O Banco Central (BC) avaliou que a inflação subiu mais do que o esperado nos últimos meses, e isso está relacionado com a alta dos alimentos. Para o banco, trata-se de um choque temporário nos preços. As informações foram divulgadas pelo jornal o Globo nesta terça-feira (3).
De acordo com a Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juros em 2%, o BC listou alguns motivos para o aumento da inflação, com a continuidade da alta de preços de alimentos e bens industriais, elevação de preços das commodities e dos programas de transferência de renda.
Apesar do banco considerar que o choque deve ser temporário, o Copom diz monitorar a situação com atenção.
Por um lado, a normalização parcial dos preços ainda deprimidos deve continuar, em um contexto de recuperação dos índices de mobilidade e do nível de atividade. Por outro lado, espera-se a reversão na elevação extraordinária dos preços de alguns produtos, afetados por redução provisória na oferta em conjunção com um aumento ocasional na demanda, esclarece.
O Copom analisa ainda que há uma retomada econômica desigual entre os setores da economia. E os mais afetados são os dos setores de serviços. Logo, devem continuar apresentando ociosidade maior do que os demais.
"O Comitê concluiu que a natureza da crise provavelmente implica que pressões desinflacionárias provenientes da redução de demanda podem ter duração maior do que em recessões anteriores", comunica.
Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o índice oficial de preços - em 2020 e 2021. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta terça-feira (3), pelo BC mostra que a mediana neste ano foi de alta de 2,99% para 3,02%. Há um mês, estava em 2,12%. A projeção para o índice em 2021 foi de 3,10% para 3,11%. Quatro semanas atrás, estava em 3,00%.
O relatório Focus trouxe ainda a projeção para o IPCA em 2022, que seguiu em 3,50%. No caso de 2023, a expectativa permaneceu em 3,25%. Há quatro semanas, essas projeções eram de 3,50% e 3,25%, nesta ordem.
A projeção dos economistas para a inflação já está bem abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,50% a 5,50%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%), enquanto o parâmetro para 2023 é inflação de 3,25%, com margem de 1,5 ponto (de 1,75% a 4,75%).
Em 9 de outubro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação de setembro foi de 0,64%. Em 12 meses, a taxa acumulada está em 3,14%.
Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do IPCA no médio prazo, denominadas Top 5, a mediana das projeções para 2020 foi de 2,91% para 2,92%. Para 2021, a estimativa do Top 5 permaneceu em 3,27%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de 2,23% e 3,20%, respectivamente.
No caso de 2022, a mediana do IPCA no Top 5 permaneceu em 3,50%, ante 3,48% de um mês atrás. A projeção para 2023 no Top 5 seguiu em 3,38%, ante 3,50% de quatro semanas antes.
A projeção mediana para o IPCA de 2020 atualizada com base nos últimos 5 dias úteis foi de 3,04% para 3,14%. Houve 33 respostas para esta projeção no período. Há um mês, o porcentual calculado estava em 2,23%. No caso de 2021, a projeção do IPCA dos últimos 5 dias úteis subiu de 3,08% para 3,30%. Há um mês, estava em 3,02%. A atualização no Focus foi feita por 33 instituições.
Os economistas do mercado financeiro elevaram a previsão para o IPCA em outubro de 2020, de alta de 0,75% para avanço de 0,79%. Um mês antes, o porcentual projetado indicava alta de 0,40%.
Para novembro, a projeção no Focus foi de alta de 0,35% para 0,36% e, para dezembro, passou de alta de 0,51% para 0,52%. Há um mês, os porcentuais indicavam elevações de 0,25% e 0,40%, nesta ordem. No Focus desta terça, a inflação suavizada para os próximos 12 meses foi de alta de 3,56% para 3,52% de uma semana para outra - há um mês, estava em 3,24%.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para a Selic (a taxa básica da economia) no fim de 2020. O Relatório de Mercado Focus trouxe nesta terça-feira que a mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2,00% ao ano. Há um mês, estava no mesmo patamar.
