públicos

Especialistas ressaltam que, ao recorrer à tecnologia, é preciso saber o que perguntar, com foco no histórico da banca organizadora

Publicado em 10 de junho de 2023 às 18:22

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Uso do ChatGPT para estudar para concurso
Uso do ChatGPT para estudar para concurso. (Freepik)

Muitos concursos estão previstos para serem lançados ainda em 2023, nas áreas fiscal, bancária, tributária, policial e legislativa. Para garantir uma dessas vagas, o candidato precisará ter muita disciplina e dedicação. Mas a tecnologia pode ser uma importante aliada nessa tarefa.

inteligência artificial está presente em nosso dia a dia, seja em uma simples busca na internet, nos aplicativos de celulares, nas TVs, nos videogames e até mesmo quando vamos enviar um e-mail. 

Do início do ano para cá, outra ferramenta vem se popularizando entre milhares de usuários mundo afora: o ChatGPT. A tecnologia gera respostas dos usuários de forma automatizada e pode ser usada de maneira ampla em uma variedade de áreas, desde a organização  e gestão do tempo até a análise de dados e a geração de ideias, o que pode ajudar muito na rotina de estudos.

Entretanto, especialistas ressaltam que, ao usar a tecnologia, é preciso saber o que perguntar, bem como focar no histórico da banca organizadora.

Na preparação para concursos não é diferente, já que muitos concurseiros precisam agilizar os estudos para alcançar a tão sonhada aprovação, como observa o especialista em Tecnologia e CTO do Gran Cursos, Rodrigo Calado. Segundo ele, a inteligência artificial traz funcionalidades que podem ajudar o estudante a acelerar o aprendizado e otimizar o tempo.

“As ferramentas de IA podem oferecer soluções para a jornada de estudos dos concurseiros, seja respondendo questões específicas do conteúdo ou orientando-os por meio de cronogramas de estudos customizados, na elaboração de resumos e no gerenciamento de tempo. São muitas possibilidades”, sugere.

Calado alerta que é preciso ter cautela com as ferramentas. Segundo ele, a IA generativa, como o ChatGPT, é uma categoria da inteligência artificial que cria a partir de conteúdos existentes, ou seja, toda a produção é feita a partir de informações e dados que já foram inseridos na ferramenta. Ou seja, o ChatGPT não é capaz de criar novos materiais, mas sim de interpretar e esclarecer.

“Já realizamos testes em que o GPT respondeu brilhantemente e, em outros casos, em que a resposta foi errada”, afirma. Ainda segundo ele, a solução é usar a tecnologia como apoio, sem se limitar apenas a ela, mas contar também com materiais de estudo tradicionais, como livros e PDFs.

“As ferramentas de IA têm suas limitações. Por exemplo, elas podem fornecer informações incorretas ou incompletas e podem não ser capazes de responder a perguntas complexas ou ambíguas. A IA pode ser ótima para fornecer explicações rápidas e personalizadas, mas também é essencial utilizar conteúdos em outros formatos. Esses recursos complementares podem oferecer perspectivas diferentes, exemplos práticos e uma compreensão mais aprofundada dos conceitos. As dicas de ouro na utilização desse tipo de ferramenta são: realizar uma dupla checagem e ter cuidado na formulação da pergunta para que a ferramenta funcione da melhor forma possível”, observa Rodrigo.

O gestor acadêmico do QConcursos, Luiz Rezende, complementa que o uso da tecnologia para gerar conteúdo de estudo pode não ser muito eficiente. Isso porque, segundo ele, é preciso calibrar o que está sendo pedido e conhecer a metodologia de funcionamento do ChatGPT.

“Basicamente os cuidados são os mesmo de uma pesquisa no Google. É preciso saber o que perguntar. O ChatGPT não acessa a internet e tem um conhecimento adquirido, o que gera uma ampla biblioteca. Então, é possível que tenham informações erradas. A tecnologia permite ter acesso a uma ampla gama de conteúdos. Entretanto, muitos alunos acabam errando pelo exagero. É tanto material que ele até se perde na hora de estudar. É preciso ser mais qualitativo do que quantitativo”, orienta.

