A Alemanha ligou sua casa de força hoje com um pacote de estímulo de 130 bilhões de euros (cerca de R$ 754 bilhões) que envolve dinheiro para famílias com crianças, cortes de impostos e incentivos a carros elétricos entre outras coisas. É o primeiro país europeu a lançar um programa de investimento público na recuperação.
O ministro da Economia, Peter Altmaier, chamou o plano de o "maior programa de estímulo de todos os tempos" ao apresentar o documento que ostentava na capa, em letras pretas grandes, o título "Kraftpaket Deutschland" (Alemanha Casa de Força).
O ministro das Finanças, Olaf Scholz, afirmou que o objetivo é tirar o país da crise "com um kabum" (som de algo que explode).
O choque de recuperação inclui cortar o imposto sobre valor agregado de 19% e 7% para 16% e 5% até o final de 2020, a um custo de 20 bilhões de euros, e pagar às famílias EUR 300 (cerca de R$ 1.700) para cada criança do país, um total de EUR 4,3 bilhões que deve se refletir no consumo.
Também foram anunciados investimentos de EUR 50 bilhões em tecnologias digitais ou de combate ao aquecimento global, e o subsídio para carros elétricos dobrou, de 3.000 para 6.000 euros, para veículos que custam 40 mil euros. Carros a diesel ou gasolina ficaram de fora do pacote, para frustração da indústria automobilística do país, responsável por fatia considerável das exportações alemãs.
Haverá investimento de 2,5 bilhões de euros em infraestrutura para reabastecer os carros elétricos e em tecnologia de baterias e um esquema especial para substituir caminhões a diesel mais antigos, além de 1 bilhão de euros no financiamento de aeronaves que provoquem menos poluição atmosférica e sonora.
O pacote inclui ainda um fundo de EUR 25 bilhões para emprestar a pequenas empresas que tenham queda abrupta de receita no segundo semestre, o que deve socorrer principalmente bares, restaurantes e hotéis. Para todas, as contribuições para a previdência social foram limitadas a 40% dos salários (até o teto) nos próximos anos.
O setor público também foi incluído no socorro atual, com 10 bilhões de euros para compensar a perda de arrecadação e investir em infraestrutura e habitação.
A Casa de Força é um passo além do programa de socorro para os danos da crise, de EUR 750 bilhões, voltado para manter fluindo o crédito para empresas e evitar demissões. A Alemanha é também o país da Europa que mais repassou recursos públicos a empresas afetadas pela pandemia até agora.
A chanceler (equivalente a primeira-ministra) Angela Merkel havia prometido "medidas ousadas" para religar a economia alemã, que vinha engasgando desde o final do ano passado, antes mesmo de ser afetada pela pandemia de coronavírus.
Com as medidas tomadas desde março, Merkel se afasta de vez da política de austeridade, que procurava evitar déficits nas contas públicas e aumento do endividamento. Desde o começo de 2020, o governo vinha sendo pressionado a gastar mais para reanimar a maior economia da Europa, em vez de manter superávits como o de 13,5 bilhões de euros em 2019, um número recorde que se seguiu a outros quatro anos seguidos de sobra nos cofres públicos.
O megapacote é considerado também uma vitória política de Merkel, que precisou negociá-lo com os dois partidos que formam com a União Democrática Cristã a coalizão que governa o país: a CSU (União Social Cristã, da Baviera), também de centro-direita, e o SPD (Partido Social-Democrata), de centro-esquerda.
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