A reunião da Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro terminou com anúncio da criação de um fundo de R$ 50 bilhões para investimentos em integração logística entre os países da América do Sul. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) se comprometeu com R$ 15 bilhões.
Os recursos serão destinados a cinco rotas de integração propostas pelo Brasil após conversas com países vizinhos.
Quatro delas ligarão regiões brasileiras produtoras de grãos a portos no Pacífico. A quinta liga Estados da região Norte a Venezuela e Guiana, que hoje vivem uma crise diplomática.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, chamou o projeto de PAC da Integração, em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. Disse que, do lado brasileiro, todas as obras já têm recursos assegurados.
"Não tenho dúvida que das maiores riquezas que podemos ter na América do Sul é nossa convivência pacifica e nossa identidade", afirmou. "Passou da hora de fazermos a verdadeira integração regional da América do Sul."
Segundo ela, duas das cinco rotas podem ser concluídas até 2026. Uma delas, que liga o Rio Grande do Sul ao Chile via Uruguai e Argentina, já está pronta, mas precisa de melhorias. A outra seria uma rota ligando Mato Grosso e Paraná também ao Chile, via Paraguai e Bolívia.
O projeto envolve, além do BNDES, o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Caribe), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco de Desenvolvimento Fonplata (Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Plata).
BNDES, CAF e BID se comprometeram inicialmente com R$ 15 bilhões, cada. O governo anunciou que o Fonplata daria R$ 5 bilhões, mas o banco só pode garantir R$ 3 bilhões. A parte restante acabou sendo assumida pelo BID ainda durante o evento de anúncio do programa.
O presidente do banco brasileiro, Aloizio Mercadante, disse que o grupo vai buscar novos financiadores. O BNDES, afirmou, financiará apenas trechos brasileiros das rotas, deixando os trechos internacionais para os outros bancos de fomento.
Segundo ele, os trechos brasileiros são projetos que já estão em análise no banco. Ao todo, o programa contempla 124 obras no Brasil.
Mercadante destacou que o volume de exportações do Brasil para a América do Sul é superior ao de vendas para os Estados Unidos. As vendas para a América Latina, comparou, são equivalentes às para a União Europeia.
"Faz todo o sentido o Brasil desempenhar um grande esforço histórico para impulsionar a integração."
Em nota, o Ministério do Planejamento disse que o programa oferecerá apoio tanto por meio da disponibilidade de linhas de financiamento como por meio da estruturação de projetos.
A iniciativa também poderá promover o financiamento de projetos de integração nas áreas social, ambiental e institucional.
Tebet destacou que 11 estados brasileiros serão beneficiados e, que além da economia, a integração incentivará também o turismo entre os países da região. "Rotas de integração nacional são sonhos de quatro ou cinco décadas", afirmou.
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