Depois de quatro sessões seguidas de ganhos, a Bolsa brasileira fechou em queda de 1,19%, a 97.761 pontos nesta terça-feira (7). O Ibovespa operou em leve queda durante toda a manhã, mas aprofundou perdas depois que o presidente Jair Bolsonaro afirmou ter testado positivo para o coronavírus, por volta de 12h15. Na mínima, às 13h40, a Bolsa chegou a cair 1,7%.
O dólar que chegou a cair 1% pela manhã, inverteu o sinal e fechou em alta de 0,630%, a R$ 5,3860. Dentre emergentes, o real foi a quarta moeda que mais se desvalorizou na sessão. O turismo está a R$ 5,67.
"O mercado se preocupa com a possível perda do líder eleito. E não foi só o Bolsonaro que foi eleito, foi o Paulo Guedes também", diz Jorge Junqueira, sócio da Gaus Capital.
O ministro da Economia esteve com o presidente nos últimos dias.
"Não vejo nenhuma mudança estrutural com o presidente contaminado. Hoje foi mais uma realização de lucros na Bolsa. Mesmo que o Guedes pegue, não é motivo para o mercado entrar em pânico", diz Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.
Segundo analistas, a queda da Bolsa também foi um reflexo das críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), aos juros do cartão de crédito e cheque especial.
Em transmissão ao vivo da Genial Investimentos na manhã desta terça, Maia disse ser contra o tabelamento de taxas de juros nesses produtos, mas defendeu que eles passem por uma reformatação.
Ele referiu-se ao cheque especial como uma "extorsão" ao cidadão e defendeu o seu fim, com a criação de um produto substituto.
As ações dos bancos tiveram forte queda após a declaração. Os papéis do Itaú recuaram 4,9%, a R$ 26,37. As ações preferenciais do Bradesco cederam 4,15%, a R$ 21,71. As ordinárias, 4%, a R$ 19,88. O Santander recuou 4,35%, a R$ 28,53, e o Banco do Brasil, 4%, a R$ 33,28. Maia também disse que a privatização dos bancos públicos não é uma agenda do Palácio do Planalto.
O presidente da Câmara informou ainda que fará um exame de sangue, já que esteve com Bolsonaro há seis dias.
Maia minimizou o impacto político da doença de Bolsonaro, e disse acreditar que ele continuará suas atividades à distância.
Ainda pesou para a aversão a risco no Brasil o viés negativo do exterior. A Comissão Europeia projeta uma recessão mais profunda do que anteriormente esperado para a zona do euro neste ano e uma recuperação mais fraca em 2021.
A nova expectativa divulgada nesta terça é que o bloco de 19 países terá contração recorde de 8,7% este ano antes de crescer 6,1% em 2021. No início de maio, a Comissão havia projetado recuo de 7,7% em 2020 e crescimento de 6,3% em 2021.
A Comissão disse que revisou suas projeções porque a suspensão das medidas de contenção da Covid-19 nos países da zona do euro está acontecendo com menos rapidez do que se previa inicialmente.
Para França, Itália e Espanha, é esperado contração de mais de 10% este ano para cada um deles.
Para a Alemanha, maior economia da zona do euro, a estimativa foi reduzida de queda de 6,5% para 6,3%.
Além da piora na maior parte das projeções, investidores repercutiram um dado pior que o esperado na Alemanha. A produção industrial do país cresceu 7,8% em maio, contra uma expectativa de 11% do mercado.
O índice europeu Stoxx 600, que reúne 600 companhias da região, caiu 0,6%. Nos Estados Unidos, onde os casos de coronavírus seguem aumentando, S&P 500 caiu 1,08%, Dow Jones, 1,51% e Nasdaq, 0,86%.
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