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“Humanizar é a demanda dos novos tempos nas escolas”, afirma pedagoga

“Humanizar é a demanda dos novos tempos nas escolas”, afirma pedagoga

Penha Tótola, que atua na Escola Monteiro, explica a importância da humanização no processo de ensino-aprendizagem

Publicado em 9 de outubro de 2023 às 11:04

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Penha Tótola:
Penha Tótola: "Na Monteiro, a tecnologia e a inovação são entendidas, tratadas e aplicadas como aliadas no processo de humanização". (Escola Monteiro/Divulgação)
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A palavra humanização está presente em diversos segmentos – na educação, na saúde e no mundo corporativo – como uma forma de lançar sobre o indivíduo um olhar mais abrangente, empático e inclusivo.

A pessoa que é funcionário de uma empresa, que procura um atendimento de saúde, que frequenta uma escola não é apenas um número de matrícula, um crachá, um sintoma ou uma nota. E não deveria ser assim considerada.

Escola Monteiro busca oferecer ensino de qualidade sem abrir mão da humanização
Escola Monteiro busca oferecer ensino de qualidade sem abrir mão da humanização. (Escola Monteiro/Divulgação)

“Se queremos relações mais humanizadas, vínculos mais efetivos e uma cultura de paz e respeito, temos que começar pela educação, na família e na escola”, considera Penha Tótola, diretora pedagógica da Escola Monteiro, instituição que há mais de 50 anos busca, no dia a dia da comunidade escolar, oferecer ensino de qualidade sem abrir mão da humanização.

Para ela, o advento das novas tecnologias e da inteligência artificial não torna a humanização do ensino assunto do passado. Ao contrário. “Humanizar é cada vez mais uma demanda, inclusive quando se pensa no profissional do futuro, que deve reunir habilidades como liderança, capacidade de trabalhar em equipe, criatividade e sensibilidade, diz.

Na Escola Monteiro, o entendimento é de que humanizar é cada vez mais essencial, inclusive quando se pensa no profissional do futuro
Na Escola Monteiro, o entendimento é de que humanizar é cada vez mais essencial, inclusive quando se pensa no profissional do futuro. (Escola Monteiro/Divulgação)

Confira abaixo a entrevista com Penha Tótola:

A Monteiro tem mais de 50 anos e sempre teve como marca a questão da humanização. Esse tema continua atual?

  • A humanização sempre será um tema atual porque leva em conta a nossa essência: somos humanos. Pensando ao pé da letra, se somos humanos, não precisaríamos ter a preocupação de humanizar saúde, educação, relações de trabalho, não é? Mas o fato é que muitas vezes esquecemos de preservar esse olhar ampliado para quem somos e para quem é o outro. Uma pessoa não é sua nota na prova de Matemática, não é um lugar no mapa de sala, não é um sintoma, uma doença ou um número de matrícula. Uma pessoa é um universo de experiências e educar é levar em conta esse todo, as muitas dimensões que fazem um indivíduo ser quem é e se estabelecer no mundo.

Como fazer isso na prática?

  • Diria que humanizar é parte do DNA da Monteiro. Há mais de 50 anos, a instituição nascia como uma “escolinha de artes”, que foi crescendo e se tornando uma escola formal. E até hoje a arte ocupa espaço importante dentro de nossa forma de fazer educação... Porque a arte nos fala sobre criatividade, liberdade, sensibilidade, ou seja, nos fala sobre humanização. Além disso, o aluno Monteiro não é mais um. Importa para nós sua história, sua família, suas aspirações. Desde cedo, ele aprende que merece ser respeitado como indivíduo, merece ser ouvido, que tem direitos e deveres dentro do ambiente escolar.

Quais os desafios de se oferecer uma educação humanizada?

