Com forte potencial logístico e natural, o Espírito Santo encontra nas indústrias um dos pilares de sua economia e desenvolvimento, sendo o setor um dos maiores empregadores locais, com salários e funções melhores. Apesar dessa força, ainda há muito o que crescer. São vários os segmentos industriais em ascensão de norte a sul Estado que nos próximos anos exigirão profissionais de diferentes níveis de qualificação e atividades.
Esse mapeamento começou a ser feito no planejamento Setores Portadores do Futuro para o Espírito Santo, elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), entidade ligada ao Sistema Findes. De acordo com as regiões do Estado, o planejamento identificou as áreas do setor com mais potencial de crescimento até 2035.
No estudo, foram identificados 11 setores estruturais: Agroalimentar; celulose e papel; confecção, têxtil, e calçados; construção; economia criativa; economia do turismo e lazer; indústria do café; madeira e móveis; metalmecânico; petróleo e gás natural; e rochas ornamentais. Além destes, foram elencados quatro setores transversais (economia digital, energia, infraestrutura e logística, e meio ambiente) e dois considerados emergentes (biotecnologia e nanotecnologia).
Entre as profissões que esses setores vão demandar no futuro, segundo a diretora da Center RH, Eliana Machado, estão áreas que exigem diferentes habilidades e capacitações. Tem setores que exigem engenheiros, arquitetos, químicos, que são funções de nível superior; tem os de nível técnico, como em edificações, meio ambiente, em segurança do trabalho; os que são até acima de nível superior, que exigem especializações; e aqueles de nível mais básico, mas também precisa de alguma qualificação, que é o soldador, o mecânico, o pedreiro etc, explica.
SETORES
De acordo com o diretor executivo do Ideies, Marcelo Saintive, os setores citados no planejamento são os que têm potencial de melhor se desenvolver no Espírito Santo. Para chegar a essa conclusão, o estudo aglutinou as regiões do Estado em cinco grandes regionais: a Metropolitana, a Sul (com as regiões Litoral Sul, Centro-Sul e Caparaó), Serrana (Centro-Serrana e Sudoeste-Serrana), Central (Centro-Oeste, Centro-Leste e Litoral Centro-Norte) e Norte (Centro-Norte, Nordeste e Noroeste).
Fazemos painéis em cada região, reunindo especialistas, acadêmicos, governo e industriais, traçando esse diagnóstico dos setores. Agora estamos na segunda etapa, que é a partir desse planejamento, traçar as ações de curto, médio e longo prazos que serão necessárias para, de fato, esses setores se desenvolverem. Entre esses pontos está identificar as ações necessárias, como capacitar mão de obra, por exemplo, contou Saintive.
Uma das razões do planejamento é justamente estimular a instalação de indústrias no interior, levando desenvolvimento e oportunidades para todo o Estado.
SETORES EM ASCENSÃO, REGIÕES E PROFISSÕES
Indústria agroalimentar
Regionais: Em todas.
Profissões demandadas: Engenheiros agrícolas, de alimentos e de produção; nutricionistas, agrônomos, veterinários, bioquímicos, técnicos em segurança alimentar.
Celulose e papel
Regionais: Serrana, Norte e Central.
Profissões demandadas: Engenheiros químicos, ambientais, florestais, bioquímicos, mecânicos e de automação.
Indústria têxtil
Regionais: Central, Norte e Sul.
Profissões demandadas: Costureiros, designers de moda, técnicos em confecções e produção de moda, engenheiros têxteis.
Construção
Regionais: Em todas.
Profissões demandadas: Técnicos em edificações, arquitetos, engenheiros civis e elétricos, marceneiros, pedreiros, carpinteiros, eletricistas, auxiliares de obras.
Economia criativa
Regionais: Metropolitana, Norte, Sul e Serrana.
Profissões demandadas: Publicitários, artistas visuais, artesãos, designers gráficos, de interiores, de moda e joias.
Lazer e turismo
Regionais: Em todas.
Profissões demandadas: Técnicos em turismo, turismólogos, tradutores, recepcionistas, camareiros.
Indústria do café
Regionais: Metropolitana, Central, Norte e Serrana.
Profissões demandadas: Engenheiros agrícolas, de alimentos e químicos, técnicos agrícolas, degustadores e classificadores de café.
Indústria moveleira
Regionais: Serrana, Norte e Central.
Profissões demandadas: Engenheiros de produção, designers de interiores, projetistas.
Metalmecânico
Regionais: Metropolitana, Norte e Central.
Profissões demandadas: Soldador, técnico em mecânica e em eletromecânica, caldeireiro, técnico em estruturas metálicas, engenheiros mecânicos, de controle e automação, industriais e de mecatrônica.
Petróleo e gás
Regionais: Sul, Norte, Central e Metropolitana.
Profissões demandadas: Sondadores, operadores de robôs, engenheiros de petróleo, de automação e ambientais; geólogos, químicos, soldadores, técnicos ambientais, biólogos, mergulhadores.
Rochas ornamentais
Regionais: Norte, Sul, Central e Metropolitana.
Profissões demandadas: Beneficiadores de mármore e granito, técnicos em logística, marmorista.
Fontes: Setores e regiões - estudo do Ideies/Profissões - especialistas em RH e consultores industriais
QUALIFICAÇÃO PODE SER FEITA NA EMPRESA
Para estar preparado para as oportunidades que o setor industrial capixaba vai criar nos próximos anos, é preciso se qualificar. E buscar essa formação inclui a requalificação de profissionais que já estão empregados e aqueles que precisam de capacitação para ingressar em novas oportunidades no mercado. No entanto, em alguns setores, os cursos são oferecidos pelas próprias empresas.
Segundo o consultor da DVF Consultoria e Educação Empresarial, Durval Vieira Freitas, a formação básica é essencial, mas o profissional não precisa ir preocupado em ter que chegar pronto, já que as formações mais avançadas são disponibilizadas pelas indústrias para capacitar para uma atividade específica.
Setores como o metalmecânico e de petróleo e gás, por exemplo, precisam de formação básica. Tem que entender de matérias, processos, de automação, mas não precisa chegar pronto. Ter essa base técnica já é algo importante que vai dar maior facilidade para encontrar um emprego, afirma Durval, que exemplifica:
Já dentro da empresa esse profissional vai ter uma especialização dependendo do que ele vai exercer. O profissional pode ser um mecânico, mas na empresa ele pode fazer um curso e ser operador de guindastes, um soldador ou mesmo um sondador, que é aquela pessoa que trabalha na sonda para perfurar e sondar se vai encontrar ou não petróleo em um poço, explica.
A diretora da Center RH, Eliana Machado, também comentou sobre a qualificação oferecida pelas empresas. Algumas empresas estão buscando parcerias para formar e capacitar por entenderem que isso é fundamental para algumas atividades. Um eletricista ou mesmo um técnico em elétrica que não tenha uma capacitação específica que é exigida no mercado não consegue emprego, destaca.
A especialização, no entanto, não tira a necessidade da qualificação, que é ofertada, por exemplo, no Senai. É preciso ter essa qualificação, que é fundamental para a inserção no mercado de trabalho, e ir se posicionando de acordo com o que o mercado está precisando. Por isso é importante, antes de se qualificar, ver qual é a demanda por mão de obra na sua região, comenta Priscila Marques Carneiro, diretora de Educação de Sesi e Senai.
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