O Espírito Santo deve ser um dos grandes beneficiados com o acordo assinado nesta sexta-feira (28) entre o Mercosul e a União Europeia. A avaliação é do presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Estado do Espírito Santo (Sindiex), Marcilio Rodrigues Machado, que acredita que as exportações do Estado para o bloco europeu devem dobrar. Em 2018, o Espírito Santo exportou cerca de US$ 1,5 bilhão para a Europa.
Segundo Marcilio, o acordo é histórico. "Hoje é um dia para comemorar. Depois de tantas notícias ruins, o anúncio desse acordo é uma vitória para todo o Brasil. E o Espírito Santo deve se beneficiar muito. Acredito que as exportações para o bloco devam dobrar com esse novo acordo", afirmou.
Marcilio Machado comentou ainda a possibilidade de o Estado voltar a atrair investidores europeus. "Com a saída do Reino Unido da União Europeia, acredito que os europeus podem ver no Brasil um mercado consumidor muito melhor e isso pode atrair investidores de lá. Claro que não vai ser da noite para o dia, mas é uma possibilidade", comentou.
Já o secretário de Estado de Desenvolvimento, Heber Resende, destacou os produtos que devem ter um acréscimo na exportação. "Os produtos que mais exportamos para a Europa são café em grão e solúvel , carne de boi, mamão, soja, frango e peixe. Acredito que em todos esses itens haverá um bom crescimento com esse acordo", comentou.
Agora, cabe ao Estado auxiliar na logística para que os produtores consigam vender suas mercadorias. "Temos a duplicação das BRs 101 e 262, a Estrada de Ferro 118, aeroporto", disse o secretário citando as obras federais. "Mas o governo estadual também usará parte do valor do Fundo de Infraestrutura para melhorar as estradas estaduais", afirmou Resende.
COMÉRCIO
O acordo de livre comércio entre os dois blocos foi assinado após mais de 20 anos de negociação. De acordo com estimativas do Ministério da Economia, o acordo "representará um incremento do PIB brasileiro de US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões", considerado a redução das barreiras não-tarifárias e o aumento esperado na produtividade do país.
Segundo o comunicado, o aumento dos investimentos previstos para o Brasil no mesmo período é de US$ 113 bilhões. E as exportações para a União Europeia podem crescer quase US$ 100 bilhões até 2035.
Em redes sociais, o Ministério da Agricultura comemorou a assinatura do acordo, um "momento histórico, aguardado há 20 anos". Para a Argentina, trata-se de uma "associação estratégica".
SAIBA MAIS
Temas tarifários
- Produtos agrícolas, como suco de laranja, frutas, café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais terão tarifas eliminadas;
- Exportadores brasileiros também terão acesso preferencial para carnes bovinas, suínas e de aves, açúcar, etanol, arroz, ovos e mel;
- Produtos industriais do Brasil serão beneficiados com a eliminação de 100% nas tarifas de exportação;
- Produtos europeus terão tarifas de exportação eliminadas para diversos setores. Na lista estão veículos, maquinários, produtos químicos e farmacêuticos, vestuário e calçados e tecidos;
- Chocolates e doces, vinhos e outra bebidas alcoólicas e refrigerantes provenientes da União Europeia terão tarifas reduzidas;
- Haverá cotas para importação sem tarifas de produtos lácteos, como queijos, da UE.
Temas não tarifários
- O acordo vai ampliar o grau de liberalização do comércio de serviços entre os blocos. Nesse grupo estão incluídos, os setores de telecomunicações, serviços financeiros, entre outros;
- Nas compras feitas pelos governos, haverá maior concorrência em licitações públicas;
- Haverá redução no custo dos trâmites de importação, exportação e trânsito de bens;
- Os blocos vão se comprometer a desburocratizar e reduzir os custos no comércio entre as duas regiões;
- Mercosul e UE se comprometem a reduzir entraves de medidas sanitárias e fitossanitária;
- Blocos se comprometem a reconhecer a propriedade intelectual de diversos produtos.
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