Como usar o ChatGPT para estudar para concursos

Para mostrar como funciona na prática, o professor Antonio Batist, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, perguntou ao ao próprio ChatGPT: Como usar o ChatGPT para estudar para concursos?

A ferramenta respondeu em seis tópicos, que ele resumiu na mesma ordem da IA e, em seguida, fez algumas observações:

  1. Tirar dúvidas sobre conceitos que não esteja entendendo;
  2. Pedir ao ChatGPT que simule questões de múltipla escolha ou discursivas;
  3. Solicitar que ele elabore um plano de estudos;
  4. Aprofundar teorias, conceitos ou processos, através de perguntas;
  5. Melhorar habilidades de escrita (praticar redação e pedir que o ChatGPT revise seu texto);
  6. Pedir ao ChatGPT que faça resumos dos assuntos ou dos materiais que você desejar.

A sugestão de Batist é mudar a ordem dos itens e acrescentar outros pontos para concursos:

  • 1) Pergunte ao ChatGPT qual é o perfil da banca do concurso que você vai fazer (estilo de perguntas, se tem pegadinhas, assuntos cobrados com maior frequência, sistema de pontuação ou de correção de provas etc.). Se você sabe qual será a banca, solicite o perfil dela à ferramenta. Se não sabe, considere o concurso mais recente ou a banca mais provável. Os resultados tendem a ser ainda melhores se você fizer perguntas separadas e específicas ao ChatGPT, neste caso. Então, em lugar de apenas perguntar “qual é o perfil da banca FGV em concursos?”, pergunte “quais são os assuntos mais frequentes da FGV em concursos para a instituição tal ou para cargo tal?”

  • 2) Após o ChatGPT informar o perfil e os temas mais frequentes, solicite questões anteriores da banca e do cargo específico que você deseja.

  • 3) Logo em seguida, peça ao ChatGPT para criar questões simuladas seguindo o mesmo estilo da banca e do cargo desejado.

  • 4) Solicite conceitos e teorias para estudar;

  •  5) Solicite ao ChatGPT um plano de estudos específico para o cargo e concurso desejado;

  • 6) Estude e resolva as questões (anteriores e simuladas);

  • 7) Vá calibrando os estudos de acordo com as notas do item 6, investindo mais tempo nas matérias onde obteve notas menores, mas sempre considerando quais matérias têm maior peso no concurso (se você tira 10 em matérias de peso 1 e tira 5 em matérias de peso 3, por exemplo, é praticamente garantido que será reprovado).

Cuidados

O professor, em cada passo da questão 1 (pedir perfil da banca, solicitar questões simuladas etc.), sugere comparar as respostas da ferramenta com outras fontes (sites de cursos preparatórios, canais de estudos e afins), pois, apesar de ser muito poderoso, o ChatGPT ainda pode ter algumas fragilidades nos resultados.

Além disso, o banco de dados do ChatGPT é atualizado até setembro de 2021. Assuntos ocorridos depois dessa data (legislações novas, por exemplo) devem ser pesquisados em outras fontes, não no ChatGPT. A comparação entre respostas da ferramenta e outras fontes pode ser um diferencial e um reforço nos estudos.

Batist observa que, se você utilizar o ChatGPT como fonte para alguma redação ou algo desse tipo, cite o uso. Se não citar, pode eventualmente caracterizar plágio (os cuidados com plágio e afins devem estar presentes no uso do ChatGPT, pois ele não costuma trazer links nem mencionar fontes de onde tira os textos que apresenta).

“Não ignore a tecnologia. Use a tecnologia ao seu favor, mas não seja escravo dela. Eu traduziria e resumiria essa questão da seguinte forma: use o ChatGPT para facilitar e melhorar seus estudos, mas lembre-se: no dia do concurso, não é o ChatGPT, mas sim você quem vai fazer a prova”, conclui.

Fonte: professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antonio Batist.

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