BRASÍLIA - O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central não cedeu à pressão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para redução dos juros e manteve nesta quarta-feira (22) a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano.
Essa é a quinta vez consecutiva — a segunda desde que Lula tomou posse — que os juros são mantidos no atual patamar, o maior desde 2016.
A decisão do comitê veio em linha com a projeção consensual do mercado financeiro de que os juros ficariam inalterados novamente. Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que essa era a expectativa unânime entre os analistas consultados.
Desde o último encontro, os temores com uma crise de crédito se intensificaram diante de turbulências provocadas no ambiente internacional pela falência do SVB (Silicon Valley Bank), nos EUA, e pela crise do Credit Suisse, na Europa, em um cenário de desaceleração da economia doméstica com uma política de juros altos.
O desenho da nova regra fiscal que substituirá o teto de gastos — mecanismo que limita o crescimento das despesas públicas à inflação registrada no ano anterior —, é outro assunto que continua em aberto. Nesta terça-feira (21), Lula afirmou que o anúncio do marco fiscal ficará para abril, quando voltar de viagem à China.
Diante de incertezas fiscais e de ruídos gerados por falas de Lula e do primeiro escalão do governo — incomodados com o alto patamar da Selic e seus efeitos sobre o crescimento da economia brasileira —, as expectativas de inflação de analistas do mercado financeiro para prazos mais longos pioraram.
Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira (20), a projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2024 avançou de 4,02% para 4,11% — já distante do centro da meta (3%).
Para 2025, a estimativa dos economistas saiu de 3,80% para 3,90% e, para 2026, saltou de 3,79% para 4,00%.
Com 2024 na mira, o colegiado do BC volta a se reunir nos dias 2 e 3 de maio para recalibrar o patamar da taxa básica.
O ciclo de alta de juros foi interrompido em setembro de 2022 pelo Copom depois de aplicar o mais agressivo choque desde a adoção do sistema de metas para inflação, em 1999.
Foram 12 aumentos consecutivos entre março de 2021 e agosto do ano passado, com elevação de 11,75 pontos percentuais. A taxa básica saiu de seu piso histórico (2%) até atingir o nível atual de juros.
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