O real teve dia de forte valorização, e foi a moeda com melhor desempenho internacional ante o dólar. O movimento foi reflexo de uma conjunção de fatores externos e internos. Nas notícias domésticas, a moeda americana bateu mínimas, na casa dos R$ 5,16, o menor nível desde o começo de junho, durante a solenidade no Congresso em que o ministro Paulo Guedes entregou a proposta de reforma tributária do governo ao Senado.
No exterior, o dólar caiu para o menor patamar desde março em meio à aprovação do fundo bilionário de recuperação na Europa e do noticiário positivo sobre testes para vacinas contra o coronavírus. Operadores relataram ainda perspectiva de ingresso de capital por conta de captações corporativas.
Nesse ambiente, o dólar no mercado à vista caiu 2,44% e encerrou em R$ 5,2113, menor cotação desde 23 de junho. No mercado futuro, o dólar para agosto terminou em baixa de 2,51%, em R$ 5,2060 às 17h.
Após a cerimônia no Senado, investidores recompuseram posições, com o nível de R$ 5,16 atraindo compradores, e a queda do dólar, que havia superado 3%, passou para a casa dos 2,3%.
A simplificação do regime proposto pela reforma tributária do governo é "muito bem vinda", mesmo sem gerar receitas, avalia o diretor e economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, que participou de live nesta tarde do Estadão. "A carga tributária é extraordinariamente alta no Brasil", afirmou ele, que destacou ainda que o sistema tributário brasileiro é ineficiente e gera distorções. "O Brasil tributa muito e gasta mal."
Para o economista do Goldman, apesar do empenho em avançar com a reforma tributária, a necessidade mais urgente do Brasil será prosseguir com a reforma fiscal, na medida em que o País já começou a pandemia com contas fiscais deterioradas. "O Brasil já tinha um problema sério, estava atrasado na agenda", disse ele.
"A situação fiscal que já era precária, vai ficar ainda mais vulnerável. As reformas fiscais se tornaram mais importantes e urgentes." No exterior, a imagem do Brasil não está muito positiva, completa o economista
No exterior, o DXY, índice que mede o dólar ante moedas fortes, operou hoje no menor nível desde março. O euro se valorizou, atingindo as máximas em seis meses, após a União Europeia conseguir aprovar o fundo bilionário, após dias de negociações e impasses.
"O dólar é empurrado para novas baixas enquanto o apetite por risco ganha fôlego", avalia o analista de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. "Um acordo histórico foi alcançado", afirmaram os analistas do grupo financeiro holandês ING sobre o fundo de recuperação europeu, que teve quatro dias de controversas negociações.
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