  • Há muitos desafios. Um deles está relacionado às interpretações equivocadas sobre o que seria uma educação humanizada. Muitas vezes, as pessoas acham que uma escola humanizada é uma escola que não tem regras, um lugar de liberdade sem limites, onde 'tudo pode'. E não é nada disso. Na verdade, as regras existem, tem que ser cumpridas e tem como objetivo estabelecer relações de boa convivência, garantir o bom funcionamento da escola e preparar os indivíduos para a vida em sociedade, consciente dos seus direitos, mas também dos seus deveres enquanto parte de um grupo. É um exercício de responsabilidade, cidadania e respeito. Um dos nossos diferenciais, nesse sentido, é a escuta ativa. Criamos canais para ouvir esse aluno. Ele tem direito de se manifestar, merece ser ouvido e respeitado, e aprende que tem que ouvir e respeitar o outro também. Coordenadores, professores e até diretores são acessíveis e há iniciativas como as assembleias quinzenais realizadas em cada turma. Um espaço para que façam reclamações, sugestões, críticas e anseios. É um trabalho voltado também para a autogestão e a resolução de problemas que tem o objetivo de prepará-lo para os desafios que a vida e o trabalho trarão.

Vivemos em uma sociedade individualista. O individualismo é um desafio à humanização?

  • Entendo que sim. Porque o individualismo te leva a se colocar num lugar de superioridade em relação ao outro, de considerar suas demandas pessoais como prioritárias e urgentes... E aí surge uma confusão: muitas vezes, desenvolve-se a falsa ideia de que humanizar é atender a todas as demandas individuais de uma pessoa quando, na verdade, a essência da humanização é a coletividade. Eu enxergo o indivíduo como alguém que tem uma história, que carrega experiências, que tem habilidades, sonhos, projetos, e que está inserido num contexto social. Ele não é um “receptáculo” vazio que será preenchido com conhecimento. Ele também é protagonista desse aprender-ensinar, e ajuda a construir o conhecimento, a dar sentido ao que aprende. Ao mesmo tempo, está ciente de que o bem-estar de uma comunidade passa por cada um de seus integrantes. Na escola, deve ser assim. Na sociedade, deve ser assim. Uma formação humanizada amplia o olhar do indivíduo para além dele mesmo, e não o contrário.

Humanização e disciplina conversam entre si?

  • É claro que sim. A disciplina é fundamental quando o objetivo é aprender, crescer, se desenvolver, evoluir em qualquer área. É preciso ter compromisso com o aprendizado. A questão é como isso se dá. Se podemos despertar o interesse do aluno para o conteúdo, por meio da criatividade, da experiência prática, do lúdico, da curiosidade, é assim que vamos fazer. Queremos que o nosso aluno descubra que aprender exige esforço e disciplina, mas que também pode ser uma experiência interessante, envolvente e alegre. Uma coisa não precisa excluir a outra. Sabemos que estamos no caminho certo quando vemos que nossos alunos são bem-sucedidos, mas também sabemos que estamos no caminho certo quando vemos que o nosso aluno é feliz na Monteiro. E é isso que percebemos todos os dias.

E a relação entre humanização e tecnologia? Também não é excludente?

  • Com certeza, não. Na Monteiro, a tecnologia e a inovação são entendidas, tratadas e aplicadas como aliadas no processo de humanização. Elas se colocam a serviço do humano, para permitir novos aprendizados, experiências e interações, sempre sem abrir mão do senso crítico e de uma postura reflexiva. Não é sendo excludentes que vamos transformar o mundo num lugar melhor, que vamos formar profissionais capazes de atender a demandas cada vez mais complexas, que vamos formar indivíduos e cidadãos mais autônomos, conscientes e realizados. Humanizar é cada vez mais essencial, inclusive quando se pensa no profissional do futuro, que deve reunir habilidades como liderança, capacidade de trabalhar em equipe, criatividade e sensibilidade.

A Escola Monteiro tem mais de 50 anos de história
A Escola Monteiro tem mais de 50 anos de história. (Escola Monteiro/Divulgação)

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