O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta terça-feira (1º) que conceder um aumento maior no salário mínimo geraria demissões e condenaria pessoas ao desemprego. Segundo o ministro, é preciso "ter cuidado" com a hora para fazer esse tipo de ajuste.
O governo entregou na segunda (31) o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021, com reajuste na previsão do salário mínimo do ano que vem. A projeção é de R$ 1067, ajustado apenas pela inflação deste ano. O valor é R$ 12 inferior à projeção de abril, que previa R$ 1079.
"Você está no meio de uma crise de emprego terrível, todo mundo desempregado. Se você dá um aumento de salário, você vai condenar as pessoas ao desemprego. Então, nós temos que ter cuidado."
Em audiência pública com a comissão mista do Congresso que acompanha as ações do governo no combate à pandemia, Guedes afirmou que o aumento do salário mínimo virou um problema por ter se tornado base para reajustes. Segundo ele, o governo estava "quebrado" e os reajustes reforçavam a desigualdade.
"O grande problema é que o salário mínimo, que era um instrumento de proteção do trabalhador do mercado formal, acabou virando base inclusive para reajuste. Uma pessoa que ganhava R$ 30 mil, por exemplo, de aposentadoria, quando você mexia no salário mínimo, você tinha que empurrar também toda essa estrutura para cima. Você estimula a desigualdade"
O ministro também se explicou sobre a declaração após o Senado ter votado para derrubar o veto que permitiria que salários de alguns setores do serviço público em agosto. Após a derrota do governo, Guedes disse que "pegar dinheiro de saúde e permitir que se transforme em aumento de salário para o funcionalismo é um crime contra o país".
Guedes disse que não teve a intenção de ofender o Senado ou os senadores, mas que sua crítica era à qualidade do voto. Ele também afirmou que se sentiu abandonado após firmar os acordos para a votação do projeto no Congresso.
"O que os senhores ouviram foi o lamento de uma pessoa, a decepção de uma pessoa, depois de acordos públicos entre o Senado, a Câmara e a presidência. Eu me senti absolutamente abandonado e isolado."
"Então, eu peço a compreensão de todos os senadores, inclusive amigos meus que votaram contra e depois exigiram que eu fosse ao Senado para me desculpar. Eu não tenho problema nenhum de ir ao Senado, mas, com a maior sinceridade do mundo, eu não vejo em que eu tenha ofendido qualquer Senador ou o Senado em si. Eu me referi ao voto. Depois de acordos públicos, aquilo foi uma decepção para mim", se explicou.
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