Publicado em 18 de novembro de 2022 às 14:45
No meio da garagem, escondido debaixo de um veículo, um menino já dava mostras de como seria o seu futuro: presente, de corpo e alma, no negócio da família. Presidente do Grupo Águia Branca e um dos grandes responsáveis por levar à frente o legado de sucesso, Renan Chieppe é filho de Wander, que fundou a empresa em 1946 com os irmãos, Vallecio e Aylmer.
O Grupo Águia Branca é considerado um dos maiores conglomerados empresariais de transporte e logística do país, emprega 17 mil pessoas e teve faturamento de R$ 10 bilhões em 2021, com atuação nos ramos de logística, comércio de veículos e ainda transporte rodoviário de passageiros e pacotes de viagens.
“Posso dizer que o Grupo Águia Branca é o grande time da minha vida”, destaca Renan.
Há mais de 40 anos no Grupo e ocupando a presidência desde 2019, ele deixa o posto no fim de 2022 em um processo de sucessão já planejada, mas continuará como vice-presidente da Divisão de Passageiros. Em entrevista, Renan Chieppe se lembra dos momentos mais marcantes de sua trajetória e conta detalhes que fizeram a Águia Branca ser referência em todo o país. Confira abaixo:
O Grupo Águia Branca é, sem dúvidas, o grande time da minha vida. Eu torço para muitas coisas, me dedico a muitas coisas, mas nada como a esta empresa. Águia Branca, hoje, é uma marca que tem peso absoluto e abraça diversas outras.
Fomos criados dentro da empresa. Tínhamos contato com a equipe, aquele feeling de estar nas garagens, conversar com os mecânicos, com todo o time. Nós sempre tivemos acesso facilitado. Como era muito agarrado ao meu pai, quando saía da escola, almoçava e ia para a empresa. Todo dia.
A gente se metia embaixo dos veículos, se machucava. Ia para lá limpo e voltava igual um pano de chão (risos). Fazia andança na área administrativa e assim a gente começava a conhecer a realidade da empresa.
Houve vários momentos muito especiais. Um momento chave foi quando eu entrei na Águia Branca, fui fazer estágio e logo assumi a área de vendas em uma outra empresa do Grupo, longe da garagem. Passados três anos, eu já tinha uma posição comercial muito confortável e cheguei à conclusão de que eu queria trabalhar com transporte de passageiros. Na época, abri mão de uma função ligada à venda para ir para uma área mais difícil, mais de campo, menos terno e ar-condicionado e mais estrada, oficina e rodoviária. Foi uma escolha importante que eu fiz, porque eu gostava e pude me dedicar de verdade a isso.
Como eu gostava do que fazia, consegui desempenhar bem meu papel e com 25 anos fui convidado a dirigir uma importante área de atuação da Águia Branca, na Bahia. Fui liderar um time de mil funcionários e 250 veículos! Depois, quando eu tinha 32 anos, assumi a própria empresa, me tornei diretor-geral. Digo sempre que essas escolhas me levaram a um caminho de oportunidades muito grande, com muito esforço e muita dedicação.
Antes de assumir a presidência, passei a integrar várias governanças do Grupo. Já tinha conhecimento de todos os negócios… A premissa de conhecer bem o negócio, se aprofundar e ter contato estreito com todos os processos me permitiu tocar os planos em frente, abrir novas frentes, novos negócios. Tivemos tanto o desenvolvimento orgânico como a aquisição de empresas.
O negócio rodoviário de passageiros e o investimento no transporte aéreo da Azul, o qual somos investidores, já estavam consolidados. Recentemente, percebemos a necessidade de diversificar o portfólio. Assim, priorizamos duas frentes. Uma das aquisições foi a Squad Viagens, empresa voltada para eventos e turismo rodoviário, com a qual fizemos a mobilidade para eventos como Lollapalooza e faremos o GP do Brasil de Fórmula 1. A outra iniciativa foi a aquisição da Agaxtur. É uma operadora turística que vende pacotes nacionais e internacionais, desde passagens aéreas a cruzeiros marítimos. É uma nova vertente de negócios.
Queremos nos desenvolver dentro da visão de estar presentes em novas experiências. Temos de fazer negócios sinérgicos sempre que possível, mas também nos expor a novas experiências que nos trazem novos conhecimentos e capital de mercado.
Eu aprendi com o tempo que não se deve ficar em uma caixinha. Me convenci há muitos anos que temos de acreditar em nossa competência de aprender e fazer coisas novas.
Na Águia Branca, temos cinco holdings familiares. Como pai, tento passar para minhas filhas e sobrinhos esse exemplo, tento dar a mesma oportunidade que nós tivemos lá atrás. Alguns mais novos já estão fazendo carreira no Grupo. A abordagem que fazemos com eles é aproximá-los da empresa, estimulando-os e os cobrando para que possam se preparar de forma adequada para os desafios. Para serem bons executivos, precisam desenvolver amor pela empresa, como meu pai, hoje com 91 anos, me ensinou lá no início.
Temos uma meta de crescimento de 100% no período de cinco anos e estamos muito satisfeitos com o negócio. Dois anos atrás, planejamos chegar ao faturamento de R$ 15 bilhões e neste ano já vamos bater a marca de R$ 13 bilhões.
A Viação Águia Branca foi a primeira marca a surgir entre as empresas que compõem o Grupo Águia Branca e se tornou referência em transporte rodoviário. O primeiro ônibus foi adquirido em 1946.
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