Estúdio Gazeta
Escola Monteiro
A palavra humanização está presente em diversos segmentos – na educação, na saúde e no mundo corporativo – como uma forma de lançar sobre o indivíduo um olhar mais abrangente, empático e inclusivo.
A pessoa que é funcionário de uma empresa, que procura um atendimento de saúde, que frequenta uma escola não é apenas um número de matrícula, um crachá, um sintoma ou uma nota. E não deveria ser assim considerada.
“Se queremos relações mais humanizadas, vínculos mais efetivos e uma cultura de paz e respeito, temos que começar pela educação, na família e na escola”, considera Penha Tótola, diretora pedagógica da Escola Monteiro, instituição que há mais de 50 anos busca, no dia a dia da comunidade escolar, oferecer ensino de qualidade sem abrir mão da humanização.
Para ela, o advento das novas tecnologias e da inteligência artificial não torna a humanização do ensino assunto do passado. Ao contrário. “Humanizar é cada vez mais uma demanda, inclusive quando se pensa no profissional do futuro, que deve reunir habilidades como liderança, capacidade de trabalhar em equipe, criatividade e sensibilidade, diz.
A humanização sempre será um tema atual porque leva em conta a nossa essência: somos humanos. Pensando ao pé da letra, se somos humanos, não precisaríamos ter a preocupação de humanizar saúde, educação, relações de trabalho, não é? Mas o fato é que muitas vezes esquecemos de preservar esse olhar ampliado para quem somos e para quem é o outro. Uma pessoa não é sua nota na prova de Matemática, não é um lugar no mapa de sala, não é um sintoma, uma doença ou um número de matrícula. Uma pessoa é um universo de experiências e educar é levar em conta esse todo, as muitas dimensões que fazem um indivíduo ser quem é e se estabelecer no mundo.
Diria que humanizar é parte do DNA da Monteiro. Há mais de 50 anos, a instituição nascia como uma “escolinha de artes”, que foi crescendo e se tornando uma escola formal. E até hoje a arte ocupa espaço importante dentro de nossa forma de fazer educação... Porque a arte nos fala sobre criatividade, liberdade, sensibilidade, ou seja, nos fala sobre humanização. Além disso, o aluno Monteiro não é mais um. Importa para nós sua história, sua família, suas aspirações. Desde cedo, ele aprende que merece ser respeitado como indivíduo, merece ser ouvido, que tem direitos e deveres dentro do ambiente escolar.
Há muitos desafios. Um deles está relacionado às interpretações equivocadas sobre o que seria uma educação humanizada. Muitas vezes, as pessoas acham que uma escola humanizada é uma escola que não tem regras, um lugar de liberdade sem limites, onde 'tudo pode'. E não é nada disso. Na verdade, as regras existem, tem que ser cumpridas e tem como objetivo estabelecer relações de boa convivência, garantir o bom funcionamento da escola e preparar os indivíduos para a vida em sociedade, consciente dos seus direitos, mas também dos seus deveres enquanto parte de um grupo. É um exercício de responsabilidade, cidadania e respeito. Um dos nossos diferenciais, nesse sentido, é a escuta ativa. Criamos canais para ouvir esse aluno. Ele tem direito de se manifestar, merece ser ouvido e respeitado, e aprende que tem que ouvir e respeitar o outro também. Coordenadores, professores e até diretores são acessíveis e há iniciativas como as assembleias quinzenais realizadas em cada turma. Um espaço para que façam reclamações, sugestões, críticas e anseios. É um trabalho voltado também para a autogestão e a resolução de problemas que tem o objetivo de prepará-lo para os desafios que a vida e o trabalho trarão.
Entendo que sim. Porque o individualismo te leva a se colocar num lugar de superioridade em relação ao outro, de considerar suas demandas pessoais como prioritárias e urgentes... E aí surge uma confusão: muitas vezes, desenvolve-se a falsa ideia de que humanizar é atender a todas as demandas individuais de uma pessoa quando, na verdade, a essência da humanização é a coletividade. Eu enxergo o indivíduo como alguém que tem uma história, que carrega experiências, que tem habilidades, sonhos, projetos, e que está inserido num contexto social. Ele não é um “receptáculo” vazio que será preenchido com conhecimento. Ele também é protagonista desse aprender-ensinar, e ajuda a construir o conhecimento, a dar sentido ao que aprende. Ao mesmo tempo, está ciente de que o bem-estar de uma comunidade passa por cada um de seus integrantes. Na escola, deve ser assim. Na sociedade, deve ser assim. Uma formação humanizada amplia o olhar do indivíduo para além dele mesmo, e não o contrário.
É claro que sim. A disciplina é fundamental quando o objetivo é aprender, crescer, se desenvolver, evoluir em qualquer área. É preciso ter compromisso com o aprendizado. A questão é como isso se dá. Se podemos despertar o interesse do aluno para o conteúdo, por meio da criatividade, da experiência prática, do lúdico, da curiosidade, é assim que vamos fazer. Queremos que o nosso aluno descubra que aprender exige esforço e disciplina, mas que também pode ser uma experiência interessante, envolvente e alegre. Uma coisa não precisa excluir a outra. Sabemos que estamos no caminho certo quando vemos que nossos alunos são bem-sucedidos, mas também sabemos que estamos no caminho certo quando vemos que o nosso aluno é feliz na Monteiro. E é isso que percebemos todos os dias.
Com certeza, não. Na Monteiro, a tecnologia e a inovação são entendidas, tratadas e aplicadas como aliadas no processo de humanização. Elas se colocam a serviço do humano, para permitir novos aprendizados, experiências e interações, sempre sem abrir mão do senso crítico e de uma postura reflexiva. Não é sendo excludentes que vamos transformar o mundo num lugar melhor, que vamos formar profissionais capazes de atender a demandas cada vez mais complexas, que vamos formar indivíduos e cidadãos mais autônomos, conscientes e realizados. Humanizar é cada vez mais essencial, inclusive quando se pensa no profissional do futuro, que deve reunir habilidades como liderança, capacidade de trabalhar em equipe, criatividade e sensibilidade.
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