Com variação de pouco mais de mil pontos entre a mínima e a máxima da sessão, o Ibovespa conseguiu recuperar a linha dos 99 mil pontos nesta quarta-feira (14) mantida no fechamento, apesar do desempenho negativo em Nova York. Em dia de vencimento de opções e do índice futuro reforçando o volume, o Ibovespa encerrou em alta de 0,84%, aos 99.334,43 pontos, entre 98.501,44 e 99.570,80 pontos ao longo da sessão, com giro financeiro a R$ 45,7 bilhões. No mês, os ganhos chegam agora a 5%, com perdas no ano a 14,10%. Na semana, o desempenho do Ibovespa (+1,90%) supera até aqui o do melhor índice de NY no período, o Nasdaq (+1,63%).
Novas declarações de autoridades americanas, à tarde, contribuíram para deixar Wall Street no vermelho nesta quarta-feira, pelo segundo dia. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que entendimento sobre novo pacote fiscal permanece distante, e difícil de alcançar antes da eleição de novembro, enquanto o presidente Donald Trump voltou a responsabilizar os adversários pela falta de avanço. "Os democratas apenas querem dinheiro para socorrer estados governados por eles", reiterou Trump.
Com as declarações, e a piora do humor em NY, o Ibovespa oscilou para baixo dos 99 mil pontos, mas não demorou muito para recuperar a marca. O sentimento no exterior também se deteriorou com a adoção de novas restrições, como toque de recolher em cidades da França, em meio à segunda onda de Covid-19 na Europa.
Ao final, os ganhos na B3 se mostraram menos disseminados do que o observado mais cedo, com desempenho misto em commodities (Vale ON +1,38% e Petrobras PN -0,79%, apesar de alta de 2% no Brent) e bancos (Santander + 1,23% e Itaú PN -0,29%), o que não impediu que o índice fechasse não distante da máxima da sessão. Na ponta do Ibovespa, JBS subiu 9,20%, à frente de PetroRio (+8,02%) e de Rumo (+5,52%), enquanto, na face oposta, Hering cedeu hoje 2,22%, seguida por Lojas Americanas (-1,98%), Lojas Renner (-1,78%) e Magazine Luiza (-1,58%), que havia sido a segunda maior alta do dia anterior, com foco no desdobramento da ação, nesta quarta-feira.
"Setores associados à demanda por consumo, como carnes e varejo, têm mostrado bom desempenho, o que reflete um cenário de atividade mais favorável. Já se fala em falta de produtos, como geladeiras, para datas fortes do comércio, como a Black Friday", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor. "Hoje, no vencimento do índice, teve uma virada de mão, com os comprados se sobrepondo aos vendidos. O Ibovespa saiu de 105 mil no melhor momento da recuperação, chegando aos 93 mil e, acima dos 95 mil, voltou a se ver disposição melhor para compras. Mas há muita indefinição ainda, sobre quando se terá vacina da Covid e, aqui, sobre a situação fiscal", aponta Santos.
A relativa tranquilidade no cenário doméstico, sem novos ruídos na política e na condução do fiscal, contribui para que os investidores voltem a mostrar algum apetite por ações, com definições essenciais, como o renda Cidadã, tendo sido adiadas para depois das eleições municipais. Assim, em alta pelo segundo dia, o Ibovespa manteve hoje o maior nível de fechamento desde 17 de setembro (100.097,83 pontos) e, no intradia, o melhor desde o dia 18 do mesmo mês (100.101,91).
"Pelo lado gráfico, o Ibovespa superou ontem uma importante marca, de 98,4 mil pontos, o que abre um canal de alta que pode levá-lo aos 101 mil ou mesmo aos 103 mil pontos. O mercado está muito concentrado no curto prazo e o retorno do estrangeiro em outubro, com ingressos líquidos de recursos na B3 nos dias 7, 8 e 9, contribui para alavancar este movimento", observa Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
"Pelo lado dos fundamentos, os últimos dados sobre varejo e serviços contribuem para firmar percepção de uma retomada melhor do que se antevia, o que é reforçado pela flexibilização das medidas restritivas nos estados. Os dados contribuem também para uma boa expectativa para os balanços do terceiro trimestre, que começam a chegar amanhã, com CSN", acrescenta.
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