Muitos concursos estão previstos para serem lançados ainda em 2023, nas áreas fiscal, bancária, tributária, policial e legislativa. Para garantir uma dessas vagas, o candidato precisará ter muita disciplina e dedicação. Mas a tecnologia pode ser uma importante aliada nessa tarefa.
A inteligência artificial está presente em nosso dia a dia, seja em uma simples busca na internet, nos aplicativos de celulares, nas TVs, nos videogames e até mesmo quando vamos enviar um e-mail.
Do início do ano para cá, outra ferramenta vem se popularizando entre milhares de usuários mundo afora: o ChatGPT. A tecnologia gera respostas dos usuários de forma automatizada e pode ser usada de maneira ampla em uma variedade de áreas, desde a organização e gestão do tempo até a análise de dados e a geração de ideias, o que pode ajudar muito na rotina de estudos.
Entretanto, especialistas ressaltam que, ao usar a tecnologia, é preciso saber o que perguntar, bem como focar no histórico da banca organizadora.
Na preparação para concursos não é diferente, já que muitos concurseiros precisam agilizar os estudos para alcançar a tão sonhada aprovação, como observa o especialista em Tecnologia e CTO do Gran Cursos, Rodrigo Calado. Segundo ele, a inteligência artificial traz funcionalidades que podem ajudar o estudante a acelerar o aprendizado e otimizar o tempo.
“As ferramentas de IA podem oferecer soluções para a jornada de estudos dos concurseiros, seja respondendo questões específicas do conteúdo ou orientando-os por meio de cronogramas de estudos customizados, na elaboração de resumos e no gerenciamento de tempo. São muitas possibilidades”, sugere.
Calado alerta que é preciso ter cautela com as ferramentas. Segundo ele, a IA generativa, como o ChatGPT, é uma categoria da inteligência artificial que cria a partir de conteúdos existentes, ou seja, toda a produção é feita a partir de informações e dados que já foram inseridos na ferramenta. Ou seja, o ChatGPT não é capaz de criar novos materiais, mas sim de interpretar e esclarecer.
“Já realizamos testes em que o GPT respondeu brilhantemente e, em outros casos, em que a resposta foi errada”, afirma. Ainda segundo ele, a solução é usar a tecnologia como apoio, sem se limitar apenas a ela, mas contar também com materiais de estudo tradicionais, como livros e PDFs.
“As ferramentas de IA têm suas limitações. Por exemplo, elas podem fornecer informações incorretas ou incompletas e podem não ser capazes de responder a perguntas complexas ou ambíguas. A IA pode ser ótima para fornecer explicações rápidas e personalizadas, mas também é essencial utilizar conteúdos em outros formatos. Esses recursos complementares podem oferecer perspectivas diferentes, exemplos práticos e uma compreensão mais aprofundada dos conceitos. As dicas de ouro na utilização desse tipo de ferramenta são: realizar uma dupla checagem e ter cuidado na formulação da pergunta para que a ferramenta funcione da melhor forma possível”, observa Rodrigo.
O gestor acadêmico do QConcursos, Luiz Rezende, complementa que o uso da tecnologia para gerar conteúdo de estudo pode não ser muito eficiente. Isso porque, segundo ele, é preciso calibrar o que está sendo pedido e conhecer a metodologia de funcionamento do ChatGPT.
“Basicamente os cuidados são os mesmo de uma pesquisa no Google. É preciso saber o que perguntar. O ChatGPT não acessa a internet e tem um conhecimento adquirido, o que gera uma ampla biblioteca. Então, é possível que tenham informações erradas. A tecnologia permite ter acesso a uma ampla gama de conteúdos. Entretanto, muitos alunos acabam errando pelo exagero. É tanto material que ele até se perde na hora de estudar. É preciso ser mais qualitativo do que quantitativo”, orienta.
Para mostrar como funciona na prática, o professor Antonio Batist, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, perguntou ao ao próprio ChatGPT: Como usar o ChatGPT para estudar para concursos?
A ferramenta respondeu em seis tópicos, que ele resumiu na mesma ordem da IA e, em seguida, fez algumas observações:
A sugestão de Batist é mudar a ordem dos itens e acrescentar outros pontos para concursos:
O professor, em cada passo da questão 1 (pedir perfil da banca, solicitar questões simuladas etc.), sugere comparar as respostas da ferramenta com outras fontes (sites de cursos preparatórios, canais de estudos e afins), pois, apesar de ser muito poderoso, o ChatGPT ainda pode ter algumas fragilidades nos resultados.
Além disso, o banco de dados do ChatGPT é atualizado até setembro de 2021. Assuntos ocorridos depois dessa data (legislações novas, por exemplo) devem ser pesquisados em outras fontes, não no ChatGPT. A comparação entre respostas da ferramenta e outras fontes pode ser um diferencial e um reforço nos estudos.
Batist observa que, se você utilizar o ChatGPT como fonte para alguma redação ou algo desse tipo, cite o uso. Se não citar, pode eventualmente caracterizar plágio (os cuidados com plágio e afins devem estar presentes no uso do ChatGPT, pois ele não costuma trazer links nem mencionar fontes de onde tira os textos que apresenta).
“Não ignore a tecnologia. Use a tecnologia ao seu favor, mas não seja escravo dela. Eu traduziria e resumiria essa questão da seguinte forma: use o ChatGPT para facilitar e melhorar seus estudos, mas lembre-se: no dia do concurso, não é o ChatGPT, mas sim você quem vai fazer a prova”, conclui.
Fonte: professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Antonio Batist.
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