No dia seguinte ao caos visto no mercado financeiro, com a queda da Bolsa de Valores de São Paulo causada pelo tombo de 20% das ações da Petrobras na segunda-feira (22), o cenário nesta terça (23) foi de recuperação parcial das perdas.
Com as atenções dos investidores ainda voltadas para a Petrobras e para os riscos fiscais e políticos da interferência do presidente Jair Bolsonaro na estatal, as ações preferenciais (mais negociadas) da petroleiro subiram 12,17%, a R$ 24,06 cada, após caírem 21,51% na segunda. As ordinárias (com direito a voto) tiveram alta de 8,95%, a R$ 23,48.
Com o resultado, a Petrobras recuperou R$ 28,98 bilhões dos R$ 102,5 bilhões em valor de mercado perdidos com a interferência de Bolsonaro na estatal. A melhora também puxou a alta do Ibovespa, que avançou 2,27%, a 115.227 pontos. O dólar fechou em queda de 0,24%, a R$ 5,4421.
Nesta terça-feira (23), as ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras subiram 12,17%, a R$ 24,06 cada, após caírem 21,51% na segunda (22). As ordinárias (com direito a voto) tiveram alta de 8,95%, a R$ 23,48.
"As sinalizações são que essa é uma intervenção pontual, sem intervenções no conselho e na diretoria da empresa, até mesmo pelo respaldo estatutário da Petrobras, que não permite que essas ações sejam feitas", diz Henrique Esteter, analista da Guide Invetimentos.
Segundo analistas, a valorização também é fruto da compra das ações por parte de investidores que veem uma boa oportunidade no atual preço da companhia.
Na Bolsa de Nova York, as ADRs (certificados de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras fecharam em alta de 6,68%, a US$ 8,47, após tombarem 21% na véspera.
De acordo com especialistas, porém, ainda é cedo para avaliar o investimento na estatal, já que deve haver uma troca no seu comando, com a provável posse do general Joaquim Silva e Luna, e ainda restam dúvidas no mercado com relação à política de preços da Petrobras.
A CVM abriu dois processos contra a Petrobras na esteira do imbróglio causado pelo anúncio de troca no comando. A Justiça Federal de Minas Gerais pediu explicações de Bolsonaro e da companhia no prazo de 72 horas.
Nesta terça, Bolsonaro procurou tranquilizar investidores ao afagar o ministro Paulo Guedes (Economia) ao dizer que não quer brigar com a petroleira.
O governo também estuda reduzir o impacto do aumento dos preços dos combustíveis sem interferir na política da Petrobras com a criação de um "voucher caminhoneiro".
O avanço na privatização da Eletrobras também tranquilizou o mercado. As ações da empresa saltaram após a agência de notícias Reuters informar que governo publicaria ainda nesta terça uma medida provisória associada a seus planos de privatização da elétrica federal.
Mais tarde, a Presidência do Senado comunicou que a MP será entregue às 19h30 desta terça em ato simbólico no Congresso Nacional.
A MP deve permitir que o BNDES inicie estudos sobre a desestatização da companhia e sua publicação vem após notícias recentes que geraram preocupação entre investidores quanto à viabilidade política da transação.
Os novos presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizaram, antes de serem eleitos em 1° de fevereiro, que a privatização da Eletrobras não seria uma prioridade para o Congresso em suas gestões.
Isso levou o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr., a anunciar que deixará a companhia em meados de março para assumir o comando da BR Distribuidora. Ferreira disse que a decisão veio após notar "falta de tração" da desestatização junto aos parlamentares.
Nos últimos dias, a indicação por Bolsonaro de Silva e Luna para a Petrobras e uma afirmação do presidente no sábado (20) de que o governo vai "meter o dedo" no setor elétrico tinham ajudado a reduzir expectativas no mercado quanto à privatização.
Com o avanço da venda da estatal, as ações ordinárias da Eletrobras fecharam em alta de 13%, a R$ 32,67. Outra estatal que ensaiou uma recuperação na sessão foi o Banco do Brasil, com alta de 6,95%, a R$ 30,43. Na véspera, o papel tombou 11,64% com temores de ingerência do governo no banco e saída do presidente André Brandão.
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