A Argentina anunciou na sexta-feira (24) à noite que irá deixar de participar das negociações de acordos comerciais do Mercosul, com a exceção dos dois mais importantes em andamento, o da União Europeia e com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta).
O governo afirmou que essa decisão se deve ao fato de que a prioridade argentina agora é o combate ao coronavírus e às emergências econômicas internas causadas pela pandemia. A Argentina encontra-se, neste momento, em fase de negociação de suas dívidas, interna e externa, e realocando fundos para o enfrentamento da doença.
No comunicado enviado ao governo paraguaio, que por ora exerce a presidência pró-tempore do Mercosul, o governo argentino afirma que "não será obstáculo para que os demais países prossigam com seus diversos processos de negociação".
A oposição reagiu de forma dura e pediu que o chanceler, Felipe Solá, compareça na segunda (27), ao Congresso, para apresentar as razões dessa atitude. Segundo o Juntos por el Cambio, bloco liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri, "uma crise global faz com que seja ainda mais necessária a cooperação internacional e a integração regional."
Entre os outros países do bloco, apenas o Uruguai se expressou, por enquanto, por meio de seu chanceler, Ernesto Talvi, que afirmou desejar "um regresso rápido da Argentina à nossa mesa. Juntos somos mais".
A decisão mostra que o distanciamento entre Brasil e Argentina segue ocorrendo. Ambos os países, que têm a seus dois presidentes de costas um para o outro - até hoje, Jair Bolsonaro não conversou com seu par argentino, Alberto Fernández - vêm adotando políticas diferentes com relação ao enfrentamento da pandemia e também têm divergências entre si sobre qual deve ser o papel do Mercosul.
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