Um grupo de mais de 30 aprovados no concurso da Polícia Militar do Espírito Santo decidiu fazer uma espécie de protesto solidário contra a demora para serem convocados para o curso de formação que os capacitam para fazer parte da corporação.
A manifestação foi realizada sem cartazes e sem bloqueio no trânsito. Eles foram, no último fim de semana, aos hemocentros de Vitória e do interior do Estado para doar sangue.
São homens e mulheres que foram aprovados no concurso da Polícia Militar para soldados e oficiais, que teve o edital lançado há dois anos, mas que até hoje não foram convocados para iniciar a formação.
"Foram duas coisas ao mesmo tempo: doar sangue, depois que ficamos sensibilizados com o estoque baixo por causa da Covid-19 e, ao mesmo tempo, fazer um protesto sem intenção de atacar o governo, mas de buscar uma solução. É importante porque doar sangue é salvar vidas", explica João Guilherme Gomes Santos, de 20 anos, que passou na seleção para soldado quando tinha apenas 18: "Foi um sonho realizado, mas até hoje seguimos sem retorno, sem saber ao certo quando o curso vai começar".
O concurso foi aberto em 2018 para preencher 650 vagas de soldado e 80 de oficiais, reduzindo o déficit de profissionais dentro da corporação. Com a aprovação, o grupo diz que muitos desses futuros policiais acabaram largando o emprego na expectativa do início do curso já em 2020, o que até então não se concretizou.
Eles alegam que vários outros estados, como o Rio Grande do Sul, o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, fizeram a formação mesmo durante a pandemia, com os devidos cuidados para reduzir riscos de contágio do coronavírus.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, os cursos de formação de profissionais para o ingresso nas carreiras vinculadas à Segurança Pública são considerados atividades essenciais.
"O grande problema se dá por não ter o cronograma. Alguns estados têm se adaptado durante a pandemia. Devido a nossa frustração de não conseguir ajudar a sociedade através do serviço na Polícia, decidimos ajudar pela doação de sangue", comenta André Moura, outro aprovado.
A Polícia Militar foi procurada para falar sobre o curso de formação e explicar se há um cronograma previsto. Por nota, a assessoria da PM informou que "está tomando as medidas finais para a conclusão do concurso público para oficial e soldado da PMES. Em nota, afirmou que há, em vigência, um decreto governamental, em decorrência das ações de combate à pandemia do novo coronavírus, que impede momentaneamente a matrícula dos alunos e início dos cursos. A formação militar possui características inerentes à função que exigem a presença física dos candidatos no desenvolvimento das instruções e dos valores que regem nossos pilares institucionais, impedindo a modalidade EAD durante o período de formação".
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