SÃO PAULO - A Americanas, uma das maiores varejistas do país, que entrou em recuperação judicial no último dia 19 de janeiro, com dívidas declaradas de R$ 43 bilhões, informou nesta sexta-feira (3) a representantes de sindicatos de comerciários que não vai promover demissão em massa ou fechamento de lojas até 19 de março, quando apresentar o seu plano de recuperação judicial.
"Até lá, a empresa se comprometeu a comunicar cortes pontuais com antecedência ao sindicato", informou à reportagem Nilton Neco Souza da Silva, representante dos comerciários na Força Sindical e presidente do sindicato dos empregados no comércio de Porto Alegre (RS).
Além de Neco, participaram da reunião com representantes da Americanas o presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Ricardo Patah, que também está à frente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo; o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer; e o presidente da Fecomerciários (Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo), o deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP).
Por parte da empresa, participaram o diretor de gente, José Mauro Barros, o gerente de relações sindicais, Lúcio Marques, e a coordenadora do departamento de administração de pessoal, Joanna Pereira.
De acordo com as entidades, a Americanas já soma quase 17 mil ações trabalhistas, que juntas representam uma dívida de R$ 1,53 bilhão. Antes do encontro, as centrais sindicais promoveram um ato na Cinelândia, centro do Rio, em defesa dos 45 mil trabalhadores diretos da Americanas. A varejista soma ainda cerca de 60 mil indiretos.
"Nós já entramos com uma ação na Justiça para bloquear este valor de R$ 1,53 bilhão dos principais acionistas da Americanas. Não conseguimos a liminar, mas o processo continua", diz Ricardo Patah.
A Americanas deu início no último dia 31 ao corte de pessoal, começando pelos terceirizados. Desde o início da recuperação judicial até o momento, segundo a empresa relatou aos sindicatos, foram dispensadas 50 pessoas, incluindo a equipe que cuidava do serviço de televendas. Outros cortes realizados desde então foram pontuais, informou a varejista às entidades.
Na pressa em apresentar a sua recuperação judicial para não ter seus recebíveis bloqueados por bancos credores, a empresa não incluiu os funcionários no pedido. Com isso, o valor devido aos trabalhadores dispensados não poderá entrar no processo e deverá ser pago normalmente pela empresa.
Segundo Neco, uma nova reunião com a Americanas, os sindicatos e um representante do Ministério Público do Trabalho deve ocorrer neste mês, depois do Carnaval, para que a varejista atualize os representantes a respeito do plano de recuperação judicial.
"Eles disseram que, no momento, não têm dados sobre quantas lojas seriam fechadas e quantos funcionários seriam demitidos. Estão estudando", diz Silva.
"Prometeram transparência e trabalho em conjunto", afirmou Ricardo Patah.
Questionada pela reportagem a respeito do encontro com sindicatos, a Americanas respondeu, em nota, que vai continuar cumprindo com suas obrigações trabalhistas e que "pode haver reestruturações" como parte do processo de recuperação judicial.
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