A projeção para a Selic no fim de 2021 se manteve em 2,75% ao ano, ante 2,50% de quatro semanas atrás. No caso de 2022, a projeção seguiu em 4,50% ao ano, igual a um mês antes. Para 2023, ficou em 6,00%, ante 5,50% de quatro semanas atrás.
Na semana passada, ao manter a Selic em 2,00% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse que "a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno".
No grupo dos analistas que mais acertam as projeções de médio prazo no Focus (Top 5) a mediana da taxa básica em 2020 seguiu em 2,00% ao ano, igual a um mês antes. No caso de 2021, permaneceu em 2,00% ao ano, igual a quatro semanas atrás. A projeção para o fim de 2022 no Top 5 permaneceu em 4,00%. Há um mês, estava no mesmo patamar. No caso de 2023, passou de 4,75% para 4,63, ante a mesma taxa de quatro semanas antes.
Os economistas do mercado financeiro mantiveram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a economia este ano permaneceu em retração de 4,81%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 5,02%. Para 2021, o mercado financeiro mudou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de alta de 3,42% para crescimento de 3,34%. Quatro semanas atrás, estava em 3,50%.
No Focus divulgado, a projeção para a produção industrial de 2020 foi de queda de 5,90% para retração de 5,74%. Há um mês, estava em baixa de 6,30%. No caso de 2021, a estimativa de crescimento da produção industrial foi de 4,00% para 4,27%, ante 4,53% de quatro semanas antes.
A pesquisa Focus mostrou ainda que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2020 passou de 67,74% para 67,40%. Há um mês, estava em 67,55%. Para 2021, a expectativa permaneceu em 70,00%, ante igual porcentual de um mês atrás.
O Relatório de Mercado Focus trouxe ainda a manutenção na projeção para o resultado primário do governo em 2020. A relação entre o déficit primário e o PIB este ano seguiu em 12,00%. No caso de 2021, foi de 3,10% para 3,00%. Há um mês, os porcentuais estavam em 12,05% e 3,00%, respectivamente.
Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2020 passou de 15,80% para 15,70%, conforme as projeções dos economistas do mercado financeiro. Para 2021, foi de 6,87% para 6,75%. Há quatro semanas, estas relações estavam em 15,70% e 6,50%, nesta ordem.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Os avanços nas projeções nos últimos meses refletem a expectativa de que, com o aumento das despesas do governo durante a pandemia do novo coronavírus, o País terá um cenário fiscal ainda mais difícil.
Os economistas do mercado financeiro alteraram a projeção para a balança comercial em 2020 na pesquisa Focus, de superávit comercial de US$ 58,00 bilhões para US$ 58,70 bilhões. Um mês atrás, a previsão era de US$ 57,49 bilhões. Para 2021, a estimativa de superávit seguiu em US$ 55,00 bilhões. Há um mês, estava no mesmo patamar.
No caso da conta corrente do balanço de pagamentos, a previsão contida no Focus para 2020 permaneceu em déficit de US$ 3,80 bilhões, ante déficit de US$ 6,81 bilhões de um mês antes. Para 2021, a projeção de rombo passou de US$ 17,00 bilhões para US$ 18,50 bilhões. Um mês atrás, o rombo projetado era de US$ 17,00 bilhões.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o resultado deficitário nestes anos. A mediana das previsões para o IDP em 2020 seguiu em US$ 50,00 bilhões. Há um mês, estava em US$ 51,26 bilhões. Para 2021, a expectativa permaneceu em US$ 65,00 bilhões, ante igual estimativa de um mês antes.
O Relatório de Mercado Focus mostrou alteração no cenário para a moeda norte-americana em 2020. A mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano foi de R$ 5,40 para R$ 5,45, ante R$ 5,25 de um mês atrás. Para 2021, a projeção dos economistas do mercado financeiro para o câmbio permaneceu em R$ 5,20 ante R$ 5,00 de quatro pesquisas atrás.
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