Indicado para a presidência da Petrobras, o economista Adriano Pires desistiu de assumir o comando da empresa depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no “teste” de governança da empresa, segundo informações do Estadão.
A desistência, comunicada ao Palácio do Planalto, vem depois após o jornal revelar que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto não houvesse uma investigação do governo (Controladoria-Geral da União e Comissão de Ética) e da Petrobras sobre a atuação dele no setor privado.
Ele foi indicado pelo governo de Jair Bolsonaro como o terceiro presidente da Petrobras. Antes do general Silva e Luna (que ainda está no cargo), o comando era de Roberto Castello Branco.
Mesmo que se afaste de sua empresa, o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Pires poderia permanecer em potencial conflito de interesse no cargo de presidente da Petrobras por causa da presença de um de seus filhos no quadro societário e de direção da consultoria.
Fundado em 2000, o Cbie se apresenta como uma consultoria especializada em regulação e assuntos estratégicos em energia. Nos quadros da empresa consta Pedro Rodrigues Pires, filho de Adriano Pires, como sócio diretor. A lei 13.303/2016, conhecida como Lei das Estatais, veda que executivos dessas empresas tenham parentes em empreendimentos concorrentes.
Neste domingo (3), o governo já teve um revés em relação à Petrobras. O presidente do Clube de Regatas do Flamengo, Rodolfo Landim, comunicou sua decisão de recusar a indicação para o Conselho de Administração da estatal. Landim integra a lista com outros 13 nomes indicados em março pelo governo Bolsonaro e que inclui Pires para a presidência da empresa.
A ligação da consultoria de Pires com a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), por exemplo, seria um ponto de conflito de interesse, mas não o único. Pires e a consultoria têm se recusado a divulgar publicamente sua lista de clientes.
Na sexta-feira, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com pedido para que Pires não assuma a presidência da Petrobras antes de uma investigação do governo e da estatal sobre eventual conflito de interesse. Enquanto isso, o MP pede que o Tribunal proíba Pires de assumir a petroleira.
Na representação, o subprocurador-geral do MP-TCU Lucas Rocha Furtado disse ter identificado o conflito de Adriano Pires "tendo em vista sua atuação na iniciativa privada, a lançar dúvidas sobre a possibilidade ética e legal de vir a assumir a presidência da Petrobras".
Em entrevista ao site Poder360, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que o governo manteria a indicação do economista para a presidência da Petrobras. Segundo ele, Pires estaria cumprindo os trâmites legais para a proposição do nome dele para a presidência da companhia. Conforme o site, esse também seria o caso do filho de Pires.
Caso o consultor, porém, siga o mesmo caminho de Landim e recuse a indicação para o cargo, o governo teria de enviar uma nova lista de indicados à Petrobras.
"Agora, dependendo do novo nome enviado pelo governo, as ações da Petrobras podem sangrar bastante na Bolsa de Valores. Investidores estavam acreditando que, com o Pires, a política de preços da companhia, que prevê a paridade com a cotação internacional, não sofreria qualquer mudança, já que é algo que o consultor defendeu a vida inteira", disse fonte ouvida pelo Broadcast.
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