O Ibovespa iniciou o novo mês com desempenho superior ao de Nova York, estendendo o padrão diário de idas e vindas que tem essencialmente trancado o índice na faixa estreita de 95-96 mil pontos desde a segunda quinzena de junho, nos melhores momentos chegando a superar a marca de 97 mil no intradia, mas sem conseguir sustentá-la nos fechamentos - isoladamente, no último dia 8, foi aos 97.644,67 naquele encerramento, o melhor desde 6 de março (97.996,77 pontos). Ainda assim, mesmo com a perda de fôlego observada nas últimas semanas, foi o melhor mês de junho desde o ano 2000, quando o Ibovespa registrou ganho de 11,84% no período.
Nesta quarta-feira, com nova rodada de otimismo sobre a possibilidade de vacina contra Covid-19 e de recepção positiva a novos dados de emprego nos EUA, o Ibovespa fechou em alta de 1,21%, aos 96.203,20 pontos, tendo oscilado entre mínima de 95 061,62 e máxima de 96.851,75 pontos, com giro financeiro a R$ 28,1 bilhões. Na semana, avança agora 2,52% e limita as perdas do ano a 16,81%. O dia foi de retomada do apetite por risco, com o dólar spot em baixa de 2,24% no fechamento e o CDS de cinco anos do Brasil no menor nível desde 10 de junho, no começo da tarde.
Após ganhos de 8,76% em junho, de 8,57% em maio e de 10,25% em abril, a extensão da retomada desde o tombo de 29,90% em março segue como questão-chave para os investidores, em um contexto de disponibilidade de liquidez no mundo e de Selic em mínima histórica no Brasil - como pano de fundo, incerteza quanto ao grau de retomada da atividade em meio à possibilidade de uma segunda onda do novo coronavírus.
"O mercado está otimista com a questão da vacina e a retomada da economia, mas deve seguir volátil até que haja mais clareza quanto a uma segunda onda, ou não, de Covid, e o efeito que poderá ter sobre a reabertura das economias", diz Márcio Gomes, analista da Necton. "O viés é de alta, mas no curto prazo o índice deve permanecer entre os 93 e 98 mil, em uma faixa de volatilidade de 4,5%, até que surja uma novidade mais forte, seja para subir ou para corrigir", acrescenta.
Chegando aos 98 mil, o passo seguinte seria atingir a linha de 100 mil, perdida no início de março - um desdobramento mais concreto sobre eventual vacina seria um bom indutor, aponta Gomes. Por outro lado, caso a segunda onda de Covid-19 se materialize, o Ibovespa tenderia para o suporte de 90 mil pontos que, uma vez perdido, encaminharia o índice da B3 para os 85 mil, observa o analista da Necton.
Em meio à busca dos investidores por retorno, em um cenário global de juros negativos ou de taxas reais próximas a zero, o Instituto Internacional de Finanças (IIF) informou hoje que o fluxo de capital externo para emergentes bateu em US$ 32 bilhões em junho, de US$ 3,5 bilhões em maio, na mais recente indicação de que o pior da aversão a risco pode ter ficado para trás. Outro desdobramento positivo foi a notícia de que a vacina experimental contra o novo coronavírus desenvolvida pela Pfizer em parceria com a BioNTech apresentou importantes respostas imunes em adultos saudáveis entre 18 e 55 anos.
Desde o exterior, o mercado também reagiu bem aos dados sobre o emprego no setor privado dos EUA em junho - na quinta-feira, será a vez dos dados oficiais sobre a geração de vagas e a taxa de desemprego na economia americana. De acordo com pesquisa mensal da ADP, foram criadas 2,369 milhões de vagas no setor privado em junho, um pouco abaixo do consenso, de 2,5 milhões. Mas o dado de maio foi muito revisado, de fechamento de 2,76 milhões de vagas para abertura de 3,065 milhões, o que animou os investidores.
Na B3, após o desempenho negativo do segmento no dia anterior, as ações de bancos tiveram recuperação nesta quarta-feira, liderada por Banco do Brasil ON (+2,86%). As ações de commodities tiveram desempenho misto, com Petrobras PN em alta de 0,74% e a ON, praticamente estável (+0,09%), enquanto Vale ON cedeu 2,47%. Na ponta do Ibovespa, destaque para Cyrela (+7,53%), Cosan (+5,67%) e Ecorodovias (+5,63%). No lado oposto, IRB cedeu 7,18%, BRF, 3,57%, e Gerdau PN, 3,31%.
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