O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostrou preocupação com a saída de capitais estrangeiros do país em razão da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
A declaração foi feita durante reunião com o setor agrícola nesta quinta-feira (14),
Segundo apresentação feita por Campos Neto aos participantes, publicada no site do BC, o Brasil é um dos mais afetados com a fuga de investidores a ativos mais seguros durante a crise.
Em consequência, o real foi a moeda mais desvalorizada entre economias desenvolvidas e emergentes desde o início do ano, com queda de 31,9%.
Quando há crise, investidores buscam ativos mais seguros, com baixa volatilidade, e aplicam em títulos americanos.
Assim, as outras moedas, principalmente de países emergentes, tendem a se desvalorizar.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e representantes do setor agrícola participaram da reunião por videoconferência, organizada pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Campos Neto ressaltou também que o crescimento do risco já se reflete no mercado de juros.
Em gráfico, mostrou que o CDS (Credit Default Swap) brasileiro aumentou em 232,8 pontos desde o início do ano. O indicador é um termômetro nível de risco dos títulos do país.
O cenário apresentado pelo presidente do BC aos representantes do setor agrícola é de forte recessão. Ele destacou que o mercado já prevê queda de mais de 4% no PIB (Produto Interno Bruto).
O governo nesta quarta-feira (13) revisou o PIB, com queda de 4,7% neste ano. Antes, a previsão era de alta de 0,02%.
Em contrapartida, Campos Neto ressaltou que o Brasil foi o país que mais injetou liquidez no sistema financeiro, com 16,7% do PIB, e ficou em segundo lugar em suporte ao crédito, com 16,5% do PIB, atrás da Argentina, com 18,3%.
A apresentação do presidente do BC trouxe dados de concessão de novos créditos entre 16 de março (data do endurecimento de medidas de restrição e de isolamento) e 8 de maio.
Os números mostram que dos R$ 378,1 bilhões emprestados no período, R$ 216,9 bilhões (57,36%) foram para grandes empresas.
Do total de novos financiamentos, apenas 20,2%, o equivalente a R$ 76,5 bilhões, saíram de bancos públicos.
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