O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou não estar preocupado com o novo recorde de cotação do dólar, que fechou nesta segunda-feira (25) em R$ 4,215, e acrescentou que é bom o país se acostumar com o elevado patamar da moeda estrangeira ainda por um bom tempo.
Na avaliação de Guedes, a alta do dólar é reflexo de uma mudança na política econômica brasileira, com juros mais baixos e câmbio de equilíbrio alto, que ainda não foi compreendida pela maior parte da população.
Segundo o ministro, a principal consequência do câmbio flutuante hoje será o aumento das importações e a queda das exportações brasileiras.
"O dólar está alto. Qual o problema? Zero. Nem inflação ele [dólar alto] está causando. Vamos importar um pouco mais e exportar um pouco menos", afirmou o ministro nesta segunda em Washington. "É bom se acostumar com juros mais baixos por um bom tempo e com o câmbio mais alto por um bom tempo."
A cotação do dólar subiu 0,50% nesta segunda e fechou a R$ 4,2150, novo recorde nominal desde a criação do Plano Real.
O recorde anterior era da segunda-feira passada (18), quando a moeda foi a R$ 4,2070 e superou a marca anterior, de R$ 4,197, no período eleitoral de 2018.
Para Guedes, é "normal" que países que tenham maior controle fiscal exerçam uma política monetária mais frouxa e, consequentemente, enfrentem um câmbio de equilíbrio alto, o que, na sua avaliação, vai gerar movimento interessante para a volta do investimento no país.
Os investidores estrangeiros têm adiado suas apostas no Brasil porque, apesar do discurso de reformas do governo, que agrada ao mercado financeiro, ainda não houve reflexos nos índices de crescimento do país. Este ano, o Produto Interno Bruto (PIB) ficou abaixo de 1% e a previsão para 2020 é 2%.
Questionado se o aumento constante da cotação da moeda estrangeira é confortável para o Brasil, Guedes respondeu que "quem vai responder isso será a economia." "Se ele [dólar] continuar subindo, não era confortável."
Na capital americana, o ministro participou de reunião do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA, com presença do secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, e vinte empresários, dez de cada país.
O governo Bolsonaro tem interesse em fechar um acordo comercial amplo com os EUA, mas sabe dos obstáculos e interesses políticos para a derrubada de algumas tarifas, como sobre o açúcar, por exemplo.
Por isso, diplomatas brasileiros em Washington afirmam que é preciso trabalhar em outras frentes, com medidas de facilitação de negócios, consideradas um passo anterior à abertura formal das tratativas de um acordo mais abrangente entre os dois países. A reunião dos altos executivos brasileiros e americanos foi uma das ações neste sentido.
No entanto, Guedes não detalhou nenhuma medida concreta que tenha saído do encontro, além do anúncio do início da fase de teste para a participação do Brasil no programa Global Entry, que facilita a entrada de viajantes frequentes e pré-aprovados nos EUA, mas não os isenta de visto.
A implementação efetiva do programa, porém, ainda não tem data definida.
A reativação do fórum foi estabelecida durante a visita de Bolsonaro a Washington, em março. Ali ficou estabelecido quais seriam os participantes de cada país e que um encontro formal seria feito no segundo semestre do ano. Do lado dos EUA, há representantes da Baxter International, Dow Silicones, Vermeer Corporation, entre outras; do brasileiro, participam Natura, Votorantim, Embraer e Gerdau, por exemplo.
A semana escolhida para a reunião, porém, foi a do feriado de Thanksgiving, importante no calendário dos americanos e, portanto, bastante esvaziada em Washington. O Congresso entrou de recesso na sexta-feira (23) e só voltará às atividades no início de dezembro.
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